PIB tem sobressaltos mas bem-estar dos portugueses não para de crescer desde...2013
Os economistas adoram o conceito de bem-estar. É a medida da satisfação dos agentes económicos e é o que, no limite, determina a qualidade das várias opções de política nos complexos modelos macroeconómicos. Só que bem-estar é algo que não se mede com a mesma facilidade do Produto Interno Bruto (PIB), que é muitas vezes usado em sua substituição. Ainda que não seja a mesma coisa. Há povos mais pobres mais felizes que as populações de países ricos. Apesar das dificuldades, o INE calcula o índice de bem-estar em Portugal que, embora siga mais ou menos de perto a evolução do PIB, tem um comportamento diferente. Desde 2004, o bem-estar aumentou sempre, com apenas uma descida em 2012, que coincide com o início do programa da troika em Portugal. Em 2017, cresceu 3,8%.
Mas nem tudo são rosas. Porque a crise fez mossa e os portugueses sofreram com ela. O bem-estar é calculado a partir de dois índices sintéticos — Condições materiais de vida e qualidade de vida — e estes tiveram comportamentos contrários até 2013 e só a partir de então alinharam as suas trajetórias. Refere o INE que as componentes de “Educação e a Participação Cívica” e “Governação” são as que tiveram uma evolução mais positiva. Enquanto “Trabalho e Remuneração” e “Vulnerabilidade Económica”, mais sensíveis à situação económica, foram as que tiveram desempenho menos favorável, embora estejam a recuperar desde que o PIB bateu no fundo em 2013. Para todos os efeitos, mesmo com uma economia ao nível do que era antes da crise financeira, os portugueses vivem atualmente com um PIB equivalente ao de 2008. E, mesmo com todos os problemas, Portugal estava muito longe de ser um país subdesenvolvido.