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João Lourenço no Porto: evocação de “feitos valorosos”, chaves da cidade e assinatura de 13 protocolos

Rui Moreira, João Lourenço e António Costa na cerimónia de boas-vindas no Porto <span class="creditofoto">Foto José Coelho/EPA</span>

Rui Moreira, João Lourenço e António Costa na cerimónia de boas-vindas no Porto Foto José Coelho/EPA

O Presidente de Angola, João Lourenço, visitou o Porto esta sexta-feira, penúltimo dia da sua visita de Estado a Portugal. Na Invicta recordou os “feitos valorosos” dos portuenses e comparou-os com o passado também “heroico” de “algumas cidades” angolanas. Recebeu as chaves da cidade das mãos de Rui Moreira e disse acreditar num “futuro promissor” de cooperação económica entre os dois países

Texto Ana Sofia Santos

“Sinto-me honrado por ser recebido na cidade do Porto onde os feitos valorosos dos seus habitantes lhe valerem a atribuição do epíteto de Cidade Invicta”, disse o Presidente angolano, João Lourenço, quando tomou a palavra numa cerimónia oficial nos Paços do Concelho, no Porto, onde recebeu as chaves da cidade das mãos do presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira.

No segundo dia da visita de Estado a Portugal, João Lourenço insistiu na dinamização das relações económicas entre os dois países. “O intercâmbio entre Angola e Portugal ganhará dimensão real nas conversações que serão mantidas, entretanto, entre as delegações angolana e portuguesa”, afirmou.

Segundo o Presidente angolano, “a história heroica da vossa cidade tem paralelo com a história de algumas cidades de Angola, onde os seus habitantes souberam lutar pela defesa dos valores das suas cidades, pela sua liberdade e pela salvaguarda de importantes conquistas alcançadas com esforço, empenho e determinação”.

O chefe de Estado angolano disse depois ter “a clara convicção” que o passado da Invicta contribuiu para aquilo que é hoje o Porto, conhecido como “uma cidade de trabalho, vencedora quando se propõe alcançar objetivos, dinâmica na forma como se apresenta ao mundo e pujante pelo desempenho das suas indústrias, bem como no desporto ou na cultura”.

Frisou ainda que a cerimónia em que participava “abre as portas a um futuro promissor de cooperação e intercâmbio”.

13 protocolos de colaboração

Depois desta cerimónia, João Lourenço rumou ao Palácio da Bolsa, onde foram assinados 13 protocolos de cooperação entre Portugal e Angola em diversas áreas, como saúde, turismo, ambiente, educação, ciência, inovação, entre outros sectores.

Por exemplo, na área da saúde foi assinado um acordo para “fortalecer a cooperação entre os dois países em áreas como a formação de profissionais de saúde, a emergência médica, a qualidade dos medicamentos, cuidados primários de saúde e a regulação do sector farmacêutico”.

Governo apoia “caça” à saída ilícita de capitais

Numa conferência de imprensa posterior à assinatura dos protocolos, houve perguntas sobre o repatriamento de capitais ilicitamente transferidos para o exterior. A este respeito, o primeiro-ministro, António Costa, frisou que da parte de Portugal será dada “toda a colaboração às autoridades angolanas, tendo em vista apoiar na prioridade que definiram de combate à corrupção, à promoção da concorrência leal e à recuperação de capitais que estejam indevidamente titulados”.

“Das autoridades angolanas também encontramos a vontade de que todo este processo se desenvolva sem por em causa a estabilidade do sistema financeiro português. O que importa aqui não é propriamente a localização onde o capital se encontra depositado, mas é dar o seu a quem pertence, atribuir a titularidade do capital a quem deve ser titular do capital”, acrescentou.

Angola paga dívidas de 100 milhões de euros

Questionado sobre as verbas cativas em Angola relativas a pagamentos a dívidas a empresas portuguesas, João Lourenço afirmou que estão a ser certificadas e verificadas. “A qualquer momento, Angola liquida todas as dívidas que tem pendentes”, garantiu o Presidente de Angola.

Por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa, adiantou que “estão certificados cerca de 200 milhões de euros, dos quais 100 milhões já estão pagos. É um processo em curso, as autoridades angolanas têm feito um esforço muito grande e inequívoco de contribuir para o pagamento dessas dívidas e permitir que haja uma nova confiança forte das empresas portuguesas em Angola”.