Candidatos

O novo rosto dos Verdes no Parlamento

Quarta candidata da CDU pelo distrito de Lisboa, Mariana Silva tem um lugar quase garantido em São Bento na próxima legislatura

Quarta candidata da CDU pelo distrito de Lisboa, Mariana Silva tem um lugar quase garantido em São Bento na próxima legislatura

Chama-se Mariana Silva e surge em lugar elegível nas listas de candidatos da CDU às próximas Legislativas. É a principal novidade dos Verdes e pode mesmo substituir Heloísa Apolónia na bancada parlamentar.

Texto Rosa Pedroso Fotos Ana Baião

Tem 36 anos, é professora e pertence à direção nacional do Partido Ecologista os Verdes. Há um mês e meio, foi a primeira candidata do partido nas listas da CDU às eleições europeias, mas o resultado obtido nas urnas – um dos piores registados pela coligação – impediu-a de partir de armas e bagagens para Bruxelas. Agora, surge como quarta candidata da CDU pelo distrito de Lisboa. Um lugar mais do que elegível e que quase lhe garante um lugar em São Bento nos próximos quatro anos.

O programa eleitoral e a lista dos candidatos ecologistas às próximas Legislativas foram diculgados esta terça-feira. Ao todo são 31 os nomes indicados pelos Verdes para integrar as listas da CDU e a grande maioria são mulheres (22). Mariana Silva ocupa o 4.º lugar na lista de candidatos por Lisboa, posição que, há quatro anos, foi destinada a José Luis Ferreira, também dirigente dos Verdes e deputado desde 2001. Ferreira, por seu lado, candidata-se, desta vez, no terceiro lugar pela lista de Setúbal. É outro dos lugares elegíveis e, até agora, sempre ocupado pela líder do PEV, Heloísa Apolónia.

Marina ao lado de Jerónimo de Sousa e de João Ferreira durante um comício da CDU antes das eleições europeias, em que a dirigente dos Verdes não conseguiu um lugar em Bruxelas

Marina ao lado de Jerónimo de Sousa e de João Ferreira durante um comício da CDU antes das eleições europeias, em que a dirigente dos Verdes não conseguiu um lugar em Bruxelas

A garantia de que os Verdes mantêm o estatuto de grupo parlamentar (são precisos, pelo menos, dois deputados) fica assim assegurada por Mariana Silva e José Luís Ferreira. No entanto, dificilmente Heloísa Apolónia conseguirá um lugar no Parlamento. Pela primeira vez na história da CDU, a líder do PEV ocupa um lugar de cabeça de lista. Mas, a ‘promoção’ foi alcançada trocando um terceiro lugar elegível pela liderança da candidatura em Leiria, distrito onde, desde 1987, a coligação de Verdes e comunistas não consegue eleger qualquer deputado.

Heloísa, que é deputada desde 1995, já assumiu a corrida como “um desafio” que, apesar de muito difícil, acha que “não é impossível”. Mas, só mesmo, na noite eleitoral, se poderão tirar todas as teimas.

Saúde, Educação, plástico e LGBTI...

Integrados na coligação eleitoral com o PCP, os Verdes assumem, porém, um manifesto eleitoral próprio. Traduzido em “12 compromissos”, o programa afirma-se reforçando “a ideia de que o voto ecologista é na CDU”. Numa altura em que o tema ganhou espaço político em praticamente todos os programas eleitorais, depois da surpreendente subida do PAN nas últimas eleições europeias, os Verdes reclamam a primazia da defesa daqueles valores.

Por isso mesmo, entre as medidas avançadas no programa eleitoral estão a definição de um plano de adaptação e mitigação das alterações climáticas, ou a redução das emissões de gases de efeito de estufa e a substituição progressiva das fontes de energia. A aposta nos transportes públicos, sobretudo ferroviários, é outra das componentes ‘verdes’ do programa com que se apresentam a eleições, que integra ainda a meta de reduzir em 20% o plástico usado na embalagem de produtos, nomeadamente alimentares.

Mas não só de ecologia se faz o programa do PEV. A defesa dos serviços públicos é uma bandeira evidente, que passa pela defesa da escola pública e pela contagem integral do tempo de serviço dos professores. Ou pelo fim das PPP na Saúde e o fim das taxas moderadoras, ou ainda pela reabertura de serviços públicos de proximidade, como os balcões dos correios, os postos da GNR ou as escolas “retiradas às populações” nos últimos anos.

O 11.º compromisso é o de “lutar por direitos iguais” e, neste ponto, os Verdes assumem a linha da frente de uma das chamadas matérias fraturantes. “No que diz respeito às questões LGBTI, os Verdes contribuíram para que fossem dados passos importantes”, diz o manifesto. E, entre as propostas, consta a vontade de “promover o fim das intervenções cirúrgicas a pessoas intersexo antes de atingirem a idade de decisão” ou de reformular a lei da procriação medicamente assistida (PMA), para adequação à última decisão do Tribunal Constitucional que impossibilita o anonimato dos dadores de gâmetas. O acórdão do TC “na prática torna muito difícil o acesso à PMA“, afirmam os Verdes.