Gulbenkian faz parceria com o MIT e associa-se ao “maior concurso de inovação social do mundo”
A Fundação Calouste Gulbenkian e a Solve MIT, incubadora de ideias do Massachusetts Institute of Technology, vão lançar um concurso a nível global para premiar as melhores soluções de empreendedores sociais na área da literacia em adultos
Texto Maria João Bourbon
A Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) assinou uma parceria com o Massachusetts Institute of Technology (MIT), através da qual se tornou oficialmente coorganizadora da próxima edição do Solve MIT, em 2020.
“Com esta parceria, a FCG associa-se ao maior concurso de inovação social do mundo, aproximando-o daquelas que são as suas áreas matriciais de intervenção há mais de 60 anos, entre elas a Educação e a Coesão Social”, sublinha ao Expresso fonte oficial da instituição.
Com mais de mil propostas provenientes de 103 países no último ano, o Solve MIT é uma incubadora de ideias focada no impacto social e na resolução sustentável de problemas globais por parte de empreendedores tecnológicos. Tal como num mercado online, procura ligar empreendedores de todo o mundo a uma rede de capital humano, tecnologia e financiamento à escala global, com o objetivo de fecharem parcerias que permitam escalar os seus projetos.
Anualmente, o programa lança quatro grandes áreas e um desafio para cada uma delas, chamando a comunidade internacional de empreendedores tecnológica a desenvolver soluções. No próximo ano, os projetos irão centrar-se nas áreas da saúde, prosperidade económica, sustentabilidade e aprendizagem.
É neste último eixo que entra a Gulbenkian. Através do Programa Gulbenkian Conhecimento, a Fundação tem vindo a apoiar projetos que estimulem a literacia em adultos e a aprendizagem ao longo da vida. A parceria com o MIT — um investimento de 500 mil dólares por parte da Gulbenkian — foi uma oportunidade para unir esforços e lançar um concurso nesta área a nível global, chegando a mais pessoas.
“A parceria abre espaço para o trabalho conjunto no desenho dessa call a nível global — no caso, sobre ideias inovadoras para promover as literacias (básicas, de tecnologia de informação, media e financeira) em adultos”, explica ao Expresso fonte oficial da Gulbenkian.
Em conjunto com o MIT, a Fundação vai não só estruturar este concurso — que será lançado em março de 2020 —, mas também “usar a rede do MIT para ‘chamar’ propostas do mundo inteiro” e selecionar os melhores projetos de base tecnológica para atribuir o Gulbenkian Award for Adult Literacy (Prémio Gulbenkian para a Literacia em Adultos).
Os projetos terão que centrar-se nas literacias cruciais para a aprendizagem de adultos, ter potencial de expansão e adoção universal, ser eficazes, eficientes e “referencialmente” gratuitos e ser “obrigatoriamente” testados em Portugal, acrescenta a Gulbenkian. Já o prémio, no valor de 300 mil dólares, será distribuído por um ou vários vencedores — que contam igualmente com acompanhamento técnico de peritos do MIT durante um ano.
Esta é uma oportunidade para Portugal, um país que “ainda apresenta défices estruturais no que diz respeito aos níveis de qualificação e à aprendizagem ao longo da vida da população adulta portuguesa”, com prejuízos para “a competitividade, coesão e qualidade de vida”, aponta a Gulbenkian. “A FCG pretende, através da parceria com o MIT, contribuir para a solução deste importante problema, atraindo a atenção global (e o sector tecnológico em particular) para o tema da aprendizagem ao longo da vida, de forma a que sejam criadas soluções mais flexíveis e inovadoras que permitam aos adultos portugueses desenvolver as suas literacias (leitura e escrita, cálculo, TIC, media e consumo).”