A tempo e a desmodo

A tempo e a desmodo

Henrique Raposo

Querem a realidade da Dirce ou o fanatismo da SOS Racismo?

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Uma peça da Renascença era clara: a presidente da associação de moradores do bairro Jamaica, Dirce Noronha, afirmou que a esmagadora maioria dos habitantes do bairro não é contra a polícia, que a polícia não é racista e que as pessoas dali não estavam interessadas em manifestações antipolítica marcadas pela SOS Racismo e quejandos. Mas claro que os ‘media’ seguiram Mamadou Ba e o SOS Racismo nas tais manifs. Resultado? Uma manif à porta da Câmara do Seixal contou apenas com três pessoas do Jamaica. Havia mais jornalistas do que pessoas do Jamaica – para mim, é o facto central das últimas semanas, porque mostra a existência de uma instrumentalização partidária e mediática deste problema que é contrária à sensibilidade e aos interesses das pessoas reais destes bairros.

A jornalista Maria Henrique Espada explicou-nos finalmente o que é a SOS Racismo: um mero apêndice do BE mascarado de ONG independente. Portanto, os jornalistas têm de decidir: continuam a seguir o pronto-a-pensar do BE ou ouvem pessoas como a Dirce

Qual é afinal a representatividade da SOS Racismo? Representa quem e o quê? Na “Sábado” da semana passada, a jornalista Maria Henrique Espada explicou-nos finalmente o que é a SOS Racismo: um mero apêndice do BE mascarado de ONG independente. Portanto, os jornalistas têm de decidir: continuam a seguir o pronto-a-pensar do BE ou ouvem pessoas como a Dirce? A voz do BE não é a voz de quem vive nesta pobreza suburbana – nunca foi. Ademais, a tal SOS Racismo está ainda em incumprimento de várias obrigações legais há anos. Como é visível na peça da “Sábado”, há uma total falta de transparência ao nível financeiro e ao nível da identidade das pessoas, embora fique claro que as pessoas conhecidas são quase sempre do BE.

Os jornalistas têm de ir aos bairros e não à SOS Racismo <span class="creditofoto">Foto Nuno Botelho</span>

Os jornalistas têm de ir aos bairros e não à SOS Racismo Foto Nuno Botelho

O espantoso é que o BE e a SOS Racismo têm descaramento para dizer que, Não senhor, não há ligação entre as duas entidades! Mas é claro que as pessoas são as mesmas. Nos órgãos sociais disponíveis para consulta (os de 2012), oito dos doze membros da direção já foram candidatos pelo BE. Não, a voz da SOS Racismo não é a voz da verdade sobre este tema; a SOS Racismo é apenas uma marquise ideológica do BE, e deve ser tratada como tal.