A tempo e a desmodo

A tempo e a desmodo

Henrique Raposo

Mais importante do que a Notre-Dame

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É uma das grandes histórias esquecidas do nosso tempo: o ataque sistemático às comunidades cristãs. Em África, no arco muçulmano, na China, este tem sido um padrão que tem passado à margem da agenda dos grandes temas. Por exemplo, não se percebe o fenómeno Isis/Daesh sem passarmos por este ponto: as igrejas cristãs mais antigas foram aniquiladas ou expulsas dos locais onde estavam há dois mil anos.

Mais de mil igrejas foram vandalizadas em França só no ano passado. Será que este facto teve eco na imprensa e no mercado das hashtags? Não. E depois ainda há gente que fica espantada com a explosão dos nacionalismos na Europa, a começar em França

O Cardeal de Lisboa fez bem em salientar este ponto. E fez bem em salientar outro ponto que também tem passado ao lado da agenda: mais de mil igrejas foram vandalizadas em França só no ano passado. Será que este facto teve eco na imprensa e no mercado das hashtags? Não. E depois ainda há gente que fica espantada com a explosão dos nacionalismos na Europa, a começar em França. Ao lado, sinagogas e cemitérios judeus também têm sido sistematicamente atacados, o que provoca uma sangria da população judaica europeia em direção a Israel – outro dado que nos envergonha como europeus.

Este silêncio mediático e político foi sempre inaceitável do ponto de vista da verdade. Agora é inaceitável do ponto de vista da sobrevivência eleitoral: o branqueamento das faces negras e violentas das comunidades muçulmanas alimenta todos os dias os nacionalismos.