Clima

Única entidade que faz previsões a longo prazo garante que o verão não terá temperaturas anormais

<span class="creditofoto">Foto João Carlos Santos</span>

Foto João Carlos Santos

O próximo verão “será mais quente que 2018 mas não tórrido ou excecionalmente muito quente”, desmistifica a única entidade que em Portugal faz previsões a três meses - a reação surge depois de notícias que davam nota de um verão anormalmente quente. Quanto à Proteção Civil, diz estar atenta, contando este ano pela primeira vez com uma aeronave equipada com câmaras térmicas para analisar temperaturas

Texto Amadeu Araújo

O verão, que oficialmente começa dentro de um mês, promete ser normal, com uma a duas ondas de calor e nada diferente dos anos anteriores. É esta a análise feita pela única entidade que em Portugal faz previsões a três meses, a startup I-Climate, que desmistifica o alerta, de origem norte-americana, que deixou a população a preparar-se para um verão muito quente. Apesar disso, a Proteção Civil tem, pela primeira vez, um avião de observação meteorológica que conta com câmaras térmicas e que fará medições diárias, para que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera possa fazer as previsões a 3 dias. Em caso de alerta de vaga de calor, a Proteção Civil vai reforçar o dispositivo, como pode acontecer já na quarta-feira.

“Calor intenso e temperaturas recorde vão marcar o verão da Europa este ano. A ameaça de incêndio será elevada em Portugal e as ondas de calor vão durar vários dias”, anunciou o site norte-americano AccuWeather. O especialista em riscos naturais e analista climático Mário Marques, da I-Climate, uma startup que faz análise de riscos e previsão meteorológica, desmente a amplitude do alerta. “Todos os anos o calor chega em junho, isso é o normal em Portugal. “O período critico de incêndio aumenta em meados da estação, uma vez que, historicamente, os piores incêndios, e também o maior número, ocorrem entre 15 julho e 15 de agosto”.

A previsão da empresa aponta para “um verão quente, e até com aquelas depressões de origem térmica e trovoadas de fim de tarde, em agosto, com dias de calor abafado, como era normal acontecer”. Mesmo Lisboa, já mais no sul do país, “regista temperaturas máximas perto e acima dos 40º C”. “Imaginem nos locais mais quentes de Portugal”, desabafa.

Lembrando que, mesmo em setembro último, houve 3 dias em que as temperaturas subiram aos 43º C nalguns pontos do país, Mário Marques acrescenta que “já tivemos temperaturas de 43º C em quase todos os verões dos últimos 20 anos - e nalguns foram muito acima dos 43º C”.

Proteção Civil tem avião com câmaras térmicas

A Proteção Civil conta, desde sexta-feira, com um avião de observação, estacionado em Viseu, que está equipado com câmaras térmicas e fará a análise das temperaturas. Miguel Ângelo, comandante da Proteção Civil para o distrito, esclarece ao Expresso que “o dispositivo está estruturado e tem uma célula que faz análise de risco”. Esta célula, que trabalha diretamente com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), analisa as previsões a três dias “e determina os diferentes níveis de alerta”. “Em caso de calor, podemos reforçar os meios ou antecipar as datas”. Para junho está previsto um novo reforço dos meios em prontidão, mas “se a meteorologia aconselhar, pode ser antecipado para dia 29”, quando se prevê a subida das temperaturas.

As previsões sazonais da I-Climate vaticinam, no entanto, um “verão que não será tórrido, talvez com uma a duas ondas de calor, o normal que temos todos os anos”. O verão, que começa em junho, “chegará tímido e poderá prolongar-se até meados do outono”, conclui Mário Marques.

Em 2018 esta startup foi a única entidade europeia que, logo em maio, previu um verão fresco no sul da Europa e quente no norte do velho continente.