Pedro Lima

CRÓNICA

Fui comprar o novo passe… e “ganhei” mais de 40 euros

Os novos passes em Lisboa passam a poder usados a partir de 1 de abril. O Navegante Metropolitano, que custa 40 euros, permite usar todos os transportes da Área Metropolitana de Lisboa

Os novos passes em Lisboa passam a poder usados a partir de 1 de abril. O Navegante Metropolitano, que custa 40 euros, permite usar todos os transportes da Área Metropolitana de Lisboa

O jornalista Pedro Lima tentou comprar em agosto de 2013 um passe social para se deslocar de transportes públicos entre Cascais e Lisboa, com passagem por Paço de Arcos. O que queria não existia - era preciso ter dois passes, que ficavam por mais de 80 euros. Este é o relato do que mudou quase seis anos depois, agora que apareceu o novo passe Navegante Metropolitano, válido para os transportes de toda a Área Metropolitana de Lisboa

Texto Pedro Lima

Não demorei mais do que dois minutos a comprar o novo passe “Navegante Metropolitano normal” na estação de comboios de Cascais, esta quinta-feira de manhã. Sem stresse, sem filas, sem confusões. Mas foi só à segunda tentativa.

A primeira foi nas máquinas disponíveis para compra de bilhetes e passes. Há quatro na estação da CP, uma das quais estava avariada. As outras três estavam ocupadas, mas ficaram livres poucos segundos depois. A introdução do passe que já tinha – o Lisboa Viva - na máquina identifica para o que é que ele foi utilizado: foi uma única vez, para a ligação entre Cascais e Lisboa-Cais do Sodré, uma “assinatura normal 4 zonas” de 30 dias que custava 49,1 euros. E esse “passado” inviabilizou o carregamento do novo passe de 40 euros que dará a possibilidade de viajar em todos os transportes públicos da Área Metropolitana de Lisboa. Para o carregar foi preciso ir à bilheteira uma primeira vez para incluir a modalidade “Navegante Metropolitano” e depois já será possível carregá-lo nas máquinas. Mas também pela Internet (portal Viva), pelo sistema Viva Go, através do Multibanco, da rede de agentes (como os CTT), além dos operadores de transportes, como a CP.

Na bilheteira, estão dois funcionários.

Numa das filas está uma estrangeira a perguntar como se vai para a estação de “Alcantarra-Marre”. A funcionária que me atende explica, perante o pedido que lhe dirijo para comprar o novo passe Navegante Metropolitano, que ele só é válido a partir de 1 de abril. É uma das questões que mais se colocaram nos últimos dias: quem comprar este novo passe na área de Lisboa só o pode utilizar a partir de 1 de abril (ou em algumas zonas do país a partir de 15 de abril ou 1 de maio). Mas para obviar a este problema foi criado um minipasse designado “Navegante 7 dias Abril”, de venda temporária, válido por 7 dias e que permite cobrir o período que vai até ao fim dos passes atuais (que tinham a duração de 30 dias mas não tinham início numa data fixa).

No meu caso, a intenção inicial, em agosto de 2013, era ter um passe que assegurasse o percurso entre Cascais e Lisboa, assim como o acesso ao Metro e ainda a utilização dos autocarros da Vimeca/Lisboa Transportes na zona de Paço de Arcos. Mas tal passe não existia: era necessário ter dois passes e, para os ter, o saldo final ficava em mais de 80 euros.

A decisão foi então ficar com apenas um passe, da CP, entre Cascais e o Cais do Sodré. Custava 49,1 euros na modalidade “normal” (ou seja, sem ser nas versões para jovens ou reformados) e podia ser comprado a qualquer altura do mês, com a duração de 30 dias. Foi emitido em agosto de 2013 e a sua renovação ocorre em fevereiro de 2020. Mas só foi carregado uma vez, por 30 dias: o facto de ser apenas para o comboio, excluindo o autocarro e o metro, tornou-o dispensável - e dispendioso.

A opção foi portanto, até hoje, continuar a usar o automóvel e esporadicamente o comboio e o metro, levando à proliferação de cartões em papel “Viva Viagem” – alguns para o comboio em viagens de 2 zonas, outros para o comboio em 3 zonas, outros para o comboio em 4 zonas, outros para o Metro, sem nunca saber se tinham lá dinheiro, o que levava a que às vezes perdesse o comboio por falta de saldo e tivesse de ir para extensas filas de passageiros, muitas vezes com turistas que não dominavam o “modus operandi” do sistema de bilhética dos transportes de Lisboa. E como às vezes me esquecia desses cartões, tinha de comprar novos - e cheguei a ter mais de 10. Acresce a isto o facto de cada cartão custar 50 cêntimos e ter um prazo de validade de um ano. Um sistema tão ineficiente que chegou a colapsar quando a dado momento deixou de haver cartões destes à venda.

O Navegante Metropolitano salda-se assim, no meu caso, por um ganho superior a 40 euros, por maior comodidade - acaba o stresse de não saber se “há ou não há dinheiro no cartão” - e pelo acesso a um conjunto bem mais alargado de transportes públicos.