SEGURANÇA

Menos crimes, menos violência, salvo muitas exceções

CRIMES A criminalidade violenta e grave desceu 5,4% em relação a 2013, existindo um total de 19 mil participações às autoridades FOTO MARCOS BORGA

CRIMES A criminalidade violenta e grave desceu 5,4% em relação a 2013, existindo um total de 19 mil participações às autoridades FOTO MARCOS BORGA

Boas notícias. Os portugueses cometeram menos crimes em 2014, assegura o Governo. Mas também há más. O terrorismo veio para ficar nos relatórios de segurança.

TEXTO HUGO FRANCO

Desde 2003, altura em que começou a ser publicado o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), nunca houve tão pouca criminalidade participada à PJ, PSP e GNR. Os últimos dados do RASI revelam que em 2014 as três forças de segurança registaram no seu conjunto 343.768 participações de natureza criminal. Ou seja, uma diminuição de 24.684 em relação a 2013, o que corresponde a um decréscimo de 6,7%. Uma notícia que o Expresso publicou em primeira mão na semana passada quando avançou com os dados provisórios deste relatório do Governo.

O valor de 2014 situa-se abaixo da média dos últimos doze anos, que foi de 395 mil participações. Os piores anos foram os de 2008 e de 2009, quando as participações ultrapassaram as 415 mil. A partir dessas datas, a criminalidade participada esteve sempre a descer.

Também a criminalidade violenta e grave desceu 5,4% em relação a 2013, existindo um total de 19 mil participações às autoridades (menos mil do que as do ano anterior).

O furto em veículo motorizado, a ofensa à integridade física, a violência doméstica, a condução sob efeito de álcool e o furto de residências estão entre os crimes mais participados no ano anterior. Mas quase todos revelam ter menos casos registados do que no ano anterior.

O sobe e desce

Uma das maiores descidas em relação a 2013 foram os furtos de metais não preciosos (-37,1%), que em anos anteriores tinha sido um dos crimes que mais havia crescido, principalmente nas zonas rurais, onde o roubo de cobre quase se massificou e se tornou numa autêntica chaga social.

Em sentido inverso, em 2014 os crimes cometidos por jovens cresceram consideravelmente. Mais 23,4% do que no ano anterior. No total, foram registados pelas autoridades 2393 delitos realizados por menores entre os 12 e 16 anos, ou seja, uma subida de 453 casos.

Também a violência doméstica teve mais casos do que no ano anterior, embora a tendência tenha sido mais suave: houve mais 31 casos participados às polícias, que representam uma subida de 0,1%. Na totalidade registaram-se quase 23 mil crimes de violência conjugal em 2014.

O relatório revela que 81% das vítimas foram mulheres e a esmagadora maioria delas tinha mais de 25 anos de idade. Mais de metade dos agressores foram os seus cônjuges ou companheiros.

Droga e terrorismo

O tráfico de estupefacientes ocupa uma parcela importante no documento oficial, de 478 páginas. As polícias fizeram 5 mil apreensões durante o ano passado. A grande fatia foi de haxixe (3200), seguindo-se cocaína (993), heroína (643) e ecstasy (132). Mais de quatro mil pessoas foram detidas durante estas operações anti-droga por todo o país.

No RASI relativo a 2013 tinha sido indicado pela primeira vez a existência de jovens portugueses “no palco da Jihad” na Síria e no Mali. Um ano depois, as autoridades referem que o fenómeno jiadista tem crescido, embora nunca avançando com dados quantitativos. “Observou-se um incremento da ameaça representada pelo terrorismo jiadista, de matriz islamita, conotado com a Al-Qaeda, com o Grupo Estado Islâmico e grupos afiliados, pelo que se manteve a permanente monitorização do fenómeno e a identificação dos respetivos agentes e modus operandi”, salienta-se no relatório.