Opinião
Ricardo Costarcosta@expresso.impresa.pt
As sanções depois de Éder (d.E.)
Parece que hoje voltamos à vida normal. O mundo depois de Éder (d.E.) não é bem o mesmo, porque o mundo nunca fica exatamente o mesmo quando algo extremamente improvável acontece, muito menos quando essa improbabilidade se materializa num estádio cheio como um ovo, é transmitida em direto para todo o mundo e seguida em festa absoluta por um país inteiro e na sua diáspora.
O mundo d.E. começou por parecer um feriado, decretado de forma exemplar e à moda antiga (com o édito lido em praça pública) pelo próprio Éder, para delírio popular, incluindo os milhões que estavam a trabalhar e que festejaram a franqueza do édito apesar de ele não ser bem real e não terem tido direito a qualquer feriado.
O primeiro feriado da era d.E. é mais ou menos como as sanções que Bruxelas anda a passar de mão em mão até que alguém as decrete e as mande aplicar às almas lusas e espanholas. As primeiras sanções da era d.E. são tão reais como o feriado de Éder: existem mas não existem, são aplicadas mas podem não ser sentidas, são decretadas e comentadas mas não são propriamente sentidas.
AS PRIMEIRAS SANÇÕES DA ERA D.E. SÃO TÃO REAIS COMO O FERIADO DE ÉDER: EXISTEM MAS NÃO EXISTEM, SÃO APLICADAS MAS PODEM NÃO SER SENTIDAS, SÃO DECRETADAS E COMENTADAS MAS NÃO SÃO PROPRIAMENTE SENTIDAS
Bruxelas devia ter descoberto Éder há mais tempo. Assim, em vez de andar enredada em reuniões sem fim e em declarações de complexa hermenêutica, arranjava um porta-voz que subia a um palco e dizia: "são sanções para Portugal e Espanha, car... !!!". Havia quem festejasse, quem se irritasse e quem protestasse. Mas pouco mais do que isso.
A solução, não sendo tão perfeita como o chuto de Éder, resolve várias contradições dos tratados europeus. Sempre que a coisa se arrasta, o Éder entra e resolve: num jogo contra a França, ele entra, ganha quase todos os duelos (9 em 12), sofre cinco faltas e, quando se livra do melhor central francês, chuta a vinte metros da baliza; no dia seguinte, quando milhões de pessoas estão a trabalhar com inveja dos que estão nas ruas a festejar, com uma produtividade muito baixa mas sem coragem nem direito a abandonar o posto de trabalho, o Éder sobe ao palco e diz: “hoje é feriado, car... !!!”.
Se Fernando Santos é um “frasista” (como lhe chamou um jornalista brasileiro), Éder é um “resolvista”. E, assim, no mundo d.E., Éder resolve. Quando os ministros do Ecofin ficam engalfinhados e os comissários se dividem entre pombas e falcões, o melhor é entrar o Éder: “são sanções, car... !!!”. Mas depois não são bem sanções, são outra coisa diferente. Mas isso fica para o mundo real, bem mais duro e triste. Eu, por mim, fico a viver na era d.E., é tudo mais simples e, já agora, mais direto e feliz.
ALTOS
Atletas nacionais
Nos últimos dias, com o natural destaque dado à inédita vitória no Europeu de futebol, outros feitos ficaram um pouco para trás. É o caso da prestação espetacular das atletas nacionais no Campeonato da Europa de Atletismo, em que conseguiram o ouro na meia maratona, por Sara Moreira, o outro no triplo salto, por Patrícia Mamona, e a prata nos 10 mil metros, por Dulce Félix.
Theresa May
Próxima primeira-ministra do Reino Unido
Com a saída de David Cameron na sequência do referendo do Brexit, Theresa May acabou por se destacar na corrida na substituição da liderança dos Conservadores e vai já a partir de amanhã ocupar o Número 10 de Downing Street. Uma ocasião que, não há como fugir, faz lembrar o tempo em que Margaret Thatcher liderou o Governo do Reino Unido.
Taylor Swift
Cantora
Lidera a lista publicada pela “Forbes” das celebridades mais bem pagas do ano de 2016. Uma lista em que, curiosamente, figura o “nosso” Cristiano Ronaldo, em quarto lugar.
BAIXOS
António Costa
Primeiro-ministro
A decisão do Ecofin de avançar com o processo de sanções contra Portugal por défice excessivo pode ser considerada mais ou menos injusta e mais ou menos injustificada. Mas não deixa de ser uma má notícia para o Executivo de Portugal. Depois da festa do Euro, Costa tem um duro regresso à realidade.
Martim Silva