Opinião
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João Vieira Pereira

Mediocridade

Deve ser porque regressei de férias recentemente. Só pode. Assim se explica porque não embalo no regozijo diário sobre as notícias de que o INE reviu em alta o crescimento em cadeia da economia portuguesa durante do segundo trimestre de 0,2% para 0,3%.

Primeiro é estranho como ninguém estranha que Marques Mendes tenha revelado no seu comentário semanal na SIC que a economia afinal tinha crescido uma décima mais. Supostamente os dados do INE são confidenciais até à hora da sua divulgação. Não me lembro, nos anos recentes, de algum jornalista ter conseguido antecipar tal notícia. Mas também Marques Mendes não é jornalista, apesar de parecer adorar assumir esse papel.

Mas o que estranha mais é como todo um país parece anestesiado perante a desgraça que está a acontecer.

O modelo económico de crescimento prometido por António Costa é uma farsa. Nada do que ele disse que ia acontecer se verifica. Com grande probabilidade vamos terminar este ano a crescer menos do que no ano passado. Ou seja, a política de distribuição de rendimentos, que o Governo jurava que ia colocar Portugal a crescer quase 2%, afinal está a fazer-nos crescer menos do que a austeridade de Passos Coelho. Venha lá uma grande salva de palmas para a geringonça.

Sem crescimento não há receitas fiscais. E sem receitas não há orçamento que resista. Por muito mago que Centeno seja, vai chegar o dia em que todos vão perceber que as contas não batem certo

E chega o dia de hoje e descobrimos que crescemos mais um bocadinho. E parece que tudo fica bem. Mas não está. Contentamo-nos com pouco, com muito pouco. Como se estivéssemos conformados com a mediocridade. Só que crescer 0,9% em termos homólogos é uma desgraça. Só pode ficar contente quem acha que ser o segundo país da EU a crescer menos na primeira década deste século é uma boa notícia.

Os números são teimosos em mostrar que não é com esta política que vamos crescer. Aliás os números mostram a desgraça que nos envolve. O consumo privado, que devia estar a crescer 2,4%, só sobe 1,7%. O investimento está a cair 3,1% quando devia estar a crescer, pelas contas iniciais do Governo, 4,9%. As exportações sobem 1,5%, abaixo da meta de 4,3%. As importações cresceram 0,9%, contra os 5,5% estimados pelo executivo. O que até é bom pois esta quebra ajuda a melhorar os dados do crescimento. Só o consumo público está em linha com o projetado.

O que permite concluir que a única coisa que está a correr de acordo com o plano é a variável que o governo controla. O resto, o que está nas mãos das famílias, das empresas, é uma calamidade. E assim é porque a política económica deste governo insiste em fazer as escolhas erradas. Destruindo a iniciativa privada em prol de uma suposta política de esquerda que ninguém percebe.

E sem crescimento não há receitas fiscais. E sem receitas não há orçamento que resista. E por muito mago que Centeno seja, vai chegar o dia em que todos vão perceber que as contas não batem certo.

Se este continuar a ser o caminho escolhido estamos a andar direitos a uma parede. A toda a velocidade. Com a esperança de que, ou a parede se mova, ou simplesmente desapareça. Há ainda uma terceira via. A do conformismo. Será que adoramos ser assim tão poucochinho?

ALTOS

Rafa

Futebolista

Independentemente do clube onde passará a jogar (o mercado das transferências só fecha à meia noite desta quarta-feira), o jogador do Sporting de Braga e da seleção campeã da Europa está em alta: em pouco mais de uma semana já foi dado como certo no Porto, no Benfica e no Sporting. Ou seja, é desejado e disputado pelos três grandes e, a ficar por cá, deverá protagonizar a transferência interna mais cara do futebol português.

Marco Martins

Realizador de cinema

Em alta está também o realizador de “Alice”, que vai estrear no Festival de Cinema de Veneza que hoje está a começar a sua nova longa-metragem. Intitulada “São Jorge”, aborda a vida em Portugal no período em que a troika cá esteve e é considerada pela crítica como um dos grandes filmes de 2016.

Manuela de Azevedo

Jornalista

A primeira mulher a ter carteira profissional de jornalista em Portugal foi hoje homenageada pelo Sindicato dos Jornalistas e pelo Museu Nacional de Imprensa - e merece ser homenageada também aqui, pelo que representa e pelo que fez em prol do jornalismo. E, já agora, também pelo que fez hoje, dia do seu 105º aniversário: não só compareceu na homenagem que lhe foi prestada como discursou na cerimónia, não se coibindo até de interromper o Presidente da República (que também participou) quando achava pertinente ter algo a acrescentar.

José Cardoso