OE2019

Frente Comum rejeita “malabarismos financeiros” e exige mudanças na proposta

A estrutura ligada à CGTP espera abertura para negociar algumas reivindicações <span class="creditofoto">Foto ANTÓNIO COTRIM / LUSA</span>

A estrutura ligada à CGTP espera abertura para negociar algumas reivindicações Foto ANTÓNIO COTRIM / LUSA

A Frente Comum exige um “aumento real dos salários e das pensões” em 4% com um mínimo de 60 euros, bem como a atualização do salário mínimo para 650 euros e o descongelamento das progressões sem faseamentos

Texto Lusa

A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública rejeitou esta quinta-feira "malabarismos financeiros" com estes trabalhadores na proposta de Orçamento do Estado para 2019 (OE2019), exigindo que o Executivo aproveite "a derradeira oportunidade" para alterar o documento.

"Não aceitamos que se façam malabarismos financeiros ou económicos para a população e para os trabalhadores em termos de números que não correspondem a nada, que são mentira", disse a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, em conferência de imprensa na sede desta estrutura, em Lisboa.

Segundo a responsável, com a proposta de OE02019, "há aqui uma imagem que o Governo quer dar que não é verdadeira". "A verdade é só uma: inexistência de aumentos salariais na proposta e o que nós queremos é negociar com a nossa proposta", acrescentou.

Em causa está o OE2019 conhecido esta semana e que, segundo o ministro das Finanças, Mário Centeno, estipula uma margem de apenas 50 milhões de euros em 2019 para aumentos de salários da função pública.

Ao mesmo tempo, ainda de acordo com o governante, o documento prevê um total de 800 milhões de euros para aumentos das remunerações na função pública tendo em conta efeitos como descongelamentos das carreiras.

Falando na apresentação da proposta na terça-feira, o governante referiu também que, no próximo ano, se espera um aumento do salário médio da função pública de 3%, o que considerou o "maior incremento salarial na administração pública portuguesa na última década".

Apenas pelos "efeitos de promoções e progressões o salário médio na Função Pública aumenta 68 euros" em 2019, adiantou. Reagindo a este valor médio, a coordenadora da Frente Comum ironizou: "Um dia destes temos de fazer uma fila indiana com os funcionários para pedir ao senhor ministro que lhes dê o aumento".

Já quanto aos 800 milhões de euros referentes aos aumentos devido aos descongelamentos das carreiras, a Frente Comum realçou que "o senhor ministro está a meter no bolo coisas que ainda não pagou". "É uma falácia e uma habilidade financeira para enganar as pessoas", adiantou.

Ainda assim, a estrutura ligada à CGTP, espera abertura para negociar algumas reivindicações. "É o último mandato deste Governo e o Governo PS tem agora uma derradeira oportunidade de fazer aquilo que devia ter sido feito ao longo dos anos, que é repor na totalidade o que os trabalhadores perderam ao longo destes anos", afirmou Ana Avoila.

Segundo a responsável, a atual proposta "é em detrimento dos direitos dos trabalhadores e dos aposentados da administração pública e dos investimentos no sector público", visto que "o Governo opta por continuar a fazer o que tem feito", alocando "milhões e milhões para a banca".

A Frente Comum exige, assim, um "aumento real dos salários e das pensões" em 4% com um mínimo de 60 euros, bem como a atualização do salário mínimo para 650 euros e o descongelamento das progressões sem faseamentos.

Destacando que "há condições de o Governo alterar" a proposta, Ana Avoila disse ainda que, para tal, contribui a "grande greve" de dia 26 de outubro da administração pública.

Política

BE quer acordo por escrito na próxima legislatura: “O compromisso político não é só um problema de oportunidade”

O Bloco de Esquerda foi apanhado de surpresa com as mudanças no sector da Energia, na última remodelação de Governo <span class="creditofoto">Foto Luís Barra</span>

O Bloco de Esquerda foi apanhado de surpresa com as mudanças no sector da Energia, na última remodelação de Governo Foto Luís Barra

Segundo Catarina Martins, a ideia do voto útil ficou “bastante destruída” com as últimas eleições

Texto Expresso

António Costa pode dizer que não precisa nem quer acordos por escrito para uma próxima legislatura, caso o PS não consiga uma maioria absoluta. Marcelo Rebelo de Sousa, ao contrário do que fez Cavaco Silva, até já disse que também não exigirá acordos escritos. O BE, contudo, quer tudo claro, as formalidades cumpridas – e é isso que vai exigir, revela Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, em entrevista ao “Público” e à Rádio Renascença esta quinta-feira.

“No Bloco gostamos de ter as coisas escritas e claras. É óbvio. Fizemos isso em 2015 e no acordo para Lisboa. O compromisso político não é só um problema de oportunidade, de conveniência momentânea. Tem que ter como base compromissos mais vastos, compromissos com o país como o de recuperar as pensões ou baixar o número de alunos por turma ou ter mais manuais gratuitos. Estava escrito e é forte por isso. A clareza é a grande força desta legislatura”, diz a bloquista.

Segundo Catarina Martins, a ideia do voto útil ficou “bastante destruída” com as últimas eleições. “Hoje não há dois partidos ou dois e uma muleta a decidir quem é que pode ter soluções do Governo. Todos os partidos têm a responsabilidade de apresentar soluções de Governo. Quando pusemos no papel as nossas propostas, as pessoas passaram a poder confiar. Isso é legitimar a democracia. A democracia é boa quando é clara”, explica.

MUDANÇAS NO SECTOR DA ENERGIA

O Bloco de Esquerda foi apanhado de surpresa com as mudanças no sector da Energia, na última remodelação de Governo, confessa a líder bloquista. “Ficámos surpreendidos com as mudanças na Energia. Isto porque tinha sido feito um trabalho com o BE e foram dados passos para combater as rendas excessivas da EDP. É bom que a alteração da tutela não seja para recuar no caminho feito”, alerta.

Não se referindo em concreto a João Galamba, o novo secretário de Estado da Energia, Catarina Martins afirma que o importante, neste momento, serão as iniciativas tomadas. “O que vai determinar é se vamos continuar um caminho: vamos cortar nos CMEC? A capacidade política de levar estes processos contra uma empresa que é tão poderosa em Portugal vai determinar a avaliação que se possa fazer desta mudança”, atira.

Crime

SEF cria equipas especializadas para proteção das vítimas de tráfico de seres humanos

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras já possui uma equipa multidisciplinar a funcionar no aeroporto de Lisboa <span class="creditofoto">Foto Tiago Miranda</span>

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras já possui uma equipa multidisciplinar a funcionar no aeroporto de Lisboa Foto Tiago Miranda

Equipas multidisciplinares vão ser criadas até ao final do ano, em várias zonas do país

Texto Expresso

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) anunciou esta quinta-feira que vai criar até ao final do ano equipas especializadas para proteção das vítimas de tráfico de seres humanos em várias zonas do país.

Em comunicado, o SEF adianta que vai disponibilizar, até ao final do ano, mais equipas especializadas, nas áreas do norte, centro e sul do país, vocacionadas para "a intervenção integrada ao nível da proteção e acolhimento das vítimas de tráfico de seres humanos".

Segundo aquele serviço de segurança, trata-se de equipas multidisciplinares, com elementos das diferentes direções regionais do SEF, em coordenação com a direção central de investigação do serviço, no âmbito da prevenção e investigação criminal de especial complexidade, como o tráfico de pessoas.

Atualmente, o SEF possui uma equipa com estas características a funcionar no aeroporto de Lisboa, com elementos da Unidade Antitráfico de Seres Humanos, contando com o apoio de uma procuradora do Ministério Público.

Esta equipa atua na luta contra o tráfico de seres humanos por via aérea e dedica-se aos casos detetados no aeroporto de Lisboa.

O SEF sustenta que tem dedicado "particular atenção ao fenómeno do tráfico de pessoas", às suas características e especificidades e às consequentes dificuldades na sua investigação.

Nesse sentido, tem regido a sua atuação numa estratégia integrada, assente nas vertentes da prevenção, formação e repressão.

No âmbito da investigação criminal, o SEF registou este ano 26 processos crime relacionados com este tipo de criminalidade, situações que têm em comum a exploração da vulnerabilidade económica das vítimas, recrutadas em países pobres, de meios sociais desfavorecidos, com baixa escolaridade e submetidas, muitas vezes, no seio familiar, a maus tratos físicos e psíquicos.

O SEF adianta que estes casos resultam na retirada de documentos de identificação e viagem, a utilização de documentação fraudulenta, a proibição de saída dos locais onde exercem a sua atividade sem autorização ou de contactos com terceiros, agressões físicas e psicológicas, endividamento resultante da vinda para a Europa.

Transportes

Metro de Lisboa pára outra vez a 6 de novembro

O sindicato faz um "balanço muito positivo" da greve desta manhã <span class="creditofoto">Foto Tiago Miranda</span>

O sindicato faz um "balanço muito positivo" da greve desta manhã Foto Tiago Miranda

A greve está agendada para o primeiro dia oficial da Web Summit, que se realiza no Parque das Nações

Texto Lusa

Os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa marcaram esta quinta-feira uma nova greve parcial para 6 de novembro, entre as 6h e as 9h30, por reivindicações salariais, dia em que tem início oficial a Web Summit.

Em declarações à agência Lusa, Anabela Carvalheira, da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS), adiantou que os trabalhadores "decidiram hoje novas formas de luta com a entrega de um novo pré-aviso para o próximo dia 6 de novembro, uma greve parcial, nos mesmos moldes desta".

Os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa cumpriram esta quinta-feira uma greve parcial entre as 6h e as 9h30, justificando a paralisação com a discordância com a proposta de atualização salarial plurianual de 24,50 euros para os anos de 2018 e 2019, apresentada aos representantes sindicais na quarta-feira pelo conselho de administração da empresa.

Quanto à greve de hoje, Anabela Carvalheira fez um "balanço muito positivo", com os trabalhadores da área "operacional e da manutenção a aderirem massivamente à luta". Segundo a sindicalista, na greve de hoje os trabalhadores "assistiram a alguns problemas que nunca tinham assistido por parte da administração" da empresa.

"Tentaram utilizar algumas manobras de repressão, impedindo os trabalhadores em greve de entrar nas instalações, além de não respeitarem a segurança", disse a dirigente sindical, referindo que "um diretor, que não tem carta para conduzir comboios, ligá-los ou manobrá-los", entrou na composição naquilo que considerou "um ato para tentar intimidar".

Segundo Anabela Carvalheira, o diretor em questão queria que algum trabalhador o substituísse na manobra do comboio, mas tal não se veio a verificar.

Ao início da manhã de hoje, durante um primeiro balanço da greve, Anabela Carvalheira avançou à Lusa que a polícia retirou trabalhadores das instalações, no Colégio Militar. "No Colégio Militar, tínhamos trabalhadores que estavam em piquete de greve e dentro das instalações e a polícia tirou-os de lá por ordem do conselho de administração. Só posso entender isso", contou.

A sindicalista da FECTRANS disse também que em todas as estações há um vigilante a perguntar se as pessoas estão em greve e, se estiverem, não os deixa entrar. "Se estiver em greve, o vigilante diz que estes só podem entrar depois das 9h30", indicou, acrescentando que o sindicato vai denunciar a situação.