Geringonça com CDU não convém ao PAN

Os Verdes tiveram, durante a campanha, uma das respostas mais duras de André Silva Foto Pedro Nunes

Os Verdes tiveram, durante a campanha, uma das respostas mais duras de André Silva Foto Pedro Nunes

Para o partido de André Silva seria desconfortável viabilizar, juntamente com o PCP e o PEV, uma maioria e depois ter no Parlamento comunistas e verdes a chumbar as suas propostas. Ainda não houve contactos do PS com o PAN

Texto Carolina Reis

Não é qualquer acordo que interessa ao partido Pessoas Animais Natureza (PAN). A partir do momento em que não se tornou grupo parlamentar suficiente para completar a maioria absoluta de Costa, o partido liderado por André Silva considera difícil entrar num acordo, a longo prazo, que inclua outros partidos, em especial o PCP e o PEV.

Até ao momento de fecho deste artigo, nem o secretário-geral do PS, nem alguém enviado por ele tinham entrado em contacto com o partido Pessoas Animais Natureza.

O porta voz do PAN disse e repetiu durante a campanha — sempre sem se comprometer muito com linhas vermelhas — que o seu partido está disponível para “fazer pontes” e “dialogar” com os socialistas, mas o Expresso sabe que dentro do partido a noção é de que seria difícil justificar às bases entrar numa geringonça com o PCP e o PEV e depois ter os dois partidos a votar contra as propostas do PAN no Parlamento.

Apesar de o acordo ser feito entre o PS e restantes partidos, a verdade é que o PAN não ganha nada em ser mais um. Ainda para mais misturado com partidos que estão nos seus antípodas.

Aliás, no discurso de vitória da noite eleitoral, André Silva definiu os seus derrotados, os conservadores. “O conservadorismo perdeu a maioria que tinha no Parlamento, constituída por PSD, CDS e PCP. Perderam mandatos, agora estão reunidas as condições para fazer Portugal avançar no século XXI”, disse André Silva logo ao iniciar o discurso de vitória.

Outro sinal do desconforto que a CDU causa no PAN foram as palavras do líder do partido em resposta a um ataque de José Luís Ferreira, do PEV, que acusou o PAN de ser populista. André Silva, que mesmo na reação aos ataques de que o seu partido era alvo mantinha uma atitude contida, foi duro nas palavras.

“Os Verdes são uma ficção política, um projeto do seu patrão político, que é o PCP”, disse aos jornalistas, depois de visitar um canil na Aroeira, em Almada.

E fez questão de estender as críticas aos comunistas. “Podiam (Os Verdes) ter sido um projeto interessante. Perderam a oportunidade de ser um projeto ecologista. Estão coligados com o PCP, o único partido português que não ratificou a conferência de Paris e que apoia um regime totalitário como o chinês”, acusou.