Crime

Filho de funcionário destacado da Guiné sequestrado na Margem Sul conhecia um dos raptores

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Alguns dos autores do rapto tinham antecedentes criminais por crimes violentos. Vítima foi levada da Amadora para o Vale da Amoreira, na Margem Sul do Tejo, e mantida em cativeiro durante três dias

Texto Hugo Franco

Um jovem empresário, filho de um funcionário destacado dos serviços de imigração da Guiné-Bissau, sequestrado durante três dias no Vale da Amoreira (Moita), conhecia um dos raptores. A informação é avançada ao Expresso por Manuela Santos, diretora da Unidade Nacional de Contra Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária. “A vítima apenas conhecia um dos autores, mas na sequência da investigação desenvolvida foi possível identificar os restantes elementos do grupo”, afirma.

O guineense foi raptado na Amadora no início do ano e levado para uma habitação no Vale da Amoreira por três homens e uma mulher com idades entre os 40 e 49 anos. Permaneceu fechado e sem qualquer tipo de contacto com o exterior durante três dias, sendo alvo de grande violência, como salienta Manuela Santos. “A vítima foi agredida e coagida durante os três dias em que foi mantida em cativeiro.”

No entanto, nem vizinhos ou outras pessoas próximas do local ouviram gritos ou movimentações suspeitas. Ou se alguém se apercebeu de algo errado preferiu ficar em silêncio. “Nada foi reportado.”

Alguns raptores com cadastro

Questionada pelo Expresso sobre se a vítima alguma vez correu perigo de vida, a diretora da UNCT responde que se desconhece, pelo menos até ao momento, quais as intenções do grupo no caso de “não ser atingido o propósito do rapto”: um pedido de resgate à família.

Ontem, terça-feira, tinha sido avançado pela TVI que o montante entregue aos autores do rapto teria sido de 5 mil euros, informação que a PJ diz não corresponder ao verdadeiro montante extorquido. Manuela Santos não adianta, porém, qual o valor real adiantado pelos familiares guineenses.

Esta responsável da Judiciária revela ainda que o recurso à violência não era uma novidade para determinados membros do grupo. “Alguns dos arguidos têm antecedentes criminais por crimes violentos”, esclarece.

Quanto à vítima, depois de libertada terá colaborado com as autoridades para chegar até à identificação dos quatro suspeitos.

Manuela Santos não respondeu se haverá algum raptor por capturar ou se existe a suspeita de um mandante. A investigação da UNCT ainda se encontra em curso e haverá diversas diligências por realizar.

Os quatro suspeitos vão ser presentes a um juiz no Tribunal de Instrução Criminal do Barreiro, que irá determinar as medidas de coação a aplicar aos suspeitos.

Na Guiné-Bissau, a notícia do rapto violento causou surpresa, havendo alguns boatos a circular sobre a identidade da vítima.