FUTEBOL

Há uma Liga que os separa

A POSTOS Pedro Proença e Luís Duque: um destes dois porá a mão no futebol profissional FOTOS NUNO BOTELHO E LUSA

A POSTOS Pedro Proença e Luís Duque: um destes dois porá a mão no futebol profissional FOTOS NUNO BOTELHO E LUSA

A menos de 24 horas das eleições, Proença e Duque procuram apoios. O ex-árbitro conseguiu o de Joaquim Oliveira

TEXTO ISABEL PAULO e PEDRO CANDEIAS

Os 42 clubes filiados na Liga vão amanhã a votos (14h30 às 17h30) para escolher o líder da Liga para os próximos três anos. São dois os candidatos: Luís Duque, o presidente atual, e Pedro Proença, o antigo árbitro. A eleição será feita assim: cada clube da primeira liga tem direito a dois votos (são 18); no escalão secundário, é um voto por cabeça (são 24).

A hora é de contar com quem se conta e a contabilidade peca por defeito - até à última, tudo pode mudar porque, na bola, o sentido de voto é uma estrada com dois sentidos. Mas vamos lá.


Quem está com eles

Ao que o Expresso apurou, Luís Duque tem garantidos oito apoios: Benfica (2 votos), SC Braga (2), Boavista (2), Tondela (2), Oriental (1), Farense (1), Desportivo das Aves (1) e Famalicão (1). Do lado de Proença, as coisas estão assim: FC Porto (2), Sporting (2), Estoril (2), Moreirense (2), Marítimo (2) e União da Madeira (2); e Joaquim Oliveira, que não é um clube mas vale por muitos, tal a influência que tem junto destes, sobretudo na segunda liga onde a sobrevivência depende do que chega da Olivedesportos. "Oliveira será um parceiro de excelência" de Proença, disseram ao Expresso.

E o que eles prometem

Nove meses depois de Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira terem escolhido o trunfo Luís Duque para por ordem nas caóticas contas da Liga herdadas de Mário Figueiredo, o FC Porto tirou o tapete ao ex-dirigente do Sporting para aliar-se à candidatura de Pedro Proença, o melhor árbitro do mundo 2012, administrador de duas empresas com 150 funcionários, a Fanamol, de fabrico de molas, e a Natura Verde, de gestão de resíduos.


Sem o apoio do clube do coração, Duque recandidata-se apostando numa estratégia de continuidade, nos méritos de pacificador e nos créditos de ter apadrinhado a Liga NOS, após meia época sem patrocinador. Mais recentemente negociou com os CTT o patrocínio na Taça da Liga, revelando agora como cartada maior um possível entendimento com empresas chinesas dispostas a investirem na II Liga.

Mais ambicioso apresenta-se o candidato Pedro Proença, que ao contrário da Lista A não irá concorrer à Assembleia Geral e Conselho Fiscal da Liga. Num dossier de 28 páginas, sob o lema "Credibilizar a Liga, criar valor e internacionalizar", o ex-árbitro avança com mudanças estruturais no modelo de gestão do futebol profissional em Portugal e ainda na arbitragem, setor que advoga deva ser gerido por uma empresa independente, com a comparticipação da Liga e FPF.

Numa atividade que conhece a fundo, defende que a remuneração não deve ser por critério único o escalão mas o mérito profissional, o desempenho individual e a experiência. Ainda no campo da avaliação, Proença preconiza a introdução da avaliação por vídeo e afirma-se contrário ao sorteio dos árbitros, método aprovado recentemente pelos clubes da Liga mas chumbado no passado sábado, na assembleia Geral da FPF.

Bilhética online e acesso desmaterializado em todos os estádios, criação de conteúdos exclusivos para uma futura Liga TV, introdução no calendário competitivo do inglês 'Boxing Day', a 26 de dezembro como acontece, alteração de horários de jogos são outras das inovações prometidas pelo intrépido Proença aos clubes. Outra das cerejas do árbitro que pendurou de mote próprio o apito em janeiro por entender que tinha chegado ao seu "break even point" é a disputa futura de uma Liga Ibérica, competição que visa "produzir mais espetáculo, atrair mais público aos estádios e, com isso, gerar mais receitas, mais reputação e mais valor" para o futebol nacional.

Ao Expresso, Pedro Proença refere que a ideia passa por uma competição curta, cujos participantes "serão os melhores classificados na Liga portuguesa e a espanhola" e que ocuparia parte da temporada que esteja em competição. "É um modelo a equacionar dentro das possibilidades e em estreita parceria com a Liga espanhola".

Num ponto, Luís Duque, que critica o rival por vir com nove meses de atraso, e Proença estão de acordo: na necessária centralização dos direitos televisivos, um sistema mais rentável para todos os clubes.