GRANDE TURISMO
\n\nDACIA DUSTER POR TERRAS DE RIBACÔA
\n\nTEXTO E FOTOS RUI PELEJÃO/GRANDETURISMO.COM
\n\n\r\n\r\n\r\nA sombra das telhas de um velho casarão abandonado é a única do largo de Castelo Bom, aldeia histórica da Beira Alta onde o tempo só é “sensível pelo alastrar da sombra”, como escrevia o poeta Ruy Belo
\n\nEstacionados no largo, em formação de parada militar, estão cerca de três dezenas de Dacia Duster que participam na aventura organizada pelo Clube Escape Livre, da Guarda. Os concorrentes desmontam e dirigem-se ao miradouro para fotografar a paisagem que tem pouco interesse cénico - uma planície de arbustos, giestas e pedregulhos a perder de vista até à raia fronteiriça com Espanha.
\n\nEstão perto de 40 graus centígrados, a canícula aperta aqui no interior. Imagino que a terceira invasão francesa comandada por Massena, craque de estratégia militar de Napoleão, tenha enfrentado por aqui o temível General Inferno quando escolheu este corredor para tomar de assalto Lisboa. Aqui, nos confins da Beira Alta, em terras de Ribacôa só há duas estações - “inverno e inferno”. Quem o diz é o Sr. Zé, um dos três velhotes que escolheu o primeiro balcão da sombra debaixo do telhado para assistir de cadeirinha à nova invasão francesa - desta vez com uma cavalaria fabricada na Roménia sob a égide do Império Renault.
\n\n\r\n\r\n\r\nO Sr. Zé, velhote seco e rijo com uns largos óculos com lentes de fundo de garrafa e boina basca, conta-nos com irreprimível orgulho que é o habitante mais velho de Castelo Bom, uma das aldeias históricas mapeadas na rota deste passeio de todo-o-terreno - as outras são Castelo Mendo, Castelo Rodrigo e Sortelha. O Sr. Zé, com um brilho garoto lá por trás dos seus óculos de fundo de garrafa, diz-nos - Sou o mais velho da terra, tenho 93 anos!
\n\nUma verdadeira proeza desvalorizada pela Dona Maria, que abana a cabeça: “Não tem nada, tem 92 anos, só faz 93 em setembro”. O sr. Zé apanhado na treta, finge-se distraído e não nos passa cartão.
\n\nSe quisermos uma ironia para ilustrar o envelhecimento e a desertificação do interior, esta é uma delas - terras onde os velhos mentem sobre a idade, para poderem ser os mais velhos do despovoado. Da mesma forma que as crianças os fazem e algumas senhoras saudosas dos seus tempos de fausto, mas aí em aldrabice cronológica inversa.
\n\n\r\n\r\n\r\nNum país tombado para o mar, litoralizado e auto-estradizado, percorrer estas terras do fim do mundo, isoladas e perenes, coloca-nos em confronto com o território de um país aparentemente pequeno e finito em geografia, mas imenso, porque desconhecido, abandonado e ignorado. É por um bocado desse país que não chega aos telejornais a não ser quando há homicidas a monte que o Clube Escape Livre nos vai levar, com os road-books impecavelmente desenhados por Luis Celinio e a sua equipa. Road books que levaram 40 anos a desenhar, que é mais ou menos o tempo a que este clube se dedica a promover a região da melhor forma que há para fazê-lo - mostrando-a e levando-nos por trilhos e atalhos que fariam as delícias de Massena e da infantaria francesa, caso naquele tempo tivessem a sorte de ter um batedor com o conhecimento do terreno do Luis Celinio. Felizmente não tiveram.
\n\nDa Guarda e do Duster
\n\nO quartel-general da cavalaria Dacia Duster está instalado no Hotel Vanguarda, da Guarda, que de vanguarda só tem o nome. Seria, talvez há dez anos, quando era novo, agora é um velho vanguardista, desatualizado e anacrónico como quem usa uma t-shirt dos Ramones.
\n\nVale a vista sobre o fértil vale do Mondego que se estende aos pés da cidade mais alta do país, mas que parece ter ficado um pouco parada no tempo, atrofiada na sucessiva incapacidade e incompetência dos autarcas que por ali passaram. A orgulhosa cidade dos cinco F`s - Forte, Farta, Fria, Fiel e Formosa - hoje, parece mais refém do sarcasmo do poeta Júlio Ribeiro que renomeou os cinco F´s - Feia, farta, fria, fidalga, feiticeira, a que se acrescentou o falsa, por alegadamente o Bispo da Guarda ter em tempos entregue as chaves da cidade aos castelhanos. Mas isso são contas de outro rosário.
\n\n\r\n\r\n\r\nBasta passear pelas ruas e admirar as rotundas com arte pública grotesca e pimba para perceber que por aqui mandaram caciques do mau gosto e do arranjinho e se pensarmos que a primeira grande medida do novo edil, depois de 39 anos de poder autárquico socialista, foi demitir Américo Rodrigues da direção do Teatro Municipal da Guarda, ele que foi o responsável por um dos maiores baluartes da cultura no interior do país, então estamos conversados quanto ao que aí vem.
\n\nAo contrário de Castelo Branco e da Covilhã, que souberam crescer e sobreviver, a Guarda está congelada no tempo. O que demonstra a importância de ter autarcas com ideias e dinâmica ou autarcas míopes, apenas com projetos de poder pessoal, com tem sido e é o caso.
\n\nMas deixemos as politiquices para os comentadores da rádio Altitude que semanas depois ainda debatem animadamente o “fanico presidencial” na comemoração do 10 de junho que este ano decorreu aqui na Guarda. Nós vamos fazer-nos à estrada para a primeira etapa desta aventura Dacia Duster, reservada a carros da marca romena.
\n\n\r\n\r\n\r\nSão mais de 30 participantes, todos eles orgulhosos proprietários deste versátil e acessível modelo, que aqui vão trocar o trânsito nas cidades ou as viagens de auto-estrada por caminhos de cabras, trilhos de pedregulhos ou corta-fogos com a inclinação de uma rampa de lançamento digna do Cabo Canaveral. Se eles soubessem, como eu sei, as pequenas maldades que o Luis Celinio lhes prepara pelo caminho, talvez não estivessem tão sorridentes e animados...
\n\nOs primeiros quilómetros são percorridos junto à auto-estrada, a A23, uma das mais caras do país, numa das regiões mais pobres. Mas, desta vez não temos de ir para a fila dos CTT na semana que vem (único local onde se podem pagar as portagens virtuais), porque seguimos por um caminho que ladeia o asfalto. Um Duster também é bom para isto, para fugir às portagens e metermo-nos por atalhos e maus caminhos. O objetivo desta aventura Dacia Duster 4x2 é precisamente demonstrar as capacidades do Dacia Duster em trilhos de off road. Para mim não serão surpresa. Estive na apresentação internacional à imprensa da primeira geração deste modelo há quatro anos em Marrocos e fiquei abismado com o que este corcel romeno é capaz de fazer. No deserto do Sahara numa pista técnica e exigente - com grandes inclinações, valas e fossos, exercícios de trocas de eixos e outros malabarismos do género - o Duster fez com desembaraço aquilo que muitos SUV ou jipes que custam o triplo do preço fazem a medo.
\n\nSe conjugarmos esse desembaraço com a mecânica simples e robusta, economia de utilização, design atraente e um preço que inaugurou a era dos carros low cost, então percebemos porque é que o Dacia Duster atingiu tamanho sucesso e conquistou tantos adeptos, deixando a própria Renault surpreendida e preocupada. Preocupada porque para o orgulho gaulês é difícil engolir esta desfeita de ter no seu portfólio um carro que foi, em filosofia, marketing e concepção, o maior sucesso da Renault nos últimos cinco anos e que a levou a fazer um Clio “Duster” chamado “Captur”. O problema edipiano da Renault é que as miúdas giras andam de Dacia Duster e os pais delas de Clio ou Mégane.
\n\n\r\n\r\n\r\nMas nisto dos automóveis não há milagres e o facto é que o Dacia Duster é um belo embrulho a preço de saldo, mas com padrões de qualidade sofríveis - os acabamentos, os materiais utilizados e até o nível de equipamento estavam ao nível da média de um citadino dos anos 90. Com o novo modelo, uma espécie de atualização, a Dacia corrige ou atenua alguns dos seus handicaps. Á vista desarmada o novo Duster apenas se distingue pela sua nova grelha frontal e outros pequenos pormenores de estilo. No interior, o tablier foi redesenhado e alguns dos comandos foram reposicionados, os bancos estão mais ergonómicos e, de resto, pouco a acrescentar.
\n\nJá em conteúdo tecnológico há mais novidades como a inclusão do controlo de estabilidade no equipamento de série e o cruise control como opcional, tal como o ecrã táctil que controla os sistemas multimédia e de navegação e que dispõe de conexões USB e Bluetooth.
\n\nO novo Dacia Duster é comercializado em versões com motores a gasolina e Diesel e com tração às duas rodas da frente ou integral. Esta versão que conduzo é um 4x4 com motor 1.5 dCi Diesel de 110 cavalos que é o topo de gama do Dacia Duster.
\n\nComo não tem redutoras para enfrentar as subidas mais íngremes a Dacia configurou uma primeira velocidade com relações mais curtas - que lhe dá mais força no arranque, mas lhe retira suavidade. Nos primeiros quilómetros ainda em cidade o Dacia é um bocado brusco nos arranques e a caixa de velocidade é desagradável de engrenar e pouco precisa, exigindo uma certa habituação e paciência. O ruído do motor também não é propriamente música para os ouvidos, mais parecendo uma velha locomotiva a Diesel, como aquela decrépita automotora que fazia a ligação ferroviária entre a Guarda e a Covilhã. Ruído, vibrações que se sentem no volante e uma suspensão que não evita movimentos da carroçaria que nas curvas adorna que nem um barco, tornam a condução um pouco desgastante, mas, em contrapartida o conforto de rolamento em estrada e em caminhos de cabras é acima da média e a disponibilidade de potência é suficiente para ensaiar ultrapassagens seguras em estrada e subidas íngremes e com baixa tração em terra. No global é um bom compromisso qualidade preço, com baixos custos de utilização, porque é possível fazer médias de consumo moderadas, desde que não se tenha o pé pesado.
\n\nNestes primeiros quilómetros da Aventura Dacia Duster não dá para ter o pé pesado, seguimos em filinha indiana apreciando a paisagem com vista sobre a autoestrada antes de rumar à terras de Ribacôa, assim conhecidas por se situarem entre a fronteira com Espanha e o curso do rio Côa que segue o seu caminho para norte, com encontro marcado com o Douro.
\n\n\r\n\r\n\r\nÉ uma paisagem inóspita e de uma beleza rude aquela que nos espera numa terra que até tarde foi domínio castelhano e onde foi construída uma linha de fortificações e castelos para defender a fronteira dos constantes avanços e humores dos nuestros hermanos.
\n\nEste passeio todo-o-terreno é também uma viagem com história e com histórias. Como a de Jarmelo, primeira paragem da caravana.
\n\nQue não fique pedra sobre pedra
\n\nJarmelo é uma terra amaldiçoada pelo Rei D. Pedro que em 1357 a mandou destruir e espalhar sal pelos campos para “que não fique pedra sobre pedra”. Um dos assassinos de Inês de Castro, Pêro de Coelho era natural desta terra, foi ele que segurou o braço da princesa mártir enquanto esta era degolada por ordem de D. Afonso IV, pai de D. Pedro. A vergonha de Jarmelo que deixou marca na paisagem e na memória do seu povo está imortalizada numa estatuária de ferro inspirada no quadro de Columbano Bordalo Pinheiro e que recria a trágica cena do homicídio mais tristemente célebre da história de Portugal.
\n\n\r\n\r\n\r\nDe regresso ao pó da estrada seguimos por caminhos sinuosos até entrar na via das aldeias históricas que liga as três terras castelos - Mendo, Bom e Rodrigo. Breves paragens em todas elas para passear pelas ruas, admirar os pelourinhos, as muralhas intactas, os cruzeiros, as fortificações e as casas senhoriais de granito ancestral.
\n\nAs aldeias históricas são antiquíssimos núcleos urbanos com fundação anterior à nação portuguesa, de grande importância histórica. Erguem-se normalmente em terras altas, pois constituíam núcleos de defesa das populações que nelas se estabeleceram, ainda antes da denominação romana. Destacam-se pela arquitetura militar, pois a maioria encontra-se rodeada de muralhas e desenvolve-se junto de um castelo.
\n\nDestas três, a mais bonita e impressionante é sem dúvida Castelo Rodrigo. A terra altaneira e fortificada tem vestígios de ocupação pré-romana, mas foi a partir de 1296 que ganhou importância estratégica e mereceu o nome de batismo em homenagem ao alcaide D. Rodrigo que a defendeu dos ataques dos invasores. A povoação, uma das mais exemplarmente conservadas, tem edifícios de grande interesse histórico, tais como a igreja matriz, fundada pelos frades hospitalários em 1192 e dedicada a Nossa Senhora do Rocamador; a cisterna, servida por duas portas, uma gótica e outra mourisca; o pelourinho e o relógio instalado sobre um antigo torreão.
\n\nJá as ruínas do castelo revelam a raiva da população quando, no final do reinado de Filipe II, incendiou o antigo palácio de Cristóvão de Moura, um dos defensores da legitimidade espanhola sobre a coroa portuguesa e sobre estas terras de Ribacôa. Muitas das casas da aldeia foram construídas com pedras saqueadas do palácio de Cristovão de Moura. Há também sinais e marcas da presença moura e de uma comunidade judaica que aqui buscou refúgio das cíclicas perseguições de que eram alvo.
\n\nMas, quando os 40 graus que se fazem sentir aqui no alto do Castelo apertam, a visão de um idílica piscina da Casa da Cisterna faz-nos mais pensar em mergulhar na água do que na história, que isto de dar uma de Professor Hermano Saraiva é bom lá mais para o outono.
\n\n\r\n\r\n\r\nPara restabelecer forças e refrescar, a caravana de peregrinos Duster retoma um dos caminhos de Santiago, desta vez em direção a Figueira de Castelo Rodrigo onde o restaurante “O transmontano” nos banqueteia com iguarias locais - queijo do bom, enchidos de salivar - e também com uma invenção maravilhosa para os dias de verão brutamontes - o ar condicionado.
\n\nA que indica o caminho
\n\nA subida à serra da Marofa constituiu o principal desafio de todo-o-terreno do dia. Há uma polémica local com o nome da serra - os que defendem que se chama Morofa e os partidários do Padre Canário que em 1945 a benzeu como serra da Marofa. Independentemente da tese que se defenda a origem do nome é árabe e significa - “A que indica o caminho”.
\n\n\r\n\r\n\r\nE o caminho por esta serra íngreme e abrupta é um caminho sinuoso, seguindo por trilhos que ladeiam o rio Côa que vai serpenteando por aqui. O piso é rude como a deslumbrante paisagem, composta de cabeços graníticos e uma florestação que veste núcleos de oliveiras, amendoeiras e pinheiros. O Duster mostra aqui as qualidades de trota-mundos e vai subindo a serra como cabra montesa. Para ganhar maior motricidade selecionamos o modo 4x4 conjugado com um motor capaz de dar alento e força. No alto dos 990 metros da Serra da Marofa há uma réplica do Cristo Rei com uma vista panorâmica que se estende do Douro a Norte aos planaltos da raia. Esta serra no fim do mundo oferece também boas possibilidades para Luís Celínio desenhar um percurso mais assustador para os incautos participantes testarem a motricidade dos seus Dacia Duster. São vários corta-fogos com piso de cascalho e terra e uma inclinação de escadote que vistos de baixo podem assustar qualquer alminha mais destemida.
\n\nNo meu caso, como tenho fé no Duster e nos pneus Bridgestone, acelero com vigor no início da subida para depois manter uma velocidade constante - que é, além da fé, o único segredo para atacar com sucesso estas subidas infernais. Os solavancos e as porradas que o carro vai sofrendo apenas me preocupam moderadamente, até porque o carro não é meu.
\n\nMas, a verdade é que é notável como um carro que custa menos de 20 mil euros (preços a partir dos 15 mil euros) é capaz de enfrentar sem medo este desafio à motricidade e à robustez mecânica que faria muitos outros pseudo TT`s que custam o dobro do preço ficarem corados de vergonha.
\n\nPara desempoeirar desta parte mais rude do percurso a organização requisitou a roulotte de farturas da Ana Paula para nos esperar no sopé da serra. Comer uma fartura quentinha num dia em que os termómetros andam a vacilar nos 40 graus centígrados é sempre um momento alto dos passeios do Clube Escape Livre.
\n\n\r\n\r\n\r\nPara terminar a jornada, que já vai longa, uma visita a Almeida, sede de concelho e que tem um dos mais belos exemplos de arquitetura militar da Península Ibérica - o Forte de Almeida. Trata-se de uma fortaleza militar do Séc. XVII que se distingue pela sua configuração - uma estrela de doze pontas que protege a malha urbana e que foi decisiva no retardamento das tropas invasoras francesas de Massena durante o famoso cerco de Almeida entre 15 e 28 de agosto de 1810. A guarnição anglo-lusa era constituída por 4100 homens sob o comando do Coronel William Cox que acabaram por ter de capitular quando o paiol foi bombardeado pelas tropas francesas. No entanto, o atraso na tomada de Almeida deu tempo a Wellington de melhor montar as Linhas de Torres que travaram a incursão de Massena.
\n\nEsta e outras histórias de caserna podem ser vistas e ouvidas no Museu Militar de Almeida, instalado nas antigas casamatas da Fortaleza e que oferece ao visitante uma interessante panorâmica sobre a evolução da arte da guerra na Península Ibérica.
\n\n\r\n\r\n\r\nO Museu está organizado em diversos núcleos que retratam com armas, fatos e artefactos, os diversos períodos militares da história de Portugal, desde a ocupação romana ao Corpo Expedicionário português da I Guerra Mundial, passando pelas guerras da reconquista e o período das invasões francesas. Desde a lança e a espada dos centuriões romanos, aos canhões, bacamartes e granadas da I Guerra, uma curiosa coleção que fará as delícias daqueles que, como eu, admiram as armas como objeto e não como finalidade.
\n\nPara terminar a invasão Duster da Beira Alta, no segundo e último dia de campanha depois de uma noite retemperadora a beber espumante da região e a ver um jogo do Mundial de Futebol, as tropas lideradas pelo General Celínio desceram pela Serra da Estrela até Belmonte, com passagem pela aldeia histórica de Sortelha onde hoje apenas vivem três habitantes - o resto são casas de fim de semana e de férias, impecavelmente recuperadas.
\n\nBelmonte, terra onde nasceu Pedro Álvares Cabral está invadida de turistas brasileiros em busca da raiz da sua história. No interior do castelo uma companhia de teatro recria a vida medieval no tempo do descobridor ocasional do Brasil. O ator que faz de Pedro Álvares Cabral tem como cão de companhia um deslumbrante galgo irlandês que me desperta imediata curiosidade. Nunca tinha visto um cão assim - gigante e meigo. A sua origem remonta à fundação da Irlanda e a sua meiguice é apenas contemporânea já que alegadamente esta raça, também conhecida por mata lobos, foi responsável pela extinção dos lobos e dos javalis na Irlanda.
\n\n\r\n\r\n\r\nCom a conversa com Olivier, o encenador da recriação medieval, acabei por perder a visita aos três museus de Belmonte - o dos Descobrimentos, o Museu Judaico (Belmonte é o mais importante núcleo judaico do país) e o Museu do Rio Zêzere. Ainda assim, durante dois dias montado no meu fiel Rocinante - o Dacia Duster - aprendi mais sobre história de Portugal do que se tivesse ficado em casa a ver o Canal História.
\n\nÉ também por isso que me gosto de perder pelos confins de Portugal, onde me é mais fácil amar e reconciliar-me com o meu país.
\n\r\n\tROAD BOOK
\n\nOnde A região de Ribacôa compreende toda a faixa entre a nascente do rio Côa (no concelho do Sabugal) e a fronteira com Espanha. A região, bela e inóspita, estende-se até às margens do Douro internacional e abarca os concelhos de Sabugal, Almeida, Pinhel e Figueira de Castelo Rodrigo.
\n\nQuando No verão o calor pode ser insuportável e no inverno o frio é de rachar, por isso o melhor é escolher épocas temperadas como o início da primavera ou o princípio do outono.
\n\nPontos de interesse
\n\nAs aldeias históricas de Castelo Mendo, Castelo Bom e Castelo Rodrigo são de paragem obrigatória. Depois pode e deve visitar a vila fortificada de Almeida e o seu Museu Militar, a bela Serra da Marofa, o Parque das gravuras do Côa e o Douro Internacional. Se preferir, pode rumar a Sul e a partir da Guarda aventurar-se na Serra da Estrela e ir até Belmonte, com passagem obrigatória na aldeia histórica de Sortelha.
\n\n\n\n\r\n\r\n\r\nCama
\n\nCasa da Cisterna (BOLD) A Guarda oferece uma boa centralidade para explorar a Beira Alta e nesse caso o Hotel Vanguarda é uma escolha razoável a preço honesto, mas quem quiser desfrutar da experiência de viver dois ou três dias numa aldeia histórica e com histórias deve optar pela bela Casa da Cisterna em Castelo Rodrigo.
\n\nA localização é absolutamente única, na rua da Cadeia no centro da aldeia e com vista sobre o vale. Combina charme e elegância com simplicidade rústica que não descura o conforto. A Casa da Cisterna é composta por sete quartos - dois situados no edifício principal, outros dois com acesso através do jardim e três na contígua casa Mikwéh, que tem sala comum e cozinha e é ideal para grupos. A cereja no topo do bolo é a espetacular piscina no jardim onde podemos mergulhar nos frequentes dias de 40 graus e apreciar a calma e a vista da aldeia de Castelo Rodrigo.
\n\nTelefone: (+351) 271313515
\nEmail: relax@casadacisterna.com
\nPreços: a partir de 65 euros
Mesa
\n\nRestaurante “O transmontano”(BOLD) Com vista para o castelo de Castelo Rodrigo, este grande restaurante de duas salas está integrado numa simpática residencial o que pode ser útil para praticar o yoga ibérico (uma sesta) depois de almoçar opiparamente com as doses generosas de enchidos, a feijoada rica ou o cabrito assado e beber um tinto da adega local de uma região vinícola relativamente desconhecida mas com crescente qualidade e enorme potencial.
\n\nMorada: Avenida 25 de Abril, Figueira de Castelo Rodrigo
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Telefone: 271 319 020
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Montada: Dacia Duster 4x4 1.5 dCi 110 cv
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Potência: 110 cavalos
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Consumo: 5,1 l/100 km
\nPreço: €23 760