ECONOMIA

Teodora não acredita no impulso do investimento projetado pelo Governo

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Conselho das Finanças Públicas diz que o cenário macroeconómico do Orçamento do Estado para 2019 pode “ser considerado como um cenário provável, mas não o mais provável" O Conselho das Finanças Públicas (CFP) diz que o cenário macroeconómico que sustenta as previsões de receitas e despesas constantes no Orçamento do Estado (OE) para 2019 “apresenta riscos descendentes em 2019, derivados sobretudo do crescimento da formação bruta de capital fixo (FBCF)”.

Convém notar que a FBCF - vulgo investimento das empresas, das famílias e do sector público - é o único motor da economia portuguesa que não desacelera no cenário macroeconómico apresentado pelo governo. Apesar do abrandamento do consumo e do comércio externo, o ministério das Finanças acredita mesmo que o investimento acelere de 5,2% em 2018 para 7% em 2019.

Segundo a instituição liderada por Teodora Cardoso, “o investimento considerado neste cenário é sobretudo do sector privado, não tendo sido ainda explicitadas as medidas de política pública, e ainda menos os seus efeitos, na fundamentação da variação prevista”.

Também “não foram identificados projetos específicos de investimentos já decididos pelo sector privado”, diz o Conselho das Finanças Públicas que não teve acesso a informação detalhada sobre que grandes investimentos por parte de agentes do sector privado podem justificar esta aceleração. “Assim, no médio prazo, a previsão de crescimento da FBCF afigura-se otimista, acentuando o risco descendente implícito na previsão de crescimento do PIB real”, diz.

No OE 2019, o governo reviu em baixa o crescimento para a economia portuguesa em apenas 0,1 pontos percentuais, de 2,3% para 2,2%. “Para o mesmo ano, as projeções realizadas por outras instituições apontam para um perfil de desaceleração mais acentuado da economia portuguesa”, alerta o Conselho das Finanças Públicas, acrescentando que a média ponderada das projeções das outras instituições é de 1,9%.

“Dado o enquadramento e os riscos subjacentes, este cenário pode assim ser considerado como um cenário provável, mas não o mais provável”, conclui o Conselho das Finanças Públicas.