Expresso

Partidos de esquerda e PAN querem ver no programa de Governo medidas para as questões raciais e para aumentar a proteção no trabalho. Até agora, só tem havido negociações informais com o PAN e o Livre. Bloco, de fora, espera para ver esboço do Orçamento do Estado

Texto Carolina Reis Fotos Tiago Miranda

As negociações oficiais entre o PS, o Bloco e a CDU estão em stand by, mas as conversas paralelas continuam... com os partidos mais pequenos. O Executivo mantém o canal de negociação aberto com o Livre e com o PAN para o programa do Governo.

Quanto ao Bloco, só voltará a falar com o Governo de forma oficial sobre o Orçamento de Estado (não para o programa de Governo). Para já, nada de contactos informais.

“Em breve haverá uma reunião oficial, mas temos estado a falar”, diz ao Expresso Isabel Mendes Lopes, dirigente nacional do Livre e membro da equipa de negociação. A alteração da lei da nacionalidade e a aceleração da transição energética são dois dos pontos importantes que o partido colocou em cima da mesa. “Sentimos abertura na questão da lei da nacionalidade, mas nada está fechado”, continua Isabel Mendes Lopes.

O Expresso sabe que com o PAN também tem havido conversas informais. Com o Bloco de Esquerda não houve qualquer tipo de conversa desde que foi cancelada a reunião que devia ter acontecido na terça-feira da semana passada.

Os bloquistas esperam para ver um esboço de medidas do Orçamento do Estado para 2020 antes de se sentarem à mesa com os socialistas. O Serviço Nacional de Saúde, o Salário Mínimo Nacional, a legislação laboral, o Estatuto do Cuidador Informal e as questões raciais são dos principais temas para o partido liderado por Catarina Martins.

Já o PAN pede reformas profundas em algumas das suas áreas fortes, como a agricultura, mas tem também outras bandeiras que gostava de ver incluídas no programa de Governo, como o alargamento da licença parental para as grávidas a partir da 32ª semana de gestação, ou mais medidas de proteção para os trabalhadores por turnos. O trabalho é, aliás, uma das áreas em que o agora grupo parlamentar do PAN vai apostar na próxima legislatura.

Fonte oficial do gabinete de Duarte Cordeiro, secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, recusa comentários sobre conversas não oficiais e apenas adianta que havia uma intenção de se fazerem reuniões com os vários partidos à esquerda e que estas se realizaram.