OSP comemora 25 anos
Era o ano de 1993 quando a Orquestra Sinfónica Portuguesa começava a dar os primeiros passos. Fazia-o num contexto em que, no país — e extinta a Orquestra do São Carlos — não havia um coletivo semelhante. Uma orquestra sinfónica contém muita gente, canaliza um grande investimento. E Portugal pôde então fazê-lo, ao mesmo tempo que, acaso ou não, nascia também o Centro Cultural de Belém. OSP e CCB manteriam uma ligação que até hoje perdura. Uma parceria que se prende com a vertente sinfónica da OSP — a lírica é sobretudo desenvolvida no São Carlos, de que é um dos corpos artísticos. Em 1993, o seu primeiro maestro foi Álvaro Cassuto. Depois vieram o espanhol José Ramón Encinar, o húngaro Zoltán Peskó, a britânica Julia Jones. Desde 2014, o cargo está nas mãos de Joana Carneiro, desde 2009 também diretora musical da Sinfónica de Berkeley. Para a maestrina, “a grande mais-valia da OSP, além da sua excelência musical e humana, é sem dúvida a sua polivalência.
Não existe nenhuma orquestra no país com a nossa vocação polivalente refletida na temporada sinfónica, operática, bailado, concertos de câmara e projetos educativos”. Da mesma forma, a ideia de uma orquestra nacional, financiada pelo Estado, é garantia de que “a música chegue a todos os portugueses, seja através de concertos ou de meios audiovisuais”. “Ainda há muito para fazer — há lugares-chave que temos de preencher e sem dúvida que é urgente encontrar uma solução para a orquestra ter um espaço de ensaios digno e de qualidade”, diz ao Expresso Joana Carneiro, reconhecendo porém que “alguns passos importantes” têm sido dados no que toca à estabilidade da OSP [que esteve muito tempo sem maestro titular] e ao planeamento a médio e longo prazo das programações”. É ela quem dirige o concerto que, amanhã, assinala e celebra o aniversário. Será no CCB, onde vai ouvir-se a estreia absoluta da obra “Cassini — para orquestra sinfónica” do compositor Luís Tinoco, encomendada especialmente para a ocasião, seguida do “Concerto para Violoncelo” de William Walton — com Johannes Moser como solista — e “Assim falou Zaratustra” de Richard Strauss. / Luciana Leiderfarb