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MP suspeita que Sócrates recebeu 17 milhões de euros

FOTO TIAGO MIRANDA

FOTO TIAGO MIRANDA

Dinheiro terá origem no Grupo Lena, num empresário holandês e em duas empresas controladas por Helder Bataglia

TEXTO HUGO FRANCO e RUI GUSTAVO

O Ministério Público acredita ter mais provas de que José Sócrates foi de facto corrompido. O Expresso sabe que nos mandados de busca que levaram à detenção de Joaquim Barroca, administrador do Grupo Lena, o procurador Rosário Teixeira, com base em informações recebidas das autoridades suíças, alega que o ex-primeiro ministro terá recebido um total de 17 milhões de euros com origem ilegal.

Três milhões vieram da construtora Lena, 12 milhões de duas empresas controladas por Helder Bataglia, empresário com interesses em Angola e fundador da Escom e dois milhões de Jeroen van Dooren, um empresário holandês nunca antes referenciado no processo.

Helder Bataglia FOTO JOSÉ CARLOS CARVALHO

Helder Bataglia FOTO JOSÉ CARLOS CARVALHO

Em janeiro deste ano, numa resposta ao recurso de José Sócrates contra a prisão preventiva, o MP alegava que o ex-primeiro ministro teria recebido um mínimo de 1,5 milhões de euros do empresário Carlos Santos Silva.

Agora, segundo uma fonte judicial, nos mandados judiciais validados pelo juiz Carlos Alexandre (que concordou com todas as posições do MP) é descrito o circuito do dinheiro que teve, na versão do MP, como intermediários Joaquim Barroca e o empresário Carlos Santos Silva, amigo de Sócrates e preso preventivamente desde novembro do ano passado.

O MP alega que, entre 2007 e 2008, quando Sócrates era primeiro-ministro, as contas de Joaquim Barroca receberam três milhões de euros do grupo Lena. O dinheiro terá tido como destinatário final José Sócrates. Mais tarde, entre 2008 e 2009, o MP detetou seis transferências de dinheiro de duas empresas controladas por Helder Bataglia, um empresário com ligações e negócios em Angola.

Há ainda referência a três transferências de Jeroen van Dooren, num total de dois milhões de euros que, segundo o MP, passaram pelas contas de Joaquim Barroca e de Carlos Santos Silva, antes de chegarem a José Sócrates.