INVESTIMENTO

Mais 500 casas de luxo em Cascais

São apenas para os bolsos mais recheados: preços dos apartamentos novos à venda no centro da vila oscilam entre €740 mil e €3,49 milhões

Pedro Lima

A explosão da procura imobiliária em Portugal, e em especial na zona de Lisboa, está a levar ao surgimento de uma série de novos projetos imobiliários virados para o segmento de luxo na zona mais central do concelho de Cascais, que vão acrescentar 500 novas casas nesta zona. A estimativa é da Câmara Municipal de Cascais com base nos projetos já licenciados.

São edifícios novos que vão surgir em espaços onde já havia construção degradada mas também nos poucos terrenos que estavam livres. Estão em diferentes estádios de desenvolvimento, com alguns já praticamente concluídos, outros em fase inicial e outros ainda prestes a arrancar. Alguns correspondem ao desbloquear de projetos que estavam na gaveta há vários anos, ou em litígio judicial ou à espera de uma boa oportunidade de valorização. E nos casos em que se aguardava por um bom momento de mercado, ele chegou com o aumento da procura, sobretudo a nível internacional, e com a consequente valorização dos preços do imobiliário nos últimos anos.

Embora seja na Quinta da Marinha que agora se desenvolve o maior projeto — o Bloom Marinha, com 88 casas, que vão de T1 a T6 — é mais perto do centro de Cascais que a maior parte das novas casas se concentram. O Expresso identificou alguns dos projetos mais relevantes (ver infografia), a que se juntam outros de menor dimensão. No total, nos projetos identificados, são mais 332 apartamentos no centro de Cascais e na zona do Monte Estoril, que está a ele colada.

Portugueses estão a comprar mais

Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, refere que grande parte destes cerca de 500 novos apartamentos e moradias de um segmento muito alto que estão a surgir na freguesia de Cascais e Estoril não estão a ser — ou não vão ser — comprados para funcionarem como casas de férias e sim para as pessoas ali viverem em permanência. “Há muita gente que se está a mudar para Cascais. E não são só estrangeiros, há muitos portugueses”, afirma.

Rafael Ascenso, diretor-geral da mediadora imobiliária Porta da Frente/Christie’s, confirma o aumento das vendas a clientes portugueses nesta zona. “Nos últimos quatro anos houve uma evolução grande no nosso mix de clientes. Se antes 85% das vendas eram a estrangeiros, hoje essa percentagem está nos 60%.” Em 2017 a Porta da Frente vendeu empreendimentos em Cascais a pessoas de 35 nacionalidades e este ano vai à volta de 28. De entre eles destacam-se os brasileiros, seguindo-se o mercado francês, sueco, sul-africano e chinês, assim como o do Médio Oriente. “Mais recentemente, passaram a haver bastantes europeus, nomeadamente italianos e ingleses, assim como americanos.”

O gestor destaca o facto de não haver aqui muito espaço para reabilitar ou construir de novo, ao contrário de Lisboa. Isto porque a vila está limitada pelo mar e pelo Parque Natural Sintra-Cascais, que impede a construção em muitas zonas. “Ao contrário de Lisboa, que tem muito para oferecer, em Cascais não há muito espaço”, acrescenta. Admitindo que a procura vai manter-se nesta zona, considera que ainda haverá oferta para os próximos dois anos. “A partir daí talvez possa haver escassez.” No entanto, adverte para o facto de a procura depender de fatores externos. “Se todos os anos tivermos alterações legais no imobiliário, nomeadamente com o aumento de impostos ou a ideia de acabar com os vistos gold, a procura diminuirá.”

Projetos concentrados no centro

O maior empreendimento já em curso na zona mais central do concelho chama-se One Living e ocupará o espaço da Praça de Touros de Cascais. Um projeto com 84 apartamentos cujas obras já arrancaram — são visíveis no local escavadoras e camiões — e que deverão terminar em 2020. Perto dali está outro projeto já bastante avançado, numa das principais avenidas de Cascais, a Avenida 25 de abril — o Santa Marta Residences — com 10 apartamentos.

No largo da estação de comboios está já a avançar outro projeto — com duas gruas a destacarem-se nos céus. Trata-se do Edifício Náutico, ocupa o espaço do antigo Hotel Nau e terá 28 apartamentos.

O maior de todos estes empreendimentos na zona central de Cascais e Monte Estoril, com 146 apartamentos, ainda está para vir: trata-se da requalificação de todo o espaço onde está o Jumbo de Cascais e algumas vivendas devolutas, mesmo à entrada da vila. “Está tudo aprovado, as obras devem começar em janeiro”, afirma Miguel Pinto Luz.

Não muito longe dali, do outro lado da Avenida de Sintra, mesmo em frente ao centro comercial Cascais Villa, há terrenos desocupados com algum espaço. Um mais recuado pertence ao construtor Américo Santo. Outro, que confina também com essa avenida, mais próximo da Avenida Marginal, foi comprado por mais de €7 milhões por um investidor individual num leilão feito há duas semanas. E ao lado, na Avenida Dom Pedro, está um outro terreno pertencente a um fundo inglês. “Têm um loteamento aprovado há muitos anos, para 7 ou 8 mil metros quadrados, mas até agora não apareceu ninguém”, explica o vice-presidente da Câmara de Cascais.

A caminho de Lisboa, mesmo na Marginal, estão mais dois projetos. Um deles — Vila Maria Pia — ainda não saiu do papel e está localizado no espaço onde existe um chalet, que será recuperado e transformado em quatro apartamentos. No total serão mais 14 apartamentos. O outro projeto “em cima” da Marginal é o Monte Estoril Ocean Residence, também com 14, que está praticamente concluído.

Não muito longe dali, um pouco mais acima, no Monte Estoril, está praticamente concluído também o projeto Vila Montrose, que tem 24 apartamentos. E está lá também o Monte Estoril Apartments, com 12, cuja construção, em curso, termina no próximo ano.