RANKING EXAME

Fortuna dos 25 mais ricos cresceu €10,4 milhões por dia

Trata-se do maior salto dos últimos cinco anos. Já o top 3 - família Amorim, Alexandre Soares dos Santos e família Guimarães de Mello - cresceu €3,5 milhões ao dia

Texto Helena C. Peralta

Cerca de 18,8 mil milhões de euros foi o montante total apurado pela revista Exame para o património das 25 famílias mais ricas de Portugal a 5 de julho de 2017, valor que representou um considerável acréscimo face ao mesmo período de 2016. No ano passado, este valor ficara perto dos 15 mil milhões de euros, montante ainda abaixo do apurado em 2013, ano em que a revista alterou o seu método de contabilização. Em termos líquidos, as maiores fortunas cresceram assim qualquer coisa como 3,8 mil milhões de euros em apenas um ano, o que representou uma valorização de cerca de 10,4 milhões por dia.

Já os três primeiros lugares do top, que em conjunto acumulam 7,8 mil milhões de euros patrimoniais, valorizaram cerca de 1,3 mil milhões face a 2016, o que representou um crescimento diário de 3,5 milhões de euros. Contudo, se a comparação se estender aos últimos cinco anos – desde 2013 que a avaliação é feita com base nas cotações, no caso das empresas cotadas, e com base nos múltiplos dos EBITDA, no caso das empresas não cotadas, permitindo uma melhor comparação destes últimos anos –, esta evolução não é assim tão vantajosa. Mesmo em 2013, ano ainda de recuperação económica pós-crise, o total dos 25 mais ricos ascendeu a 16,7 mil milhões de euros, valor apenas superado este ano. A quebra de 2013 para 2014 chegou mesmo a 2,4 mil milhões, a maior dos últimos cinco anos, sobretudo devido à desvalorização da fortuna de Américo Amorim, que caiu de 4,5 mil milhões para 3,2 mil milhões devido à ligeira queda da cotação da Galpenergia, do desinvestimento feito no Banco Popular, bem como dos resultados negativos atingidos pela área da banca onde se manteve. Mas também Alexandre Soares dos Santos viu uma penalização no seu património mobiliário: as cotações da empresa caíram de 14,2 euros para 11 euros nos meses que separaram uma avaliação da outra.

Foto Luís Barra

Foto Luís Barra

Em 2013, 2014 e 2015, Belmiro de Azevedo ainda estava no pódio com medalha de bronze, com uma fortuna de 1,2 mil milhões de euros, mas do top 3 foi o único que se manteve estável em termos de valor ao longo deste cinco anos. Foi depois, em 2016, destituído pela fortuna da família Guimarães de Mello, liderada por Vasco de Mello, dona da Brisa, CUF e José de Mello Saúde. Desde a quebra de 2014 que o valor total dos 25 maiores patrimónios foi recuperando lentamente até chegar ao valor agora atingido.

Os mais ricos da lista

O ranking atribuiu em 2017, tal como nos últimos cinco anos, o primeiro lugar à família de Américo Amorim, falecido neste mês de julho aos 82 anos, com um valor de 3,8 mil milhões de euros, património este que será depois repartido essencialmente pelas suas filhas, Paula, Luísa e Marta. Esta avaliação só foi possível devido à considerável valorização do seu património em Bolsa: as ações da Galpenergia subiram de pouco mais de 12 euros para 13,2 euros em apenas um ano. Mas a maior apreciação foi mesmo a Corticeira Amorim, que passou de 7 euros em junho de 2016 para 12,7 euros em julho de 2017.

Na segunda posição do ranking mantém-se estável Alexandre Soares dos Santos, maior acionista da Sociedade Francisco Soares dos Santos, que detém a maioria da Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, entre outras insígnias. Também ele viu a sua fortuna crescer devido à valorização das ações da empresa em Bolsa, que cotava, à data da avaliação, a 17,1 euros, o que compara com os cerca de 14 euros do ano anterior. Este, que já liderou a lista em 2012, poderá muito bem ser catapultado agora para o primeiro lugar com a divisão do património de Américo Amorim, ficando a uma considerável distância das outras posições.

Já a família Guimarães de Mello, que o no ano passado ascendeu à terceira posição, viu o seu património valorizar sobretudo devido aos bons resultados da Brisa, concessionária da qual tem uma parcela considerável. A sua fortuna ascendeu a cerca de 1,47 milhões de euros, a maior avaliação desde 2013, altura em atingiu os 1,6 mil milhões de euros.

Revista Exame com todos os detalhes desta lista já está disponível nas bancas

Porém, além destas três grandes valorizações, ainda se destacam mais dois nomes na lista dos maiores acréscimos: Pedro Queirós Pereira e António Mota, ambos com a sua fortuna em valores mobiliários. António Mota e suas irmãs tinham em 2013 um património bolsista de cerca de 800 milhões de euros, valor que desceu a pique nos anos seguintes, face à queda do papel Mota-Engil. Este ano deu-se uma recuperação considerável, pois a construtora da família cotava a 2,43 euros a 5 de julho, contra os 1,70 euros registados há cerca de um ano, atribuindo-lhes uma fortuna de 422,1 milhões de euros. Pedro Queirós Pereira e sua mãe, Maud Santos Medonça, conseguiram igualmente uma boa recuperação, passando de 341 milhões de euros em 2016 para 569 milhões de euros em 2017. Isto porque a Semapa, empresa cotada que detém o grupo Secil e da Navigator Company (ex- Portucel Soporcel), é detida em 71,9% pela Sodim, sociedade controlada pela família. A Semapa cotava a 17,1 à data da avaliação, o que compara com os 10,60 euros registados há cerca de um ano.