TECNOLOGIA
Apple Music. A maçã aderiu ao streaming
VENTOS DE MUDANÇA Tim Cook, CEO da Apple, espera que o novo serviço seja uma lufada de ar fresco no negócio da música, que já não rendia tanto como noutros tempos FOTO ROBERT GALBRAITH/REUTERS
O novo serviço da tecnológica norte-americana chegou esta tarde e já o utilizámos. A Apple entrou definitivamente no mundo do streaming, mas terá argumentos para ganhar a serviços como o Spotify? O preço é competitivo e os AC/DC deram o sim
TEXTO JOÃO MIGUEL SALVADOR
A compra da Beats por 3 mil milhões de dólares (cerca de 2,6 mil milhões de euros) já o indicava e a apresentação do Apple Music acabou por acontecer há três semanas. Hoje é um dia grande para a marca da maçã: milhares de pessoas vão descarregar a versão mais recente do software, o iOS 8.4, e aderir ao novo serviço de música por streaming. O lançamento aconteceu em simultâneo para 100 países, desta vez com Portugal incluído.
ABRAÇAR A MÚSICA Tim Cook, CEO da Apple, com Eddy Cue, vice-presidente para os serviços de internet e software FOTO ROBERT GALBRAITH/REUTERS
Depois do protagonismo de Jony Ive — responsável pelo design de alguns dos mais icónicos dispositivos da marca da maçã — na cúpula do poder, é tempo de Eddy Cue mostrar que a sua área é uma aposta segura de Tim Cook. O primeiro round começou hoje.
Foi há apenas duas horas que o nosso iPhone deu sinal: o iOS 8.4 chegou. A mais recente atualização de software oferece o Apple Music de origem, sem necessidade de qualquer download (o mesmo aconteceu com a aplicação do Apple Watch na atualização anterior).
Este é o primeiro passo para o sucesso: quando uma aplicação não precisa de ser descarregada, a adesão acontece de forma mais natural (e rápida).
Depois de muitos rumores e incertezas, também o valor da mensalidade, aplicável após os três meses gratuitos, já é conhecido: são €6,99 para a subscrição individual e €10,99 para o pack familiar (que inclui até 6 pessoas).
Por enquanto, o velho iTunes continua ativo mas é possível que tudo volte a mudar num futuro próximo. Agora é preciso combater o todo-poderoso Spotify (que está disponível de forma gratuita com publicidade; a €0,99 durante um trimestre experimental ou por €6,99 após esse período).
Os argumentos a favor da Apple são vários, mas os suecos levam um avanço de sete anos. Foi em 2008 que o Spotify nasceu. No Apple Music há espaço para um pouco de tudo: 40 milhões de músicas, uma rádio a trasmitir 24 horas por dia, sugestões de editores e ainda um espaço dedicado à interação.
Egos e novidades no Apple Music
Num mundo em que os egos têm de ser geridos, Taylor Swift acabou por fazer o pleno: demonstrou o seu ponto de vista e conseguiu que a própria Apple alterasse uma decisão. Foi numa carta aberta, publicada no seu Tumblr, que a cantora norte-americana de 25 anos se monstrou descontente com o facto de a tecnológica norte-americana não pagar aos músicos durante os primeiros três meses do serviço. Sim, a Apple mudou de ideias e vai mesmo pagar aos autores durante o período de testes.
A verdade é que a poderosa intérprete acabou por incluir a sua discografia no Apple Music, tendo já a sua página no Connect (parte da aplicação dedicada à interação entre os artistas e os fãs). Embora Taylor Swift tenha decidido apagar a suas músicas do Spotify, a guerra que travava não era contra a evolução, mas sim quanto à forma como foi feita.
Opinião diferente tinham estrelas rock como os australianos AC/DC, que só há três anos começaram a vender música digitalmente e que agora também decidiram aderir ao streaming: Spotify, Rdio e Apple Music são as plataformas em que a sua discografia estará disponível.
A resistência vinha sobretudo de alguns do maiores nomes da música. Aos poucos, nomes como Led Zeppelin, Beatles, Metallica, ou Pink Floyd foram entrando, mas agora o jogo acontece à séria.
Quem não podia faltar ao lançamento do novo serviço era Dr. Dre, fundador da Beats. O seu serviço Beats Music desapareceu, mas “The Chronic”, o icónico álbum lançado em 1992, fará parte do portefólio da nova jóia da coroa.
É impossível saber o que pensaria Steve Jobs, o eterno líder da tecnológica, sobre esta integração do streaming no universo Apple, mas o mundo mudou e o iTunes (plataforma de armazenamento e reprodução de áudio e vídeo) já não satisfazia as necessidades dos utilizadores.