PRESIDENCIAIS

Vera Jardim: “Eu apoio Maria de Belém”

APOIOS Vera Jardim junta-se a Alegre no apoio a Belém FOTO JOÃO CARLOS SANTOS

APOIOS Vera Jardim junta-se a Alegre no apoio a Belém FOTO JOÃO CARLOS SANTOS

O histórico socialista junta-se a Manuel Alegre e declara o seu apoio a Maria de Belém. Mas concorda com Ferro Rodrigues; “Este debate deve agora ter um intervalo longo até às legislativas”

TEXTO Cristina Figueiredo

José Vera Jardim “não queria falar nisto, nesta altura”. “Mas as coisas precipitaram-se”. A sua camarada de partido e amiga de longa data anunciou a candidatura à Presidência da República e perante afirmações públicas que a qualificaram como uma “candidata de facção”, o histórico socialista decidiu, também ele, intervir – “essa é uma afirmação injusta e incorreta”– e assumir: “Sou apoiante de Maria de Belém”.

Entende que o debate sobre as presidenciais é extemporâneo e deve agora “ter um intervalo longo até às legislativas”. “Concordo com o Ferro Rodrigues” (o líder parlamentar do PS, recorde-se, disse ontem ao Expresso que “o PS teria completa miopia se se entretivesse nas próximas semanas” com as presidenciais). E reitera: “até 5 de outubro a prioridade não são as presidenciais”.

Ainda assim, Vera Jardim não quis deixar passar o momento para tornar público o seu apoio a uma candidatura em que se revê (e que ele próprio, em privado, defendia há muito tempo) e a uma candidata que, na sua opinião, “tem o perfil adequado para ser candidata e para exercer a função”. “Conheço-a bem, ao seu curriculum, às causas por que se tem batido; ao seu perfil sensato e dialogante”. E de todo admite que seja “uma candidata de facção”: “Esse qualificativo só agrava a discussão interna. E não me revejo nele. Nem eu pertenço a facção nenhuma. Fui apoiante de António José Seguro em 2011, de António Costa em 2014, sempre medindo as circunstâncias do momento. A única facção que eu conheço é o PS”.

“Não é muito viável o PS não apoiar ninguém”

Confessa que sentiu “pouco entusiasmo” quando apareceu a candidatura de Sampaio da Nóvoa. Até porque já na altura pensava que Maria de Belém seria melhor candidata. Sobre se o facto de haver mais do que um candidato presidencial da área socialista não quer fazer especulações neste momento. É evidente que “não é a primeira vez que isto acontece” e “nunca saberemos se o PS perdeu  [as últimas presidenciais] por causa disso”. Mas mais não adianta.

Sobre a perspetiva de o PS não vir a apoiar nenhum dos candidatos que se apresentem, Vera Jardim admite que “de um ponto de vista asbtrato é uma hipótese”. Mas “não muito viável”, no seu entender. “Nunca sucedeu”. Se o partido pode alinhar por um referendo interno, uma qualquer forma de consulta aos militantes, se verá. Para já, é um debate que não quer continuar: “Agora o PS tem de se empenhar em ganhar as legislativas e garantir um resultado sólido que lhe permita formar Governo”.

FOTO ALBERTO FRIAS

FOTO ALBERTO FRIAS

“O quanto, o quando e o como”: PS compromete-se a criar 207 mil empregos

Costa elenca cinco prioridades e apresentou as contas do programa eleitoral socialista, que prevê um défice de 1,4% no fim de quatro anos de uma eventual governação. E diz que não faz promessas, antes assume compromissos - porque está tudo “testado e avaliado”

TEXTO LUSA

O PS apresentou esta quarta-feira os cálculos finais do programa eleitoral, comprometendo-se com a criação de 207 mil empregos e alívios da dívida até 118% e do défice até 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos quatro anos. O secretário-geral socialista, António Costa, e o economista coordenador dos estudos, Mário Centeno, apresentaram "O Quanto, o Quando e o Como do Programa Eleitoral do PS", na sede nacional do partido, em Lisboa, garantindo tratar-se de "compromissos assumidos" e não "promessas", pois são "testados e avaliados nos seus impactos".

"Promover o emprego e combater a precariedade, reforçar a coesão e combater as desigualdades, aumentar o rendimento disponível das famílias para relançar a economia e aliviar a asfixia dos mais pobres e da classe média, resolver os bloqueios de financiamento das empresas e dar prioridade ao investimento, inovação e internacionalização, e, por fim, um Estado forte inteligente e moderno", foram as cinco prioridades elencadas por Costa.

O documento prevê que medidas como a eliminação da sobretaxa do IRS até 2017, a redução temporária da Taxa Social Única (TSU) dos trabalhadores para a Segurança Social até 2019, os complementos salariais para trabalhadores mais pobres e a renovação das políticas de prestações sociais, por exemplo, impliquem menos 1,8 pontos percentuais de receita total, mas também menor despesa pública, em 3,5 pontos percentuais, graças às medidas substitutivas.

Entre as formas de compensar o aumento da despesa contam-se incentivos à contratação por redução das contribuições das empresas, penalizações às empresas que promovam a rotatividade excessiva de trabalhadores, imposto sucessório para heranças superiores a um milhão de euros, congelamento de pensões e consignação de quatro pontos percentuais das receitas de IRC.

Entre 2015 e 2019, os socialistas, caso sejam Governo, estimam que o défice passe de 3,2% do PIB para 1,4%, que a dívida pública desça dos 130,2% do PIB para 117,9% e que o próprio PIB tenha uma média de crescimento de 2,6%, ou seja, que evolua dos atuais 1,6% para 2,4%, no final da legislatura.

Dentro de quatro anos, ainda segundo o estudo do PS, a taxa de desemprego baixará dos 13,6% até 7,2%, num total de cerca de 207 mil empregos, com uma trajetória de menos 0,6 pontos percentuais já em 2016 e de menos 3,6 pontos percentuais em 2019.