OE2019
Frente Comum rejeita “malabarismos financeiros” e exige mudanças na proposta
A Frente Comum exige um “aumento real dos salários e das pensões” em 4% com um mínimo de 60 euros, bem como a atualização do salário mínimo para 650 euros e o descongelamento das progressões sem faseamentos
Texto Lusa
A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública rejeitou esta quinta-feira "malabarismos financeiros" com estes trabalhadores na proposta de Orçamento do Estado para 2019 (OE2019), exigindo que o Executivo aproveite "a derradeira oportunidade" para alterar o documento.
"Não aceitamos que se façam malabarismos financeiros ou económicos para a população e para os trabalhadores em termos de números que não correspondem a nada, que são mentira", disse a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, em conferência de imprensa na sede desta estrutura, em Lisboa.
Segundo a responsável, com a proposta de OE02019, "há aqui uma imagem que o Governo quer dar que não é verdadeira". "A verdade é só uma: inexistência de aumentos salariais na proposta e o que nós queremos é negociar com a nossa proposta", acrescentou.
Em causa está o OE2019 conhecido esta semana e que, segundo o ministro das Finanças, Mário Centeno, estipula uma margem de apenas 50 milhões de euros em 2019 para aumentos de salários da função pública.
Ao mesmo tempo, ainda de acordo com o governante, o documento prevê um total de 800 milhões de euros para aumentos das remunerações na função pública tendo em conta efeitos como descongelamentos das carreiras.
Falando na apresentação da proposta na terça-feira, o governante referiu também que, no próximo ano, se espera um aumento do salário médio da função pública de 3%, o que considerou o "maior incremento salarial na administração pública portuguesa na última década".
Apenas pelos "efeitos de promoções e progressões o salário médio na Função Pública aumenta 68 euros" em 2019, adiantou. Reagindo a este valor médio, a coordenadora da Frente Comum ironizou: "Um dia destes temos de fazer uma fila indiana com os funcionários para pedir ao senhor ministro que lhes dê o aumento".
Já quanto aos 800 milhões de euros referentes aos aumentos devido aos descongelamentos das carreiras, a Frente Comum realçou que "o senhor ministro está a meter no bolo coisas que ainda não pagou". "É uma falácia e uma habilidade financeira para enganar as pessoas", adiantou.
Ainda assim, a estrutura ligada à CGTP, espera abertura para negociar algumas reivindicações. "É o último mandato deste Governo e o Governo PS tem agora uma derradeira oportunidade de fazer aquilo que devia ter sido feito ao longo dos anos, que é repor na totalidade o que os trabalhadores perderam ao longo destes anos", afirmou Ana Avoila.
Segundo a responsável, a atual proposta "é em detrimento dos direitos dos trabalhadores e dos aposentados da administração pública e dos investimentos no sector público", visto que "o Governo opta por continuar a fazer o que tem feito", alocando "milhões e milhões para a banca".
A Frente Comum exige, assim, um "aumento real dos salários e das pensões" em 4% com um mínimo de 60 euros, bem como a atualização do salário mínimo para 650 euros e o descongelamento das progressões sem faseamentos.
Destacando que "há condições de o Governo alterar" a proposta, Ana Avoila disse ainda que, para tal, contribui a "grande greve" de dia 26 de outubro da administração pública.