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Energia: fatura fixa ou variável?
A Endesa estreou em Portugal pacotes com mensalidades fixas. Mas as condições não são competitivas face às tarifas reguladas
por Miguel Prado
1 Como funcionam os novos tarifários da Endesa?
A Endesa lançou esta semana novos tarifários que se distinguem das ofertas existentes por oferecerem ao consumidor mensalidades fixas para vários níveis de consumo, em linha com os tarifários dos operadores de telecomunicações (com um plafond de tráfego mensal). A tarifa Power Pack tem preços a partir de €19,9 por mês (permitindo um consumo máximo de 1000 kilowatts hora por ano na potência de 3,45 kVA) e até €84,9 mensais (para até 5000 kWh anuais em 6,9 kVA). A adesão ao débito direto e fatura eletrónica dá um desconto de €1 por mês. A mensalidade inclui energia e potência, mas não os impostos. Se o cliente exceder o plafond, pagará a energia adicional ao preço de €0,1825 por kWh. Mas se o cliente consumir menos energia do que o limite do tarifário não recebe a diferença.
2 O consumidor ganha com mensalidades fixas?
No plano da comodidade, as mensalidades fixas podem ser uma vantagem. Mas é preciso comparar com o que se paga no somatório da potência contratada e dos kWh consumidos por ano. Pelos cálculos do Expresso, os novos tarifários da Endesa saem mais caros do que as tarifas reguladas. Um exemplo: uma família consome 1000 kWh por ano de eletricidade na potência de 3,45 kVA. Pode aderir à mensalidade mais baixa da Endesa, com débito direto, e gastar num ano €227 (antes de impostos). Na EDP Serviço Universal (tarifas reguladas) pagará €223. Para um consumo de 2500 kWh anuais na potência de 6,9 kVA, o pacote da Endesa tem um custo anual de €563, enquanto pela EDP Serviço Universal o total do ano fica em €522. A comparação com outras empresas pode dar resultados diferentes.
3 Há mais ofertas deste género?
A EDP tem uma opção chamada Conta Certa que permite aos seus clientes pagarem o mesmo todos os meses, sendo sujeitos, no ano seguinte, a uma fatura de acerto e a um ajuste na mensalidade face ao valor médio de energia realmente consumida (isso significa que o consumidor no acerto pode ter dinheiro a pagar ou a receber, enquanto na oferta da Endesa não há lugar a devolução por energia não consumida). A Endesa foi a primeira a anunciar mensalidades com plafonds de consumo. Este tipo de tarifários pode comportar alguns riscos ao nível da contratação de energia pelo comercializador (por não saber quanto consumirão os seus clientes), o que pode explicar a resistência das elétricas em oferecer este tipo de solução.
4 Os preços vão subir no próximo ano?
A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) publicará a 15 de dezembro as tarifas reguladas para 2019, que irão balizar as condições que os comercializadores têm para estruturar os seus tarifários do próximo ano (parte desses tarifários depende dos custos de acesso à rede, definidos pela ERSE). Os preços grossistas da eletricidade na Península Ibérica já negociaram nos últimos meses acima de €70 por megawatt hora (MWh), mas entretanto a pressão aliviou. Os futuros para 2019 estão em €61 por MWh, ligeiramente acima de há um ano. Este aumento pode ser mais do que compensado pela redução das tarifas de acesso.