O QUE EU ANDEI PARA AQUI CHEGAR
UM CURRÍCULO VISUAL
Inna Shevchenko
Tem 28 anos e lidera o movimento feminista Femen, nascido, como ela, na Ucrânia — hoje presente em sete países. Filha de um militar, fez-se jornalista e juntou-se ao coletivo conhecido pelos protestos em topless. Raptada na Bielorrússia e perseguida no seu país, pediu asilo político à França, onde reside. Só em novembro, mostrou que pouco ou nada lhe escapa: as Femen intercetaram o carro de Donald Trump nas celebrações do fim da Grande Guerra, em Paris, e interromperam a comemoração da morte do general Franco, em Madrid. / Luciana Leiderfarb
1990
Infância normal
Nasce em Kherson, perto do Mar Negro, na Ucrânia, a mais nova de duas filhas de um militar. Os pais desdobravam-se em biscates para garantir a sobrevivência da família.
2008
Jornalismo na calha
Ingressa, “apesar das adversidades”— como disse numa entrevista — na Universidade de Kiev para estudar jornalismo, profissão com que sonhava desde criança. Foi líder estudantil e graduou-se com louvor em 2012.
2009
Ativista incipiente
Sai da faculdade para o primeiro emprego, como assessora de imprensa do autarca de Kiev. Nesse mesmo ano, recebe o convite para assistir a uma reunião das Femen sobre a luta contra a prostituição e a indústria do sexo, em permanente assédio às raparigas ucranianas. O protesto chamou-se “Ucrânia não é um bordel”.
2010
Protesto topless
Se de início se opõe a esta tática, a sua primeira manifestação de torso nu tem por objetivo chamar a atenção para o perigo de a Ucrânia eleger Victor Yanukovich, aliado de Vladimir Putin. É despedida do emprego após se ter posicionado contra a ausência de mulheres no gabinete do primeiro-ministro Mykola Azarov.
2011
Rapto e tortura
Na Bielorrússia, durante um protesto, foi raptada junto a outros dois elementos das Femen por membros do KGB bielorrusso, que as mantiveram nuas na floresta, batendo-lhes com bastões e obrigando-as a segurar cartazes com suásticas enquanto filmavam os maus-tratos.
2012
Fuga bem sucedida
Para escapar à prisão no seu país natal após derrubar uma cruz na praça central de Kiev com uma motosserra, procura refúgio em França, que um ano depois lhe concede asilo político. As Femen instalam-se em Paris. A revista “Madame Figaro” inclui-a na lista das 20 mulheres icónicas do ano.
2017
Livro e prémio
Colunista do “International Bussiness Times” e mais pontualmente no “The Guardian”, publica “Anatomia da Opressão” com Pauline Hillier. Recebe o Prémio da Laicidade francês.
2018
Franco e Trump na mira
Há uma semana, as Femen interromperam, em Madrid, um ato comemorativo da morte de Franco, sob o slogan “fascismo legal, vergonha nacional”. Acabaram detidas pela polícia. A 11 de novembro, em Paris, furaram a segurança do cortejo integrado nas celebrações do fim da Grande Guerra, no exato momento em que o carro de Donald Trump subia a avenida dos Champs Elysées.