Espanha

Campanha eleitoral espanhola com um “segundo round” mais áspero e fluido

Com o debate na TVE, a campanha para as eleições de 28 de abril entra na reta final <span class="creditofoto">Foto Reuters</span>

Com o debate na TVE, a campanha para as eleições de 28 de abril entra na reta final Foto Reuters

Os líderes de PP, PSOE, Podemos e Ciudadanos afinam estratégias para o segundo debate televisivo, marcado para as 22h (menos uma hora em Lisboa) desta terça-feira nos estúdios da televisão privada Atresmedia

Texto Helder C. Martins

Quando 40% dos espanhóis ainda estão indecisos em quem votar no próximo domingo, os quatro principais candidatos voltam esta terça-feira a encontrar-se frente a frente. Com menos de 24 horas de intervalo para se prepararem, os quatro candidatos principais vão ter que corrigir o discurso esta noite para conquistar eleitores. E todos precisam de fazer alianças entre si para conseguir formar governo. As sondagem dão a vitória ao PSOE, mas sem esperança de maioria absoluta.

Os analistas citados pela generalidade da imprensa espanhola consideram que o encontro desta terça-feira vai ser mais áspero e fluido do que o desta segunda-feira, uma vez que a Atresmedia não é obrigada aos rígidos parâmetros de tempo seguidos pela TVE, a televisão pública, onde os quatro líderes se encontraram ontem à noite. O debate foi transmitido pela TVE e dez canais de televisão autonómicos e teve uma audiência total de 8,9 milhões de pessoas (43% de share).

Alberto Rivera, líder do Ciudadanos (C´s, centro-liberal) foi o vencedor do primeiro encontro a quatro, segundo a maioria dos meios de comunicação espanhóis. O debate durou pouco mais de hora e meia e incluiu também o primeiro-ministro e líder do PSOE, Pedro Sanchéz, Pablo Casado (Partido Popular, direita conservadora) e Pablo Iglesias (Podemos (esquerda populista).

O Vox, partido de extrema-direita que poderá ter cerca de 10% dos votos segundo as sondagens, não participa nos debates. A justiça eleitoral considera que a participação do partido liderado por Santiago Abascal levantaria um problema de proporcionalidade pois o Vox obteve apenas 0,2% nas últimas eleições gerais, realizadas em junho de 2018.

Iglesias vai ser mais “mais rápido” em “terreno molhado”

“Mais rápido e direto” do que ontem na TVE onde não houve muita possibilidade de confronto de “uns contra os outros” vai ser a estratégia que o candidato do Podemos, Pablo Iglesias, vai utilizar na noite desta terça-feira.

A informação é da agência noticiosa EFE que cita fontes da direção do partido, que utilizou metáforas futebolísticas para explicar a tarefa desta noite. Se ontem o debate ocorreu “num campo seco e por isso foi um debate lento, onde o importante era passar as propostas e mensagens centrais. Hoje é um campo molhado”, acrescenta a mesma fonte citada pelo jornal Estrella Digital. Para a direção do Podemos, o campo molhado permitirá outro tipo de jogo “mais rápido e direto, com mais um contra um”. Até ao fecho desta edição, a imprensa espanhola não antecipou qualquer dado sobre a estratégia que o primeiro-ministro Pedro Sanchéz deverá adotar no debate desta noite.

Casado ignora “namoro” de Rivera

Também no espetro partidário mais à direita começaram a surgir indicações do que se poderá esperar do debate desta terça-feira. O presidente do Ciudadanos, Alberto Rivera, pediu hoje ao líder do PP, Pablo Casado, para trabalhar “juntos” para que o país possa ter “um governo estável, sério e de mudança”, segundo a EFE. Numa entrevista à Antena 3, Alberto Rivera voltou a sugerir uma coligação de governo ao líder do Partido Popular, salientando que os “espanhóis querem um projeto liberal, moderado e moderno”.

Porém, Pablo Casado deverá resistir aos avanços do líder dos C's para tentar afirmar-se como a única alternativa á direita, segundo as afirmações do secretário-geral dos Populares, Teodoro García Egea.

A poucas horas do debate da Atresmedia, García Egea pediu a Rivera que não se empenhe a “dividir o voto”, salientando que “verdadeiro inimigo” é o primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez. Numa conferência de imprensa esta terça-feira e para contrariar as análises que deram a Rivera a vitória no debate da TVE, Egea fez questão de salientar que o líder dos C's “fez o trabalho sujo” ao atual primeiro-ministro. “Rivera não se inteirou ainda que o inimigo de Espanha se chama Sanchéz”, disse o secretário-geral do PP citado pelo Republica.com.

O Vox também não vai participar no debate da Atresmedia e convocou um grande comício para a mesma hora na Praça de Touros de Las Rozas, em Madrid. Marcam presença os cabeças de lista do partido de extrema- direita pela capital, o presidente do Vox, Santiago Abscal, o seu secretário-geral, Javier Ortega Smith e o responsável das relações internacionais, Iván Espinosa, entre outros.