Universidade da Covilhã vai pôr drones a prevenir incêndios

foto D.R.

Há dois projetos de investigação que estão quase a chegar ao mercado. Um prevê colocar drones a identificar zonas de mato por limpar. Outro inclui uma aplicação com informação sobre linhas de água ou cabos de alta tensão, essencial para quem anda no ar

Texto Vítor Andrade

O povo diz que a necessidade aguça o engenho e um dos alunos do professor de aeronáutica Jorge Silva, na Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, acaba de reconfirmar o ditado.

Sendo piloto de helicópteros, o aluno, Carlos Cavaleiro, sabe, melhor que ninguém, o que é que lá em cima importa ter à mão para que o trabalho corra na perfeição. E, na verdade, uma das ‘ferramentas’ realmente importantes para quem está a pilotar é a informação tão pormenorizada quanto possível sobre o terreno que se sobrevoa.

E foi assim que, no Departamento de Aeronáutica da UBI, nasceu uma app (aplicação para telemóvel, ou tablet) que permite saber em tempo real toda a informação sobre linhas de água que permitam, em plena tarefa de combate a incêndios, saber onde se pode reabastecer tão rápido quanto possível para mais uma descarga sobre as chamas.

No combate ao incêndio, porém, também pode ser muito importante, para os pilotos, terem a noção exata dos locais por passam as linhas de alta tensão, para evitar choques indesejáveis e, por vezes, fatais.

Assim sendo, Carlos Cavaleiro fez da sua tese de mestrado o trabalho de desenvolvimento de uma app que possa conter toda esta informação. Poderá ser acedida por qualquer piloto, nacional ou estrangeiro, para já apenas para o concelho do Fundão, onde decorre o projeto experimental, mas a solução pode rapidamente ser alargada a todo o território nacional e, eventualmente, exportada.

Outro aluno de Jorge Silva está a desenvolver sensores para aplicar em drones que, por sua vez, irão identificar em que zonas do coberto vegetal de uma determinada área é mais urgente intervir em termos de limpeza (de matas e florestas). São drones de asa fixa, que têm mais autonomia que os suportados por quatro hélices.

A tecnologia made in Covilhã é, segundo o professor de aeronáutica, “mais versátil e com mais aplicabilidade que toda a concorrência. Além disso também custa muito menos”.

Imagine-se, por exemplo – e ainda segundo contas daquele professor -, que um helicóptero cobra 100 euros por hora, por hipótese, para sobrevoar e filmar ou fotografar o coberto vegetal de uma certa zona. “Com um dos nossos drones esse custo poderia ter menos um zero, e ficar, por exemplo, em 10 euros”, exemplifica. Os números são fictícios, mas dão uma ideia aproximada da diferença de custo de que podemos estar a falar.

O passo seguinte, para as duas propostas tecnológicas criadas na UBI, passa pela angariação de investimento. Nomeadamente junto de autarquias, comunidades intermunicipais ou ainda recorrendo a fundos do Portugal 2020.

Entre os principais clientes potenciais estão também autarquias, bombeiros, sapadores, proteção civil e, naturalmente, empresas privadas que atuem no sector da produção florestal.