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João Vieira Pereirajvpereira@expresso.impresa.pt

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João Vieira Pereira

A verdadeira sanção é este Governo

O título desta crónica diz tudo. Andamos há meses a discutir se Bruxelas irá aplicar sanções a Portugal. Quando na verdade devíamos era estar preocupados com o que se está a passar na economia. A política económica deste Governo vai permitir que cresçamos este ano 1% e no próximo 1,1%, na melhor das hipóteses. Isto de acordo com as previsões do FMI. No ano passado o crescimento foi de 1,5%.

Claro que é importante que Portugal não sofra qualquer multa por ter falhado mais uma vez o limite orçamental. Nem sequer faz muito sentido estarmos a discutir se o défice foi de 2,8% ou de 3,2%. Na realidade, ele foi de 4,4%, se contarmos com o Banif. Bruxelas não apaga simplesmente os milhões que foram gastos para resolver aquele banco.

As sanções podem ser muito penalizadoras pelo impacto no investimento e na imagem de Portugal no exterior. Mas algo muito pior aconteceu à forma como olham para nós. Depois do esforço brutal feito para reganhar a confiança de investidores, essa credibilidade está posta em causa pela atuação desastrosa da geringonça. Sanções são o menor do nosso mal.

E a imagem é tudo. Portugal não tem investidores. Não tem capital, nem uma veia empreendedora que arrisque aquilo que é necessário para colocar o país a crescer. Precisamos de investidores estrangeiros para colmatar esta enorme deficiência que é cada vez mais feitio do que defeito.

A EUROPA NÃO ESTÁ PREOCUPADA COM O DÉFICE DO ANO PASSADO. ESTÁ PREOCUPADA COM O FACTO DE A POLÍTICA ECONÓMICA DE ANTÓNIO COSTA SER UM DESASTRE COMPLETO

Para os atrair, dispensamos governos que revertam negócios, rasguem contratos e parem reformas só para satisfazer a agenda política de um primeiro-ministro. O investidor não é cego, e quando olha para Portugal não gosta do que vê. Pior, detesta que façam dele parvo ao prometer o que não podem cumprir.

A economia ainda está a crescer, mas sem a ajuda de quem pode e queira investir. Infelizmente, a manter-se este cenário, é uma questão de tempo até que o desemprego volte a subir e a economia a cair.

Podem usar as desculpas que quiserem, Petróleo, Brexit, fraco crescimento mundial. Estes fatores afetam todos por igual. Um investidor tem isso em conta sempre que decide investir, quer seja aqui quer noutro país qualquer. O que Portugal poderia oferecer era uma alternativa válida. O que António Costa tem oferecido são argumentos para que nos risquem do mapa.

Todas as vezes que o primeiro ministro aparece a vociferar contra a ortodoxia de Bruxelas, há alguém que risca Portugal da lista de destino de investimento.

Eu só gostava de compreender como querem que Portugal cresça. Os últimos meses mostram que pelo consumo não é de certeza. Então é por onde? E este é o ponto que está em discussão em Bruxelas. A Europa não está preocupada com o défice do ano passado. Está preocupada com o facto de a política económica de António Costa ser um desastre completo.

ALTOS

Valdis Dombrovskis

Vice-Presidente da Comissão Europeia

O número dois da Comissão Europeia liderada por Jean-Claude Juncker fez bem esta manhã em reconhecer o óbvio: que Portugal, tal como Espanha, têm feito esforços no sentido da contenção do défice das contas públicas nos respetivos países.

Theresa May

Ministra do Interior do Reino Unido

Com a vitória no Brexit no referendo e a saída de cena de David Cameron como líder dos conservadores, e consequentemente o abandono da liderança do governo, dois nomes apareciam como favoritos. Michael Gove e Boris Johnson. A verdade é que os dois já ficaram para trás e a votação de ontem dos deputados do Partido Conservador permitiu observar que Theresa May é agora a granda favorita ao lugar.

BAIXOS

Pedro Marques

Ministro do Planeamento e Infraestruturas

O ministro Pedro Marques tinha prometido que até ao verão as portagens em auto-estradas do interior do país iam ser reduzidas (depois de um processo negocial com as concessionárias). Sabe quanto diminuíram as portagens? Zero.

Oscar Pistorius

Atleta olímpico sul-africano

O tribunal sul-africano decidiu hoje, depois de um conjunto de recursos e de avanços e recuos no processo, condenar o antigo atleta a seis anos de prisão pela morte de Reeva Steenkamp, sua namorada, em 2013. Apesar da pena mínima por homicídio na África do Sul ser de 15 anos, Pistorius beneficiou da atenuante pelo facto de ter demonstrado remorso pelo sucedido, de acordo com a decisão da juiza do caso.

Martim Silva