INVESTIGAÇÃO

PSD

RUI RIO ELE É IGUAL A SI PRÓPRIO. SÓ NÃO TEM COMPARAÇÃO

Evita Lisboa, esconde informação dos seus vices, desconfia da sua direção. Acredita em si e nuns poucos amigos. Não gosta da maioria dos seus deputados nem de jornalistas. Retrato de como Rui Rio lidera

Textos Filipe Santos Costa

Na manhã de 21 de junho as coisas aqueceram na sede do PSD. Os jornais noticiavam que o PSD ia nesse dia votar a favor da proposta do CDS para acabar com o adicional do imposto sobre combustíveis (ISP). Rui Rio nem queria acreditar. Achava o projeto do CDS demagógico e ilegal, e classificou a atitude do seu próprio partido em bom calão portuense. Perante a sua enorme irritação, pôs-se a hipótese óbvia: a votação era só à tarde, havia tempo para resolver o problema. Bastava um telefonema para o líder parlamentar. Rio recusou. Nada faria para travar o que o grupo parlamentar havia decidido. Depois se veria...

O que enfurecia Rio era que a sua bancada, e em particular o líder, Fernando Negrão, não entendessem o seu pensamento. Dois dias antes, Rio tinha ido às jornadas parlamentares dizer que o papel do PSD não era “empurrar o Governo para a irresponsabilidade — isso é a função do PCP e do BE”. Achava inconcebível o PSD dar votos a uma proposta irresponsável. “Para votarem de acordo com o meu raciocínio, não precisam de falar comigo”, desabafou em privado. Mas decidiu deixar correr.

“Para votarem de acordo com o meu raciocínio, não precisam de falar comigo”

Rio e Negrão tinham falado sobre a questão do adicional de ISP três semanas antes. Concordaram que o PSD apresentaria uma recomendação para que o Governo cumprisse a promessa de baixar o adicional sobre o ISP conforme o custo dos combustíveis subisse. Negrão fez isso, mas também decidiu votar a favor da iniciativa do CDS (que obrigava o Governo a acabar mesmo com o adicional), à semelhança do que o PSD fizera no passado com propostas iguais. E assim aconteceu a mais grave crise entre a direção do PSD e a bancada parlamentar desde que Rui Rio dirige o partido.

No dia a seguir à votação, uma “fonte da direção” disse à Lusa que o voto a favor fora “à revelia” de Rio. A mesma fonte considerou a atitude do grupo parlamentar “gravíssima”. Negrão — que estava no cargo há quatro meses, e fora eleito com uma fraquíssima votação, depois de Rio o impor como substituto de Hugo Soares — viu-se desautorizado e esteve à beira de pedir a demissão. Rio podia ter gerido tudo de outra maneira? Podia, mas não seria Rui Rio.

À maneira dele

Durante a campanha para a liderança, Rio dizia: “Se eu ganhar, só a minha maneira de ser vai mudar muita coisa.” Perceber o seu estilo de liderança implica perceber essa maneira de ser. Rio gosta de fazer as coisas à sua maneira, tem ideias bem fixas sobre como fazê-las e não admite que seja de outra forma. Usa um bom argumento: está a fazer o que prometeu. Se o PSD quisesse outro caminho, teria escolhido — por sinal, esse outro caminho chamava-se Santana Lopes e já não está no partido. Tudo contribui para a sua predisposição de não fazer cedências na forma de liderar.

Segue os seus instintos políticos, insiste nos métodos que usou no passado, ouve pouco e gosta ainda menos de ser contrariado. É teimoso e autoritário (ou firme e decidido, conforme o ponto de vista). Desconfia de órgãos colegiais: como poucas coisas o tiram mais do sério do que as fugas de informação, faz um controlo obsessivo da informação, muitas vezes ocultando-a dos membros da sua direção.

Rio é a medida de toda a sua ação política: não esconde uma elevada autoestima e foca boa parte do discurso em si próprio — “sou um caso sui generis”, “sou um político diferente dos outros”, “tenho um estilo completamente diferente do habitual”, diz de si. O homem é a mensagem: sério, combativo, politicamente incorreto, que “não verga”, avesso ao “cinismo e hipocrisia da política”. Todos estes atributos, que Rio não se cansa de invocar sobre si, não são uma nota de rodapé, são o fulcro da mensagem com que Rio se quer apresentar. Explicou-o há pouco tempo na TSF. O mercado eleitoral que lhe interessa, onde acha que pode crescer e travar o PS, são os abstencionistas do centro, “gente ponderada, sensata, descontentes com a política”. Como convencê-los? “Pela diferença.” Não tanto a diferença das propostas: “O que está acima de tudo é a questão do estilo.” O seu estilo. Por isso Rio lidera tão focado em si próprio.

À distância

“Foi a primeira vez desde a I República que alguém ganhou uma eleição de uma grande instituição nacional totalmente a partir de fora da capital”, diz Rio sobre a conquista do PSD. Venceu sem precisar de Lisboa, e continua a estar em Lisboa o mínimo tempo impossível. Não gosta da “podridão” da capital, a que chama “corte”.

Com Rui Rio, o líder do PSD passou a ter gabinete na Invicta, com carro, motorista e um pequeno staff. Para isso, ocupou a parte nobre da vivenda que é a sede do PSD-Porto (o que obrigou a desalojar o líder distrital, que teve de montar gabinete noutra sala — uma proposta que o visado não podia recusar).

Já houve semanas inteiras em que Rio não pôs os pés na sede nacional, mas por regra passa dois ou três dias na capital — não o suficiente para se decidir a arranjar casa em Lisboa. Antes de tomar posse, ficava num hotel de três estrelas ao pé do aeroporto, para estar mais perto da A1; desde que é líder, a sua ‘casa’ em Lisboa é um hotel de cinco estrelas bem no centro. A quarta-feira é quase sempre dia obrigatório para estar em Lisboa (é o dia de reunião da direção), segunda, sexta e fins de semana são por regra dias passados no Porto; os outros vão sendo ajustados.

Apesar de Rio estar pouco em Lisboa, o ambiente na sede nacional é tenso, garantem fontes ouvidas pelo Expresso. A circulação de funcionários no piso do líder é mais condicionada, e há desconfiança da gente de Rio em relação ao pessoal da sede. Há quem fale em “caça às bruxas”. A nova política de rigor na gestão operacional do partido também não ajuda a um ambiente distendido. De cabelos em pé com a dívida do PSD, Rio, o homem das contas certas, deu carta branca ao secretário-geral-adjunto Hugo Carneiro (um dos seus homens de maior confiança) para cortar custos operacionais e apertar o controlo sobre todo o tipo de despesas (de telemóveis a combustíveis). A tolerância zero nas contas vai ao ponto de o PSD estar a processar os candidatos mais gastadores nas últimas autárquicas — outra novidade que deixou a máquina partidária em polvorosa, mas que Rio acredita que reforça a sua credibilidade junto do eleitorado.

Em segredo

Mal tomou posse, Rio avisou os membros da Permanente e da Comissão Política: “A importância que darei a este órgão é a que vocês lhe derem. Para serem participantes ativos no que se passa aqui, têm de ver o que vão dizer lá fora.” Dito de outra forma, se houvesse fugas de informação, Rio esvaziaria aquelas reuniões. E mesmo antes de haver grandes fugas de informação, Rio reduziu ao mínimo a informação que partilhava com os membros da sua direção. Não lhes disse quem seriam os coordenadores e porta-vozes do Conselho Estratégico Nacional antes da divulgação pública; não avisou que ia a Angola; nada disse sobre o pacote de medidas sobre natalidade que depois apresentou... é longa a lista de episódios em que os elementos da Permanente foram apanhados de surpresa pelas notícias. Quando questionavam Rio, a explicação era sempre a mesma — evitar fugas de informação.

A justificação que serve para esconder agenda e planeamento também vale para manter em segredo o pensamento do líder sobre diversas questões. A maioria dos temas políticos mais delicados destes meses não foi objeto de discussão colegial — o exemplo mais gritante é a recondução da PGR. Nunca houve um debate na Permanente sobre se o PSD deveria apoiar ou não um novo mandato de Joana Marques Vidal. Um exemplo mais micro: quando todo o país discutia a questão das claques de futebol, o assunto passou totalmente ao lado da Permanente. Se acha este tema demasiado micro, saiba que também a eutanásia nunca foi alvo de uma discussão política na direção do PSD.

“Esta foi a receita que eu sempre apliquei. Até à data deu resultado”

A eutanásia é um caso paradigmático da forma como Rio dirige o PSD. Por achar que é uma questão de consciência, remeteu o assunto para a decisão de cada um. Mas nunca quis abordar o impacto e consequências políticas do resultado dessa votação. Isto, apesar de Rio entender que essa votação poderia ser determinante para o posicionamento que quer impor ao PSD.

Rio, que era favorável à despenalização, acreditou que havia no PSD deputados a favor em número suficiente para que a nova lei da eutanásia passasse. Para o líder laranja, se a despenalização da eutanásia passasse graças aos sociais-democratas, isso era bom, posicionando o PSD ao centro, longe da direita pura e dura. Para Rio, é no centro-esquerda que o PSD tem de estancar o PS, e esta votação podia ser simbólica. Apesar de o pensar, nunca fez esse debate na direção nem transmitiu essa ideia — e, na hora de votar, houve deputados que eram a favor e até eram próximos de Rio, mas que votaram contra por acharem que assim protegiam melhor o seu eleitorado. Essa votação foi outro momento em que Rio teve uma fúria com os seus deputados. “Precisam mesmo é de ser mandados!”, ouviram-no explodir.

Das poucas vezes que discutiu previamente com a direção uma iniciativa do PSD — as linhas estratégicas sobre política de saúde —, Rio arrependeu-se. As notícias que saíram dessa reunião sobre as críticas ao documento deixaram o líder de cabeça perdida. No seu círculo mais próximo há quem garanta que, depois disto, a tendência do líder será para fechar ainda mais o jogo.

Em conflito

Rio valoriza mais as notícias sobre divergências internas do que as próprias divergências. Há poucas semanas, quando os jornais escreveram que os vice-presidentes Morais Sarmento e Castro Almeida criticaram a forma como Rio se aproximou do BE na questão da ‘taxa Robles’, o líder pôs o secretário-geral em ação. José Silvano questionou todos os membros da direção sobre o ocorrido (os que responderam condenaram, claro, a existência de fugas de informação) e, com Rio, escreveu um comunicado garantindo que não era verdadeira a ideia de divisão na direção, que está “globalmente coesa”. Mas o mesmo comunicado não só não desmentiu as críticas feitas a Rio por vice-presidentes, como reconhecia que a(s) fonte(s) era(m) da direção.

Tentar adivinhar quem fala com quem nestas fugas de informação tornou-se um passatempo popular entre o ‘rioismo’. Outro é a marcação cerrada à comunicação social. Já era assim no Porto: Rio recorria a comunicados para desmentir qualquer vírgula que lhe desagradasse. Nomeava muitas vezes como seus adversários políticos os jornalistas que assinavam as notícias que contestava. Recentemente fez o mesmo no PSD, através da conta do partido no Twitter. Há dias, Rio foi mais longe: disse aos membros da Permanente que não falem com jornalistas cujo trabalho lhe desagradou — nomeou-os e imputou-lhes objetivos persecutórios, embora sem dar informação que contrariasse o conteúdo das notícias que lhe provocaram a fúria.

O apontar de dedo é um método bem conhecido do estilo de liderança de Rio. Os jornalistas são sempre um dos alvos, outro costumam ser os “adversários internos”. O líder do PSD tem feito bastante disso no partido — a atitude de quem entra num Conselho Nacional ironizando que está “cheiinho de medo” dos eventuais críticos encaixa no perfil de alguém que diz que é em clima de tensão que funciona bem. “É assim que eu gosto. É assim que eu funciono bem”, chegou a assumir.

Em circuito fechado

Rio nunca foi homem de equipas grandes — preferiu sempre trabalhar em equipas pequenas, fechadas, baseadas em princípios de absoluta confiança e lealdade ao líder. A relação com a direção do PSD é, por isso, distante — e não só por Rio viver no Porto.

O secretário-geral, José Silvano, que tem gabinete ao seu lado no primeiro andar da sede nacional, é dos dirigentes com quem Rio mais convive. E mantém uma ligação de grande cumplicidade com Hugo Carneiro, com quem trabalha desde os tempos no Porto, e que se tem afirmado como o homem-forte da sede (chamam-lhe o “mini-Rio”). Mas os colaboradores com quem passa mais tempo, pois fazem muitas vezes com ele os quilómetros da A1 entre Porto e Lisboa, são a assessora de imprensa, Florbela Guedes, e António Maló de Abreu, amigo desde há 40 anos que integra a Comissão Política e tem sido a autêntica sombra de Rui Rio.

Quem o viu no Porto já viu isto tudo. Rio não se cansa de repetir que no Porto ganhou sempre — ou seja, tinha razão, mesmo quando parecia isolado. Não vê motivos para mudar. Mesmo à sua volta, há quem lhe aponte a diferença entre uma Câmara e a liderança de um partido, entre ser poder ou estar na oposição. Rio não se comove. “Esta foi a receita que eu, desde que estou na vida pública, sempre apliquei. Até à data deu resultado.”

Pressão para endurecer tom

Colaboradores e adversários pedem-lhe que seja mais duro com Costa. Rio acha um erro apontar ao primeiro-ministro

Em junho, quando foi encerrar as jornadas parlamentares do PSD, Rui Rio fez um dos seus discursos mais duros contra António Costa. Perante um grupo parlamentar que se mostrava quase indiferente às palavras do líder do partido, o homem que diz não gostar de soundbites disse um, que ficou como a frase forte dessa intervenção: “O discurso do milagre económico é uma aldrabice política.” Foi como se os deputados despertassem ao ouvir essa frase, sublinhada pelo mais forte aplauso dispensado nessa tarde a Rio. No dia seguinte houve reunião da Comissão Permanente, e o núcleo duro da direção também se mostrava satisfeito com o tom mais incisivo de Rio em relação ao Executivo. Para espanto geral, foi o próprio Rui Rio a pôr água na fervura, confessando as suas dúvidas sobre se não teria ido longe demais. Rio temia ter exagerado no ataque ao Governo. À volta da mesa havia quem estivesse siderado com o aparente arrependimento de Rio.

O líder do PSD tem sido muito pressionado na direção do partido para que adote um registo mais duro na crítica ao Governo — e em particular a António Costa. Ao que o Expresso sabe, a necessidade de Rio endurecer o tom da oposição ao Governo está longe de ser apenas defendida pelos críticos internos do líder. Pelo contrário, tem sido uma das questões que com mais insistência vem sendo apontada dentro da direção do PSD — não só entre os membros da Permanente mas também da Comissão Política e em círculos informais com quem Rio se aconselha.

Apesar da insistência, esta é uma das questões estratégicas em que Rio não está disponível para qualquer cedência. “Ele critica o Governo, mas não vai mudar de tom em relação a António Costa. Porque acredita ser um erro fazer oposição a ‘bater’ no Governo.”

A ideia de Rui Rio é que os eleitores que o PSD precisa de conquistar — essencialmente os abstencionistas que estão entre PSD e PS — estão cansados da maneira habitual de fazer política, com “bota-abaixo” e “crítica sistemática”. “Eu não vou ser o líder da claque laranja”, costuma dizer. Além disso, tem a teoria de que em Portugal nenhum líder da oposição ganhou eleições a “malhar” no Governo — quem venceu foi sempre com moderação. Há quem note, por exemplo, que a campanha de Sócrates contra Santana desmente essa teoria geral, mas Rio fica na sua.

Outro ponto de divergência é António Costa. O líder da oposição nunca aponta diretamente ao primeiro-ministro, com quem tem uma boa relação pessoal e sobre quem, em privado, não poupa elogios. O líder do PSD não esconde a admiração que sente em relação à capacidade política e preparação de Costa — o que parece condicionar a forma como o poupa de ataques. É de tal forma que os críticos internos de Rio suspeitam que, no fundo, este quer apenas manter em aberto a possibilidade de se vir a entender com Costa depois das eleições.

Deputados para canhão

Rio vê o grupo parlamentar como reflexo da lógica política que quer combater. Em vez de disfarçar, puxa pelas divergências

Rui Rio nem tenta disfarçar: gosta pouco do grupo parlamentar do PSD. Não é só por entender que a bancada é o principal foco de ruído interno contra si, por causa de deputados que, segundo Rio, lhe são hostis porque já perceberam que vão perder “os lugarzinhos”. É mais do que isso. Vendo-se a si mesmo como um político “diferente dos outros”, Rio olha para a bancada do PSD como a representação da “lógica habitual”, ou da “lógica instalada”. Se há exemplo acabado da “corte de Lisboa”, são os corredores do Parlamento.

Enquanto não pode mudar o grupo parlamentar (a vassourada está prometida para quando forem feitas as listas para as legislativas de 2019), usa-o para sublinhar o abismo que existe entre a forma “habitual” de fazer política... e a sua. Em privado, Rio queixa-se muitas vezes de uma “dessintonia total” com a cultura dominante na lógica parlamentar. Em vez de o disfarçar, decidiu usar isso a seu favor.

Sabendo que a popularidade do Parlamento é baixa e a imagem geral dos deputados é má, o líder do PSD não hesita em desautorizar qualquer deputado — incluindo o líder da bancada — sobre qualquer assunto. Umas vezes é por simples descoordenação sobre assuntos que irrompem na agenda mediática. Outras, porque Rio toma posições que apanham de surpresa os seus deputados (foi o caso do apoio à ideia da “taxa Robles” anunciada pelo BE). Outras, evidenciando sem paliativos divergências com posições assumidas por deputados ou pela bancada como um todo. O exemplo da votação sobre o adicional do ISP (ver texto principal) é paradigmático, mas a lista de contradições claras ou dissonâncias mais ou menos subtis entre Rio, Fernando Negrão ou outros deputados tem crescido sempre ao longo dos meses.

Outro episódio que deixou marcas foi a desautorização do coordenador de Saúde, Ricardo Batista Leite, que, num debate, apontou a demissão ao ministro Adalberto Campos Fernandes. Rio tratou logo de marcar as distâncias. Não subscrevia, porque pedir a demissão de um ministro não era propriamente o seu “estilo”. Batista Leite até é um deputado alinhado com Rio, o que não impediu que o líder do partido lhe puxasse o tapete.

Neste clima, os deputados resguardam-se. Na semana passada foi notório o “apagão” dos dois principais rostos da bancada na área de Saúde durante uma audição do ministro. Quem assumiu o confronto com Adalberto foi Miguel Santos, que era o coordenador do PSD para a Saúde... no tempo de Passos Coelho. Adão Silva, vice-presidente da comissão, não estava; Batista Leite estava... mas calado.

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