Jornadas Parlamentares

PS a marcar passo antes da campanha eleitoral

Carlos César disse que foi “penoso” trabalhar com a esquerda e atacou o BE na questão dos familiares <span class="creditofoto">Foto Nuno Veiga/Lusa</span>

Carlos César disse que foi “penoso” trabalhar com a esquerda e atacou o BE na questão dos familiares Foto Nuno Veiga/Lusa

Gastronomia de Portalegre foi (quase) o único ponto de exaltação das jornadas parlamentares do PS, onde só Carlos César decidiu aquecer a pré-campanha

Texto Miguel Santos Carrapatoso

Os deputados socialistas completaram esta segunda-feira aquelas que devem ser as suas penúltimas jornadas parlamentares nesta longa legislatura. Sob o desígnio de “jornadas de proximidade”, o PS cumpriu à risca aquilo a que se tinha proposto.

Foram jornadas? Foram, na medida em que ‘jornada’ é sinónimo de viagem e, de facto, alguns (poucos) deputados do PS viajaram até Portalegre. Foram parlamentares? Foram, uma vez que a comitiva era composta maioritariamente por deputados e deputados são, como é sabido, parlamentares. Foram de proximidade? Foram, dado que estiveram todos relativamente próximos uns dos outros. E o que ficou? Muito pouco.

Desta vez, António Costa não apareceu. E Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do PS, também não. Para abrilhantar as jornadas do grupo parlamentar socialistas apareceram Duarte Cordeiro, novo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, e Pedro Marques, cabeça de lista do PS às europeias. Mas abrilhantaram pouco. No jantar-comício organizado no domingo à noite, e perante algumas dezenas de militantes socialistas, os dois discursaram alguns minutos e reclamaram algo que pode ser muito brevemente resumido como ‘mais força para o PS nas próximas eleições’. Duarte Cordeiro ainda pediu “a melhor e a maioria possível” para aprovar a nova Lei de Bases da Saúde. E Pedro Marques deixou um desafio tímido a Paulo Rangel e Nuno Melo: que apareçam no terreno e vejam o trabalho que fez como ministro do Planeamento e das Infraestruturas e deputado. Pouco mais.

Salvaram-se as bochechas de porco assadas, amplamente aclamadas, e a intervenção de Carlos César. O presidente e líder parlamentar do PS apontou mais uma seta ao alvo que há muito desenhou, a esquerda, com quem foi “penoso” trabalhar. E decidiu levar o próximo combate político para outro patamar: as europeias serão a primeira volta das legislativas e a governação socialista será “indiretamente sufragada” na próxima ida às urnas. Dramatização que surgiu poucas horas antes de ser publicada a sondagem da Aximage que dá Rangel a disparar nas intenções de voto, com quase mais dez pontos percentuais do que há dois meses. Agora não há como voltar atrás: as europeias são mesmo um teste à força do PS.

Esta segunda-feira, já sem a companhia de Duarte Cordeiro e Pedro Marques, César cumpriu os restantes pontos do programa destas jornadas. Visitou o Centro de Formação da GNR e as instalações da Pousada da Juventude de Portalegre, numa inspeção verdadeiramente relâmpago: o líder parlamentar do PS deixou a Pousada sensivelmente à hora a que devia estar a chegar, pouco depois das 11 horas. Uma antecipação de agenda muito pouco comum nestas andanças, senão inédita.

Ainda assim, na Pousada da Juventude, que, por sinal, estava despida de jovens (e de gente, no geral), César ainda falou aos jornalistas, dedicando alguns minutos a Catarina Martins e a Marques Mendes, depois de ambos questionarem as ligações familiares no Governo socialista. Antes de recordar que também o pai e a irmã do comentador foram e são (no caso de Clara Marques Mendes) deputados, César devolveu as críticas aos bloquistas. “Não percebo como é que o BE pode fazer [essas observações], sendo um partido onde são diretas e abundantes as ligações familiares no seu grupo parlamentar”. Estava cumprida a missão.

César ainda teve tempo para parar e almoçar no café central do Pisão, onde o leitão e a cabidela de excelência foram os únicas notas de reportagem. Já não iria à Praia Fluvial do Alamal, no concelho do Gavião, e último ponto do programa. Rumou antes a Évora para se juntar ao primeiro-ministro no doutoramento honoris causa de Alexandre Quintanilha. Órfãos de líder parlamentar, os deputados socialistas (os poucos que vieram a estas jornadas), lá seguiram o seu rumo. Uns para a dita praia, outros para Coudelaria de Alter e para o aeródromo de Ponte de Sor. Discussão política e iniciativas legislativas que costumam servir de corolário às jornadas parlamentares? A seu tempo, os relatórios serão produzidos e entregues ao Governo, prometeu César.