Expresso

E ao quinto dia começou a desfazer-se o mistério dos pacotes com engenhos explosivos. À hora de fecho desta edição, tinha sido detido e identificado o suspeito que passou a semana a enviar correspondência armadilhada a críticos de Donald Trump. As autoridades revelaram que mais detenções podem seguir-se

Texto Hélder Gomes

Chama-se Cesar Sayoc, tem 56 anos e um extenso registo criminal o suspeito de ter enviado pelo menos uma dúzia de pacotes com engenhos explosivos ao longo desta semana. Os destinatários foram personalidades do Partido Democrata (ou de alguma forma ligadas ao partido), críticas e/ou criticadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Foi detido por volta das 11h (hora local) no parque de estacionamento da loja de materiais para automóveis AutoZone em Plantation, no estado da Florida.

Duas testemunhas citadas pela agência de notícias Reuters disseram ter ouvido uma grande explosão no momento da detenção do homem. A polícia fechou as ruas à volta do parque de estacionamento e helicópteros sobrevoaram o local. As autoridades revelaram que mais detenções podem acontecer nas próximas horas. As televisões mostraram os investigadores com uma grande lona azul a cobrir uma carrinha branca coberta de adesivos. Ninguém reivindicou ainda a autoria dos ataques, que foram classificados como terrorismo.

Sayoc é republicano e a sua carrinha branca continha autocolantes do Presidente Trump e do vice-presidente Mike Pence, além de um outro com a inscrição “CNN SUCKS” (“a CNN não presta”). O suspeito já foi preso várias vezes, incluindo num caso em que foi acusado de ameaçar usar uma bomba. De acordo com o seu perfil no LinkedIn, trabalha como agente e é proprietário de uma empresa chamada International Gold Productions. Em 2012, emitiu um pedido de falência em Miami. Na altura, segundo os registos do tribunal, Sayoc disse que morava com a sua mãe em Aventura, na Florida, e listou 1150 dólares em restituição de impostos e um carro Chevy Tahoe de 2001 como os seus únicos bens.

Ainda antes da detenção, a polícia encontrou mais dois pacotes suspeitos endereçados ao senador democrata Cory Brooker e ao antigo diretor dos serviços de informação James Clapper. No primeiro caso, o pacote foi encontrado numa unidade de triagem de correio na Florida, numa altura em que ganhava consistência a pista de que o ponto de partida do correio se situaria naquele estado americano. Já o pacote endereçado a Clapper foi intercetado num posto de correios de Nova Iorque, com a morada da CNN inscrita no envelope. Recorde-se que na quarta-feira a estação de televisão evacuou todo o edifício por causa de um outro pacote contendo explosivos.

Também a senadora democrata Kamala Harris terá sido visada esta sexta-feira, estando o seu caso a ser investigado, como, de resto, os outros 12 e que incluíram o antigo presidente Barack Obama e o seu ex-vice-presidente Joe Biden, a antiga secretária de Estado Hillary Clinton e o filantropo de origem húngara George Soros. Alguns apoiantes de Trump disseram que se tratava de uma conspiração democrata para o partido conseguir mais votos nas eleições para o Congresso de 6 de novembro.