Expresso

Daqui até às presidenciais de outubro muita água vai correr, porém, a provável derrota do atual Presidente argentino Mauricio Macri no final do ano afeta desde já a aliança sul-americana da Argentina e Brasil, que tanto convém aos Estados Unidos para fortalecer a sua posição na guerra comercial com a China. Já estalou o confronto entre o candidato do kirchnerismo, Alberto Fernández, e Jair Bolsonaro

Texto Márcio Resende, correspondente em Buenos Aires

Durante a campanha para a primárias argentinas, o candidato de Cristina Kirchner, Alberto Fernández, visitou o ex-Presidente brasileiro Lula da Silva na prisão. Esta semana, pediu ao atual chefe de Estado do Brasil, Jair Bolsonaro, que deixe Lula livre e que convoque eleições com o PR em liberdade.

O resultado das eleições primárias na Argentina, que praticamente sepultaram as chances de reeleição de Mauricio Macri nas presidenciais de outubro, levaram Jair Bolsonaro a advertir publicamente: “Pode acontecer que a desgraça e o caos se instalem na Argentina e aí teremos um problema de entrada de argentinos no Brasil. Como acontece na Venezuela em relação a Roraima (estado brasileiro de fronteira com a Venezuela)”.

“Olhem o que está a acontecer na Argentina agora. Está a mergulhar no caos. A Argentina começa a trilhar o rumo da Venezuela, porque nas primárias bandidos de esquerda começaram a voltar ao poder”, acusou Bolsonaro.

“O candidato [Alberto Fernández] disse que quer rever [acordo com] o Mercosul, o primeiro sinalizador é de que vai ser uma situação bastante conflituosa”, antecipou Bolsonaro.

Em resposta, Fernández, que alcançou 47% dos votos nas primárias – segundo a lei eleitoral argentina, o Presidente é eleito com 45% dos votos –, definiu Bolsonaro como “racista, misógino e violento”: “É de celebrar que ele fale mal de mim. Um racista, um misógino, um violento. Um gajo que celebra a tortura de Dilma Rousseff. O que eu pediria ao Presidente Bolsonaro é que deixe Lula [da Silva] livre e que enfrente eleições com o Lula em liberdade”, desafiou Fernández.

“Não tenho inconvenientes em ter problemas com Bolsonaro”, avisou o candidato, acrescentando que “Trump não é um bom líder para o mundo”, referindo-se ao terceiro membro do trio favorável ao comércio livre integrado que fortaleceria a posição do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no comércio mundial.