Angola leva Mota-Engil a valorizar 25%

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A construtora foi a estrela da bolsa esta semana Foto d.r.

As ações da empresa entraram em 2019 com o pé direito depois de um ano negro. Esta semana, foi a estrela da praça

Texto Abílio Ferreira

A Mota-Engil, o conglomerado da família Mota, teve em 2018 um ano horrível na bolsa. Foi a cotada que mais perdeu, destruindo mais de metade do seu valor. Num ano, perdeu 360 milhões de euros, encolhendo a fortuna da clã de António Mota em 240 milhões.

Novo ano, nova viagem. A construtora entrou em 2019 com o pé direito e, beneficiando de notícias que deram conta da entrada no capital de investidores institucionais, logo apanhou o pelotão da frente das valorizações.

Esta semana, a pedalada foi mais vigorosa e deu nas vistas, acumulando mais de 15% de valorização, Voltou esta sexta-feira a superar a cifra dos 2 euros, após uma subida de 3,5% na sessão de hoje. Ontem, já se destacara com uma subida de 7%.

O desempenho incluiu uma liquidez (acima do milhão de ações por dia) superior à média da empresa.

O que suporta o entusiasmo?

Manuel Mota, o filho do patriarca e que que dirige a Mota-Engil África, elogiou em Luanda o acordo sobre a dupla tributação Portugal- Angola e referiu como valor da carteira no país o número de 800 milhões de euros. É uma cifra que empolga e que compara com valores passados da ordem dos 500 ou 600 milhões. Manuel Mota admite um crescimento de produção em Angola superior a 10%, em 2019.

A notícia levou mesmo a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM)a pedir uma comunicado oficial à construtora sobre o assunto. O comunicado citava a “ a dinâmica económica do país e o lançamento de alguns projetos de promoção pública e privada” como os fatores que suportavam o otimismo do grupo para Angola.

A carteira global da Mota-Engil rondará os 5 mil milhões -África costuma representar 40%.

Mas, em Angola o problema não é de carteira, mas de financiamento e realização de obras. A Mota-Engil tem resolvido o problema dos atrasos de pagamento do Estado angolano com aplicações em dívida pública indexada ao dólar.

Ação volátil e sensível

Uma parte da explicação para a notável recuperação da Mota-Engil em bolsa estará na excessiva correção registada em 2018.

Vamos aos números: Na última sessão de 2018, a Mota-Engil fechou a cotar nos 1,61 euros.

Esta sexta-feira fechou nos 2,04 euros - um acréscimo de 43 cêntimos, uma valorização de 27%. A capitalização do conglomerado é agora de 487 milhões (382 milhões no início de 2019), superando, por exemplo, o valor dos CTT.

A cotação está em máximos de outubro. Mas, a Mota-Engil é uma ação muito volátil e sensível. Reage rapidamente às notícias. Em 2018, variou no intervalo entre 4,2 e 1,48 euros

Retalhistas valorizam

A bolsa portuguesa esteve esta semana em alta (2%) seguindo a tendência internacional. A Sonae (6,6%) e a Jerónimo Martins (4,3%) beneficiaram do bom momento bolsista que o retalho atravessa. A Sonae conta ainda com uma exposição vantajosa ao mundo tecnológico e reage sempre que uma das suas empresas surge com notícias favoráveis.

Esta semana foi a Outsystems (Sonae detém 45%) que anunciou ter batido um recorde de receitas em 2018 - superou os 100 milhões, uma subida de 66%.

A generalidade das casas de investimento dizem que a atual capitalização do conglomerado da família Azevedo não captura o real valor dos seus negócio de tecnologia, pendurados na subholding Sonae Investment Management (IM).