RECRUTAMENTO
Natixis quer atrair emigrantes qualificados
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A financeira está a conduzir uma operação de recrutamento em França para trazer de volta a Portugal trabalhadores que saíram com a crise
Cátia Mateus
Nos últimos três anos a Natixis, divisão internacional de banca empresarial e de investimento do Groupe BPCE — Banque Populaire & Caisse d’Epargne, criou 460 postos de trabalho na cidade do Porto, no Centro de Excelência em Tecnologias de Informação que instalou em Portugal. A multinacional francesa quer superar a fasquia dos 650 trabalhadores no próximo ano e está, em França, a conduzir uma operação de recrutamento destinada a trazer de volta ao país alguns dos talentos qualificados que emigraram com a crise. Telmo Fernandes, diretor de Recursos Humanos da Natixis em Portugal, não avança números mas reconhece que parte das 190 contratações previstas pela empresa para o próximo ano poderão ser conseguidas através desta operação.
Os objetivos da multinacional são claros: atrair talento altamente qualificado na área tecnológica e com domínio de tecnologias e softwares que são pouco utilizados em Portugal, “mas que para a operação da Natixis são vitais”, explica Telmo Fernandes. O diretor de recursos humanos reconhece que “o mercado português de tecnologias de informação é um mercado muito difícil”, mas acrescenta que a empresa tem conseguido superar os objetivos de contratação e identificação de talento a que se propôs quando lançou a operação.
A decisão de recrutar em França não é, por isso, uma resposta à inexistência de talento em Portugal, ainda que nos últimos anos se tenha tornado mais desafiante recrutar nesta área (ver caixa). É antes uma aposta estratégica da empresa. “Numa área destas não podemos deixar de identificar e atrair os melhores talentos, estejam eles onde estiverem”, reforça Telmo Fernandes que acentua a opção da empresa pela contratação de especialistas portugueses. Da equipa de 460 elementos que atualmente compõe a operação nacional da Natixis, só nove são estrangeiros.
40 contratações antes do final do ano
Ainda este ano, a empresa deverá reforçar a sua estrutura nacional com 40 profissionais tecnológicos, elevando para os 3 mil o número de colaboradores com esta especialidade a trabalhar na empresa (num universo de 21 mil trabalhadores a nível global). O centro tecnológico da empresa em Portugal dá suporte aos serviços do banco — banca empresarial e de investimento, banca de retalho, seguros, pagamentos, infraestruturas e segurança e funções de suporte —, de forma integrada e transversal, nos 38 países onde opera.
“Alguns dos projetos mais inovadores desenvolvidos a partir de Portugal estão nas áreas da robótica, automação de processos, chatbot (uma ferramenta simples e interativa para comunicação com os clientes do banco), cloud e DevOps”, explica o diretor de recursos humanos. Para este centro a Natixis recruta múltiplos perfis tecnológicos, desde profissionais para as áreas de suporte aplicacional, análise de negócio, administração de base de dados, big data, business intelligence e outras para funções mais transversais.
As oportunidades de recrutamento são identificadas trimestralmente e a equipa de recursos humanos está permanentemente no mercado a identificar potenciais talentos. Talvez por isso, Telmo Fernandes não coloque de parte a possibilidade de voltar a França para atrair talento para a empresa à margem do evento realizado esta semana, na sede da empresa, em Paris. O diretor de recursos humanos reconhece que nos últimos anos Portugal perdeu uma fatia relevante de talento, também na área tecnológica, de profissionais que abandonaram o país à procura de melhores oportunidades laborais. Talento que, reforça, “é importante voltar a recuperar”.
A iniciativa da Natixis acontece numa altura em que o Governo prepara incentivos para atrair de volta ao país emigrantes qualificados, com a possibilidade de só virem a pagar IRS sobre metade da remuneração que auferirem, quer a título de trabalho por conta de outrem quer por conta própria.
A financeira está a conduzir uma operação de recrutamento em França para trazer de volta a Portugal trabalhadores que saíram com a crise