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Nicolau Santos

O governo mais chinês da Europa

Os investidores chineses em Portugal não são todos iguais. Nalguns casos trata-se de empresas públicas, noutros de grupos privados. Em comum têm a forma como têm sido recebidos no nosso país: muito, muito bem, sem qualquer reserva política ou estratégica. Não é por isso surpreendente que venham dizer que Portugal é o melhor país da Europa para comprar empresas. Ah, pois é! E a partir do momento em que o Governo só se preocupa com o encaixe, os chineses têm a passadeira vermelha estendida para comprar tudo o que quiserem e mais alguma coisa. Um dia chegará a fatura. Mas nesse dia já não será este primeiro-ministro que estará em funções.

Guo Guangchang, chairman e fundador da Fosun, o grupo privado chinês que já comprou a Fidelidade e a Luz Saúde (ex-BES Saúde) e está na corrida ao Novo Banco, disse-o preto no branco: «Portugal é o melhor país da Europa para investir». Mas Guangchang olha para nós também sob o ponto de vista estratégico: «Portugal tornou-se uma porta de entrada para a Europa e que acolhe bem o investimento chinês».

E assim a Fosun, que já detém 25% do Cirque du Soleil – porque «o povo chinês trabalha muito, mas também tem de aprender a aproveitar melhor a vida» - e que vai comprar 52% da quarta maior seguradora israelita Phoenix, estando presente já em 12 países, admite investir em Portugal no turismo, no setor alimentar e mesmo na comunicação social. Bom, neste último setor talvez não valha a pena: esta segunda-feira, as declarações de Guangchang estavam na primeira página do Diário Económico, do Jornal de Negócios e do Diário de Notícias, pelo menos. Nada como levar um grupo de jornalistas portugueses a Xangai. Sai seguramente mais barato e o impacto é maior.

Não há, pois, como mandar o seu filho ou filha aprender mandarim, caro leitor. O futuro profissional no país de muita gente vai provavelmente passar por empresas controladas por chineses

É claro que o facto da Fosun ter um elevado endividamento – 12,4 mil milhões de euros no final de 2014 – não incomoda ninguém por estas bandas. Haja dinheiro a entrar e empresas a comprar, que não há problemas nem de direitos humanos nem de rácios financeiros que sejam inultrapassáveis.

Venham de lá as empresas públicas chinesas para nacionalizar o que o Governo está a privatizar: China Three Gorges na EDP, State Grid na REN. Por sua vez, o BESI foi comprado pela Haitong International Securities Group; a Veolia Water Portugal foi vendida aos chineses da Beijing Enterprises Water Group. E a festa vai continuar.

Não há, pois, como mandar o seu filho ou filha aprender mandarim, caro leitor. O futuro profissional no país de muita gente vai provavelmente passar por empresas controladas por chineses. E nada como falar a língua dos patrões para aumentar as possibilidades de subir na hierarquia, já que passarmos a andar de olhos em bico vai ser mais difícil.

ALTOS

Guo Guangchang

Fosun

O líder da Fosun continua o seu plano de expansão em Portugal, inclusivamente alargando as áreas de negócio em que conta investir, como se pode ler nesta edição do Expresso Diário.

Paulo Sousa

Treinador de futebol

O antigo internacional português continua o seu percurso ascendente de treinador, sempre lá fora, e agora vai ocupar o comando da Fiorentina. Um regresso a Itália (ele que foi lá tão feliz enquanto médio da Juventus, nos anos 90).

Universidade Nova de Lisboa

A Nova Business School of Business and Economics mantém o 19º lugar no ranking mundial do Financial Times quanto ao mestrado de Finanças. E, além disso, assume este ano o lugar cimeiro na tabela no critóerio de exposição internacional proporcionada aos alunos durante a sua formação.

DECO

A Associação de Defesa do Consumidor lançou agora uma campanha de forma a permitir que os portugueses consigam pagar menos pela factura da água. exto texto texto.

Martim Silva