Daniel Bessa

Humildade e ambição

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Nunca dirigi um país. Participei nas equipas dirigentes de algumas grandes empresas. Liderei, durante dez anos, a gestão de uma pequena organização onde tivemos a felicidade, todos os que lá trabalhávamos, de as coisas nos terem corrido muito bem. Tudo o que sei, ou julgo saber, em matéria de gestão vem-me dessa experiência. Está nos antípodas do que vejo ser feito pela equipa dirigente do meu país.

Vejo resultados medíocres anunciados como grandes sucessos, baixando o grau de exigência dos portugueses

Vejo o bem-estar material promovido não como o resultado de um esforço diário de superação, em que cada um de nós terá de dar o seu melhor em matéria de produção de riqueza, mas como o resultado de uma luta diária pela melhor fatia na distribuição do produto de um saque sobre a riqueza criada pelos outros. Vejo o Governo atribuir-se o mérito de todas as vitórias alcançadas na frente económica e financeira, como se os portugueses e as empresas nas quais trabalham diariamente não tivessem participado no combate; e vejo o mesmo Governo a desresponsabilizar-se em todos os casos de derrota: não fui eu. Vejo resultados medíocres anunciados como grandes sucessos, baixando o grau de exigência dos portugueses no seu conjunto.

Conhece, quem alguma vez se interessou por temas de gestão, a importância do ambiente emocional que rodeia o desempenho de qualquer equipa. Conhece, quem alguma vez se interessou por temas de gestão, a importância decisiva da liderança na criação desse ambiente emocional, que se quer de conquista. Tínhamos por lema, na organização que me coube liderar, humildade e ambição.