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Ricardo Costa

Lá se vai a TAP (que já tinha ido...)

A privatização da TAP parece agora absolutamente irreversível. A não ser que haja algum problema não previsto no concurso ou um incumprimento grave, a TAP será maioritariamente privada dentro de pouco tempo. No ponto a que a empresa tinha chegado era quase impossível traçar outro caminho: O fundamental agora é que se consiga uma empresa robusta e eficaz, que consiga servir os passageiros e a economia nacional.

Quem lê os meus textos sabe que não tenho uma opinião única sobre as privatizações. Fui e sou contra a privatização da REN - como já tinha sido da rede de telecomunicações - porque acho que o Estado não pode perder o controlo de redes, ativos absolutamente estratégicos para um país. Ao mesmo tempo, desconfio de privatizações a favor de Estados estrangeiros, que prefiguram renacionalizações. Também sou contra a privatização de algumas empresas, como a RTP, que só fazem sentido na esfera do Estado.

Com estas exceções, não tenho nada contra privatizações ou concessões. Mesmo no caso da ANA ou dos CTT, entendo que desde que haja uma regulação e contratos eficazes (com obrigações bem definidas), esses negócios podem ser, no limite, bons para acionistas, trabalhadores e clientes. Mas, cuidado, que muitas vezes podem correr mal e serem desastrosos para a economia de um país. E é sobre isso que devemos falar quando falamos da TAP.

No ponto a que a empresa tinha chegado era quase impossível traçar outro caminho: O fundamental agora é que se consiga uma empresa robusta e eficaz, que consiga servir os passageiros e a economia nacional

A empresa não tinha praticamente escolhas. Com poucas hipóteses de ser ajudada pelo Estado - Bruxelas tem regras muito apertadas para o setor da aviação -, e sem tesouraria decente, a TAP quase não aguentava um soluço. Desde o verão passado, com os problemas na gestão dos aviões e depois com sucessivas greves, que a companhia apenas lutava para sobreviver.

Neste contexto a privatização era inevitável e aquilo que podia (e devia) ter sido feito de forma mais faseada, acabou por se transformar numa entregar imediata da maioria do capital. Não vale a pena chorar sobre esta decisão. Mais uns meses ou um ano nas atuais circunstâncias e a empresa corria o risco de ter que despedir em quantidade e encerrar muitas rotas. Agora, pelo menos, há um caminho. Esperemos que seja sério. A TAP que agora lá se vai, na verdade já tinha ido. Há muitos anos e por muitas razões. 


ALTOS

David Neeleman

Presidente da companhia aérea Azul

Brasileiro de nascença, com dupla nacionalidade norte-americana, é o vencedor do concurso para a privatização da TAP, liderando o projeto em que também participam os portugueses da Barraqueiro. Pelo caminho, Neeleman afastou Pais do Amaral e German Efromovich. Este, por sua vez, falha pela segunda vez a compra da companhia portuguesa.

Leonardo Padura

Escritor

O escritor e jornalista cubano foi galardoado com o Prémio Princesa das Astúrias das Letras, por uma obra classificada pelo júri como "uma magnífica aventura de diálogo e liberdade".

Rui Vitória

Novo treinador do Benfica

Vai ter o maior desafio da sua ainda curta vida de treinador. Entra no clube campeão. Entra num clube ferido pela saída do carismático treinador. Não terá grande margem de manobra ou benefício da dúvida nas novas tarefas.

Hélio Sousa

Treinador de futebol

O responsável máximo pela seleção nacional de Sub-20, que foi ele próprio campeão do mundo enquanto jogador em 1989, conseguiu hoje levar a equipa de jovens portugueses a apurarem-se para os quartos de final do Mundial que decorre na Nova Zelândia.

Martim Silva