RÚSSIA

Putin diz que país só usaria armas nucleares em retaliação

"Se virmos um ataque dirigido ao território da Rússia, retaliaremos", avisou Putin<span class="creditofoto"> Foto PAVEL GOLOVKIN / EPA</span>

"Se virmos um ataque dirigido ao território da Rússia, retaliaremos", avisou Putin Foto PAVEL GOLOVKIN / EPA

Chefe de Estado russo diz que a doutrina militar do país não inclui um ataque nuclear preventivo, mas deixa um alerta: "O agressor deverá saber que a retaliação é inevitável"

Texto Lusa

O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou esta quinta-feira que a Rússia só utilizaria as suas armas nucleares em resposta a um ataque com mísseis.

Falando num fórum sobre política, o chefe de Estado explicou que a doutrina militar russa não inclui um ataque nuclear preventivo e sublinhou que a Rússia só lançaria um ataque nuclear se os seus sistemas de alerta detetassem mísseis a dirigir-se para o seu território, acrescentando que "o agressor deverá saber que a retaliação é inevitável".

"Se virmos um ataque dirigido ao território da Rússia, retaliaremos", declarou e, embora reconhecendo que tal seria uma catástrofe global, frisou: "Não seremos nós a iniciá-la".

"Seríamos vítimas de agressão e iríamos para o céu como mártires", ao passo que aqueles que lançaram o ataque iriam "apenas morrer sem sequer terem tempo para se arrepender", observou.

EUA

Trump ameaça fechar fronteira com o México para travar “Marcha dos Migrantes”

"Devo pedir ao México, nos termos mais fortes, para travar este assalto", disse o Presidente dos EUA <span class="creditofoto">Foto SHAWN THEW / EPA</span>

"Devo pedir ao México, nos termos mais fortes, para travar este assalto", disse o Presidente dos EUA Foto SHAWN THEW / EPA

O Presidente dos EUA usou o Twitter para comunicar a sua posição, numa altura em que milhares de migrantes atravessam a pé vários países da América Central na esperança de chegar ao território norte-americano

Texto Lusa

O Presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou esta quinta-feira fechar a fronteira entre os Estados Unidos e o México, numa altura em que milhares de migrantes atravessam a pé vários países da América Central na esperança de chegar ao território norte-americano.

"Devo pedir ao México, nos termos mais fortes, para travar este assalto - se não for capaz, chamarei o exército norte-americano e encerrarei a nossa fronteira do sul", escreveu Trump, numa mensagem na rede social Twitter, utilizando letras maiúsculas na última parte da frase para acentuar a sua posição.

Com esta mensagem, Trump recuperou um dos principais temas da sua campanha presidencial de 2016, a três semanas das eleições intercalares norte-americanas (agendadas para 6 de novembro e que vão determinar a composição do Congresso) consideradas como cruciais para o seu mandato na Casa Branca.

Milhares de hondurenhos, incluindo famílias inteiras, prosseguiam na quarta-feira com uma marcha, já apelidada como a "Marcha dos Migrantes", por vários países da América Central com o objetivo de entrar nos Estados Unidos, desafiando assim a figura de Donald Trump que tem ameaçado com represálias, nomeadamente cortar as ajudas económicas, os países que deixarem passar esta caravana de migrantes.

Esta grande movimentação de migrantes começou no sábado, quando cerca de dois mil migrantes hondurenhos saíram a pé de San Pedro Sula, a cerca de 180 quilómetros a norte da capital das Honduras, Tegucigalpa, em resposta a um apelo publicado nas redes sociais.

Fugir da miséria, da violência de grupos criminosos organizados nas Honduras e alcançar o 'sonho americano' são as principais motivações destas pessoas.

Exaustos após caminhada de várias horas

Após várias horas de tensão com as forças policiais, a "marcha" de migrantes cruzou a fronteira da Guatemala, país situado entre as Honduras e o México, e dividiu-se em dois grupos em direção à capital do país.

Exaustos após várias horas de caminhada, sob sol ou chuva, cerca de mil migrantes chegaram na noite de terça para quarta-feira à Cidade da Guatemala, a capital do país.

Um outro grupo de migrantes, com cerca de mil pessoas, encontrava-se nesse momento na região leste da Guatemala, também a caminho dos Estados Unidos.

Outro grupo de hondurenhos, perto de 500, cruzou na quarta-feira a fronteira com El Salvador, com a intenção de atravessar o país e juntar-se na região norte da Guatemala à "Marcha dos Migrantes".

Ainda nas mensagens publicadas hoje no Twitter, Donald Trump renovou a ameaça de cortar as ajudas financeiras aos países da América Central envolvidos nesta situação.

Os 'tweets' presidenciais desta manhã também visaram os membros do Partido Democrata norte-americano que, segundo Trump, querem "abrir as fronteiras" ao abrigo de "leis fracas" que não são da responsabilidade da atual administração.

O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, desloca-se na quinta e na sexta-feira ao Panamá e ao México.

NORUEGA

Primeira-ministra pede desculpa às suas “raparigas alemãs” da II Guerra Mundial

As norueguesas que mantiveram relações com soldados alemães foram “vítimas de tratamento indigno”, disse a primeira-ministra. Quando a guerra terminou, sofreram represálias no seu país. Contudo, mais de sete décadas depois, é improvável que muitas das mulheres diretamente afetadas ainda estejam vivas para ouvir o pedido de desculpas

Texto Hélder Gomes

A primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, fez esta quarta-feira um pedido oficial de desculpas às mulheres norueguesas que foram maltratadas por causa das relações que mantiveram durante a Segunda Guerra Mundial com soldados alemães. Essas “jovens e mulheres norueguesas foram vítimas de tratamento indigno”, disse Solberg num evento a assinalar o 70.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas.

“As autoridades norueguesas violaram o princípio fundamental de que nenhum cidadão pode ser punido sem julgamento ou condenado sem lei. Para muitas, foi apenas um amor adolescente, para algumas, o amor das suas vidas com um soldado inimigo ou um flirt inocente que deixou marcas para o resto das suas vidas. Hoje, em nome do Governo, quero apresentar as minhas desculpas”, disse a primeira-ministra.

O pedido de desculpas foi feito com base num relatório sobre as ações do pós-guerra na Noruega, publicado por um centro de estudos sobre o Holocausto no país. Contudo, mais de sete décadas depois da guerra, é improvável que muitas das mulheres diretamente afetadas ainda estejam vivas para ouvir o pedido de desculpas.

Acusadas de traição, detidas ou expulsas com os filhos para a Alemanha

A Noruega, que se mantinha como um país neutro, foi invadida pelas forças nazis em abril de 1940. Estima-se que cerca de 50 mil norueguesas tenham tido relações íntimas com soldados alemães. Os alemães eram encorajados a terem filhos com elas pelo líder das SS, Heinrich Himmler, que esperava que as norueguesas pudessem ajudar a promover o conceito nazi de uma raça ariana superior.

As mulheres, que ficaram conhecidas pela alcunha “raparigas alemãs”, foram alvo de represálias na Noruega quando a guerra terminou e acusadas de terem traído o país. As punições incluíam a privação de direitos civis e a detenção ou expulsão para a Alemanha, juntamente com os seus filhos.

Entre 10 e 12 mil crianças terão nascido fruto das relações entre norueguesas e soldados alemães. Algumas destas crianças também foram alvo de atos de vingança, entregues a famílias adotivas ou colocadas em instituições. Em 2007, um grupo de crianças levou a Noruega ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos mas o caso foi rejeitado por causa do tempo que tinha decorrido desde que as ofensas aconteceram.

CRIMEIA

Autoridades procuram possível cúmplice de ataque em escola

Centenas de pessoas prestam homenagem às vítimas do ataque <span class="creditofoto">Foto EPA</span>

Centenas de pessoas prestam homenagem às vítimas do ataque Foto EPA

O líder regional da Crimeia, Sergei Aksyonov, admite que o atacante, um estudante da escola de 18 anos, tenha tido a ajuda de um cúmplice

Texto Hélder Gomes

As autoridades locais da Crimeia procuram um possível cúmplice do atirador que, na quarta-feira, entrou uma escola politécnica em Kerch, causando a morte a 20 pessoas e ferimentos em mais de 40, foi anunciado esta quinta-feira.

O líder regional da Crimeia, Sergei Aksyonov, nomeado pelo Kremlin, disse hoje, citado pelas agências de notícias russas, que é possível que o atacante, um estudante da escola de 18 anos, tenha um cúmplice.

Aksyonov disse que o atirador entrou sozinho na escola, mas acrescentou que as autoridades acreditam que terá tido ajuda para preparar o ataque.

Anteriormente, as autoridades tinham avançado com a tese de que o estudante tinha atuado sozinho naquele que é considerado o pior ataque de um estudante na Rússia, o que está a levantar questões sobre a segurança nas escolas do país.

Segundo o Comité de Investigação da Rússia, a principal agência de investigação, o agressor, que morreu no ataque, foi visto nas câmaras de segurança a entrar no edifício da escola que frequentava, o politécnico da cidade de Kerch, e a disparar contra os colegas.

O agressor foi identificado como Vladislav Roslyakov e as autoridades adiantaram que todas as vítimas mortais têm ferimentos de arma de fogo.

Sergei Aksyonov, líder regional na Crimeia, disse que o aluno do 4.º ano da escola acabou por se suicidar na biblioteca do estabelecimento de ensino depois do ataque.

O Presidente russo, Vladimir Putin, classificou o ataque como uma tragédia e enviou condolências às famílias das vítimas.

Putin prometeu que o Governo russo fará tudo o que for necessário para ajudar os feridos.

A anexação da Crimeia pela Rússia desencadeou sanções dos países ocidentais.

A Rússia também apoia os separatistas que combatem o Governo ucraniano no leste da Ucrânia, um conflito que deixou pelo menos dez mil mortos desde 2014.

Nos últimos anos, as agências de segurança russas prenderam vários ucranianos acusados de organizar ataques terroristas na Crimeia, embora nenhum ataque tenha sido concretizado.

EUA

O último artigo de Khashoggi no “Washington Post”: O que o mundo árabe mais precisa é de liberdade de expressão

O jornalista não é visto desde que a 2 de outubro entrou no consulado saudita em Istambul <span class="creditofoto">Foto MURAD SEZER / REUTERS</span>

O jornalista não é visto desde que a 2 de outubro entrou no consulado saudita em Istambul Foto MURAD SEZER / REUTERS

O jornalista saudita, desaparecido há mais de duas semanas, teceu duras críticas ao estado da liberdade de imprensa no mundo árabe, que deixa os seus povos “desinformados ou mal informados”. Apelando à necessidade de “uma plataforma para as vozes árabes”, Khashoggi lamentou que atropelos sejam recebidos com silêncio pela comunidade internacional

Texto Hélder Gomes

O mundo árabe enfrenta a sua própria versão de uma Cortina de Ferro, imposta não por atores externos mas por forças domésticas que disputam o poder.” Esta é uma das ideias-chave do último artigo de opinião que o jornalista saudita Jamal Khashoggi, desaparecido há mais de duas semanas, escreveu para o jornal “The Washington Post”.

O jornalista não é visto desde que a 2 de outubro entrou no consulado saudita em Istambul, na Turquia. As autoridades turcas dizem que Khashoggi foi morto, uma alegação que a Arábia Saudita nega, tendo o reino permitido a entrada de investigadores no consulado. O “Post” resolveu publicar o artigo por considerar que o jornalista já não voltaria em segurança aos EUA, onde se autoexilou no ano passado.

No texto, Khashoggi tece duras críticas ao estado da liberdade de imprensa no mundo árabe, que, segundo ele, deixa os seus povos “desinformados ou mal informados”. “O mundo árabe precisa de uma versão moderna dos antigos media transnacionais para que os cidadãos possam ser informados sobre os eventos globais. Mais importante: precisamos de fornecer uma plataforma para as vozes árabes”, escreveu.

Governos árabes têm “rédea solta” para silenciar os media, acusa Khashoggi

As prisões arbitrárias a que os críticos dos regimes árabes estão sujeitos “já não suscitam uma reação da comunidade internacional”, prossegue. “Em vez disso, essas ações poderão desencadear uma condenação rapidamente seguida de silêncio”, o que significa, escreve o jornalista, que os governos têm “rédea solta” para silenciar os media.

Fontes próximas da investigação conduzida no interior do consulado dizem ter provas áudio da tortura e eventual morte de Khashoggi. Contudo, essas provas não foram tornadas públicas, o que fez com que o Presidente dos EUA, Donald Trump, as pedisse esta quarta-feira “caso elas existam”.