Banca
Qual vai ser afinal a administração da Caixa Geral de Depósitos?
LUZ A Caixa Geral de Depósitos vai finalmente ter nova administração. A cessante teve de ir ficando contra a sua vontade dos seus membros
Chumbaram oito, ficam 11. A nova administração da Caixa Geral de Depósitos tomará posse nos próximos dias. Depois de passar pela peneira do BCE, por onde não passou tudo
TEXTO Anabela Campos, João Vieira Pereira e Pedro Santos Guerreiro
Comecemos onde acabámos. No quem entra depois de do quem sai. O “onze” da administração da Caixa será composto por sete administradores executivos e quatro não executivos:
António Domingues — Presidente
Economista, 59 anos, dos quais trabalhou 27 no BPI, de onde saiu como vice-presidente, tendo a seu cargo a área financeira, experiência considerada relevante uma vez que a CGD tem em curso um processo de recapitalização. É bem visto nos círculos socialistas e, no BPI foi colega de Vítor Constâncio, hoje vice-presidente do BCE. Antes do BPI, passou pelo Banco de Portugal e pelo Banco Português do Atlântico (BPA).
Vai ser presidente executivo (CEO) e, durante um período de transição de seis meses, também presidente não executivo (“chairman”). Tanto Domingues como o governo pretendiam que acumulasse os cargos, mas o BCE impõe que os dois cargos sejam desempenhados por pessoas diferentes.
Emídio Pinheiro — administrador executivo
Vem do BPI, onde era desde 2005 presidente do Banco de Fomento Angola. Começara por desempenhar o cargo de diretor central.
Tiago Ravara Marques — administrador executivo
Liderava os recursos humanos do BPI desde 2000 e fez parte do grupo negociador do contrato coletivo de trabalho da banca. Também já foi administrador da BPI Pensões.
João Tudela Martins — administrador executivo
Fez grande parte da sua carreira no BPI. Em fevereiro deste ano passou a liderar, como diretor, a área de gestão e controlo de risco do banco. Durante mais de 13 anos foi diretor de risco do negócio de empresas do BPI. Antes tinha sido diretor comercial de empresas.
Henrique Cabral Menezes — administrador executivo
Grande parte da sua carreira foi passada no BPI, a partir de 1998, primeiro como diretor e depois com funções de administração, tendo saído deste banco em setembro de 2009. Entrou no grupo CGD em janeiro de 2014, assumindo a presidência do Banco Caixa Brasil.
Paulo Rodrigues da Silva — administrador executiv
Passou pelo BPI entre 1992 e 2000 em cargos de administração, tendo depois integrado a administração da Vodafone em Portugal de 2000 a 2004. Entre 2004 e 2009 esteve nas operações do grupo na Alemanha, Reino Unido e Turquia.
Pedro Leitão — administrador executivo
Deixa de ser presidente interino da Angola Telecom, operadora de telecomunicações que está a ajudar a reestruturar. Não tem experiência no sector bancário. Fez carreira nas telecomunicações. Entrou na PT em 2000 e quando saiu, em 2014, era administrador da PT SGPS e da PT Portugal. Iniciou a carreira em 1993 na McKinsey.
Rui Vilar — administrador não executivo
Conhece a CGD como poucos, pois foi presidente do Conselho de Administração (1989-1995) e é um dos responsáveis pela sua modernização. Foi ministro e vice-governador do Banco de Portugal. Teve vários cargos na área cultural e foi durante dez anos presidente da Gulbenkian. Passou pela administração da Galp e foi presidente da REN.
Pedro Norton — administrador não executivo
Chegou à Impresa (proprietária do Expresso) em 1992, onde desempenhou vários funções de administração, acabando por liderar o grupo como presidente-executivo entre 2012 e 2016. Licenciado em Gestão, teve uma passagem de dois anos pela banca de investimento.
Herbert Walter — administrado não executivo
Ex-presidente-executivo do Dresdner Bank, integrou a administração do BPI em representação da Allianz, seguradora que controla aquele banco alemão. Tem experiência no sector bancário e segurador, passou pela administração de vários bancos alemães. Entre 1980 e 1988 foi jornalista do “Frankfurter Allgemeine Zeitung” e do “Handelsblatt”.
Angel Corcóstegui — administrado não executivo
Antigo presidente-executivo do Santander Central Hispano, o espanhol tem uma vasta experiência no sector bancário. Trabalhou como analista financeiro no Banco Mundial, em Washington, passou pelo Chase Manhattan e pelo Banco Bilbao Vizcaya, instituição que ajudou a fundir.
Esta será a nova administração da Caixa Geral de Depósitos, que tomará posse nos próximos dias (não há ainda data oficial fixada). A equipa é diferente daquela que tanto governo como António Domingues pretendiam: 19 administradores em vez de 11, com os cargos de CEO e de “chairman” desempenhados pela mesma pessoa.
A intervenção do BCE implicou que oito administradores não executivos que já haviam sido convidados e já haviam aceite não integrem a equipa: serão “desconvidados” Leonor Beleza, Bernardo Trindade, Carlos Tavares, Paulo Pereira da Silva, Angelo Paupério, António da Costa Silva, Fernando Guedes e Rui Ferreira.
Como o Expresso escrevera na edição semanal de 30 de julho, o BCE levantou dúvidas quanto à falta de experiência bancária de alguns administradores, bem como a situações de disponibilidade e conflito de interesse, por existirem administradores propostos com cargos executivos em empresas.