Dívida

Portugal tem novo exame de rating esta semana. É a vez da DBRS

A DBRS sempre foi a agência mais generosa com Portugal. Nunca cortou o rating para especulativo <span class="creditofoto">Foto d.r.</span>

A DBRS sempre foi a agência mais generosa com Portugal. Nunca cortou o rating para especulativo Foto d.r.

É a vez da agência canadiana DBRS, que nunca baixou a notação da dívida portuguesa para lixo financeiro. Há seis meses, reafirmou o rating de triplo BBB atribuído em abril do ano passado. Com a perspetiva de decisões futuras em “estável”, a notação não deverá subir, mas aquela pode subir para “positiva”

Texto Jorge Nascimento Rodrigues

Portugal regressa na sexta-feira à sala de exames do rating. Agora é a vez da agência canadiana DBRS, a única que nunca cortou a notação da dívida portuguesa de longo prazo para o terreno especulativo, vulgo ‘lixo financeiro’. A decisão só vai ser conhecida já depois do fecho dos mercados financeiros na sexta-feira.

É a primeira vez, este ano, que os canadianos analisam a situação portuguesa. Como a perspetiva (a que a agência chama de tendência) que atribuíram em abril do ano passado foi “estável”, isso significa que é baixa a probabilidade de o rating ser mudado na reunião de amanhã. Há um ano, a DBRS decidiu subir a notação de BBB baixo (equivalente a BBB menos) para BBB, o segundo nível acima de ‘lixo financeiro’.

A expetativa centra-se, agora, na possibilidade de a perspetiva ser melhorada para ‘positiva’, o que abriria a porta a uma subida de rating nos próximos 6 a 12 meses. A DBRS volta a analisar a notação a 4 de outubro.

A DBRS tem uma particularidade em relação a Portugal. Nunca foi tentada a empurrar a dívida portuguesa para ‘lixo financeiro’, mesmo durante os anos de chumbo da crise da dívida e do resgate da troika. Isso permitiu que o Banco Central Europeu (BCE) mantivesse a dívida portuguesa como elegível para o programa de compra de ativos a partir de 2014, e sobretudo a aquisição de dívida pública a partir de março de 2015, que funcionou como um resgate paralelo ao país. A Mario Draghi chegava que uma das quatro agências que o BCE leva em consideração – além da DBRS, a Standard & Poor’s, a Fitch e a Moody’s – mantivesse o país fora de ‘lixo financeiro’.

A agência canadiana poderá vir a melhorar o rating português para BBB+ se Mário Centeno der garantias em quatro indicadores. O rating poderá sofrer um empurrão para uma melhoria de nível “em resultado de excedentes primários sustentáveis, crescimento económico estável, levando a uma maior redução do rácio da dívida pública”, referia o comunicado da agência publicado em outubro passado. A que juntava um outro ingrediente, novos progressos na redução da dívida malparada nos bancos.

Em outubro, a agência canadiana ainda não estava na posse dos dados de fecho do ano. O crescimento económico acabou por continuar acima da média europeia e Centeno conseguiu a proeza de descer o défice orçamental para 0,5% do PIB, um mínimo desde 1972, abaixo do valor de 0,7% que a DBRS ainda considerava em outubro passado. Os riscos para o horizonte orçamental “parecem contidos”, como referia a agência. Para 2019, Centeno aponta para 0,2% no défice e menos de 120% do PIB na dívida pública.

Este ano, a Standard & Poor’s subiu, em março, o rating de Portugal de BBB- para BBB (colocando-o ao mesmo nível do que o atribuído pela Fitch e a DBRS) e definiu a perspetiva (outlook) como estável. A Moody’s, que atribuiu a Portugal uma notação de Baa3 (equivalente a BBB-) em outubro do ano passado, o nível mais baixo entre as quatro agências, não emitiu nenhum comunicado depois da reunião de 15 de fevereiro.