Cartas

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Carta a Zé Mourinho

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Quantas e quantas vezes me desloquei ao velho Campo dos Arcos, do “seu” Vitória de Setúbal, para ver o “meu” Sporting. Quantas e quantas vezes o seu saudoso pai, Félix Mourinho, com extraordinárias exibições (guarda-redes), impediu os velhos “5 Violinos” de sair de Setúbal com vitórias.

Sobre o seu despedimento, salvo erro o quinto, do Tottenham, confesso que não me surpreendeu. Vi muitos jogos da Liga Inglesa, e o futebol praticado pelo seu ex-clube deixava muito a desejar. Todos os despedimentos que teve implicaram o recebimento de 90 milhões de euros... ou seja, uma “pipa de massa”... e de certeza que, por isso, você não estará muito preocupado com a sua situação financeira. (...)

Caro amigo “Zé” Mourinho, este jovem nonagenário dá-lhe este conselho: não hesite, logo que possa, em regressar à sua bonita cidade de Setúbal. (...) Acabar a sua carreira em Portugal será, desculpe que lhe diga, o melhor que tem a fazer.

Tomaz Albuquerque, Lisboa

E onde estão os supervisores?!

Na v/ edição de 16/4/2021, li vários articulistas e “fazedores de opinião” a escreverem sobre o Processo Marquês. Li muitas e várias opiniões. A maioria deles, pese embora os lugares que ocupam na Administração Pública, fazem-no a maior parte das vezes em órgãos de comunicação, em espaços de opinião próprio, e a maioria das vezes sem contraditório.

Eles são autarcas, líderes parlamentares, ministros. Sei que há várias entidades que visam escrutinar a independência — mas esses espaços são ocupados sem escrúpulos e com total indiferença de tudo e de todos. Ele é por exemplo o presidente da CML, que há anos tem um espaço em nome próprio, sem contraditório, e que desta vez (no seu último programa) fez de “papagaio do pirata”, porque o “pirata” foge do assunto como o diabo da cruz. A líder parlamentar do PS faz o mesmo no “seu” programa e ainda censura um deputado que corretamente pede um “processo de autocrítica”.

O caso Marquês veio expor como a comunicação social e especialmente as TV criam estes personagens. Espero que venham a dar um espaço a todos os candidatos autárquicos, a exemplo do que se faz há anos a Fernando Medina e agora também ao atual presidente da CM do Porto. (...) Ponham os olhos no comportamento político e moral de Vieira da Silva sobre o caso Marquês. Isto é a ética a funcionar e chegava, dispensando as várias instituições de supervisão, que nada fazem.

Manuel Petróneo, Lisboa

É mentira! É mentira!

Na entrevista dada por José Sócrates a José Alberto Carvalho, sempre que este lhe recordava algum dos factos incriminatórios existentes no recente despacho de pronúncia, o entrevistado/arguido afirmava sem a menor hesitação e expressivamente: “É mentira! É mentira!”

Julgo que, se o referido entrevistador tivesse previsto o à vontade do entrevistado em debitar a sua teoria da ilegalidade e perseguição política, tão bem memorizada (pelo menos durante sete anos...) e expressa por palavras cheias de imaginação e recordações passadas (o testamento do riquíssimo avô depositado na Torre do Tombo!), José Alberto Carvalho teria orientado a sua entrevista no sentido de fazer uma simples pergunta e de aguardar a resposta, isto é, perguntando: “Senhor engenheiro, o que lhe apraz dizer sobre este facto?” (resumindo-o). Sabemos todos que a resposta seria: “Esse facto é mentira e é vergonhoso fazer-me tal pergunta!” Seria fácil ao entrevistador afirmar: “Mas, senhor engenheiro, consta do despacho de pronúncia, também o considera escrito sob falsidade?” E assim sucessivamente...

A conclusão da boa entrevista seria idêntica: Sócrates é um homem inteligente, imaginativo e megalómano, que sabe, lá no seu interior, que as suas afirmações e depoimentos estão feridos de falsidade, mas que continua com grande desplante e perversidade a afirmá-los, em virtude, infelizmente, de não ter vergonha nem consciência moral.

António d’Azevedo Pinto, Lisboa

Superliga. Não seremos todos culpados?

A excitação e revolta que está a causar esta superliga não deixa de ser surpreendente. E faço já uma declaração de interesses: eu sou completamente contra aquilo que é a supremacia do dinheiro acima de qualquer projeto desportivo. Ponto.

No entanto, o que acontece é que não existem projetos desportivos, isso é mito urbano. Podemos ter ainda uma ou outra esperança, como o Bilbao, que apenas recruta jogadores daquela região, mas coisas como esta são preciosidades, não passam disso.

A mística dos clubes tem desaparecido, e o FC Porto tem, nos últimos anos, voltado à mística porque está impedido de fazer contratações como noutros tempos, além do carácter do treinador, porque ainda há poucos anos vimos o mesmo FC Porto entrar por caminhos onde o dinheiro era mais importante do que a mística.

Mas somos todos culpados. Ao não sermos adeptos de clubes da nossa terra, ao fazermos pirataria para assistir aos jogos, retirando receitas, deixando que as Ligas vendam os direitos televisivos como tem acontecido e depois sejam os canais a definir os horários, não se importando se com isso o jogo era muito tarde ou muito cedo para o público ir ao estádio... enfim.

Uma última pergunta: há quantos anos não compram uma camisola do clube do coração ou do clube da terra? Há pouco tempo, os presidentes dos maiores clubes portugueses disseram que a pandemia veio estragar negócios, venda de naming, e talvez ainda bem. Eu, como portista, não gostaria nada de ver no Estádio do Dragão o que aconteceu ao Pavilhão Rosa Mota... Vamos, com o mesmo fervor, defender e lutar, concretamente, pelos nossos clubes?

Pedro Perdigão, Lisboa