CULTURA

Feira do Livro de Lisboa. Recorde de participantes e reedição em força de Cardoso Pires

LIVROS NO PARQUE Muitos editores aproveitam estes 18 dias para melhorar a sua facturação. FOTO ANTÓNIO PEDRO FERREIRA

LIVROS NO PARQUE Muitos editores aproveitam estes 18 dias para melhorar a sua facturação. FOTO ANTÓNIO PEDRO FERREIRA

Numa edição com número recorde de participantes, a APEL espera enchentes no Parque Eduardo VII, onde os editores e livreiros abrirão os stands amanhã à tarde. Este ano, as grandes novidades são um “palco” gastronómico e a aposta no público infantil

TEXTO JOSÉ MÁRIO SILVA FOTOS ANTÓNIO PEDRO FERREIRA

Logo à entrada da Feira do Livro, junto ao Marquês de Pombal, o “Show Cooking” promete atrair as atenções. Trata-se de uma cozinha profissional, equipada com todos os utensílios necessários, mas montada em cima de um palco, pronta a receber os autores de livros gastronómicos que queiram recriar, ao vivo, as suas receitas, partilhando técnicas e segredos com o público. “É uma forma de pôr literalmente à prova esse tipo de livros, cada vez mais procurados pelos leitores portugueses”, explica Bruno Pacheco, secretário-geral da APEL (Associação Portuguesa de Editores e Livreiros), organizadora do evento, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa. Neste momento, estão já agendadas 20 iniciativas para o “Show Cooking”, mas é de prever que se registem mais inscrições durante a Feira. “A agenda ainda não está fechada.” Paralelamente, aumentará a oferta de “espaços gourmet e street food”, que já foi significativa na edição passada. “Nesse campo, haverá um salto quantitativo (11 novos espaços), mas sobretudo qualitativo”, garante Bruno Pacheco.

Embora o panorama do mercado editorial seja preocupante, com as vendas do primeiro semestre a sugerirem um agravamento da crise no sector, a APEL encara a edição deste ano da Feira com muito optimismo. Além de um aumento do número de pavilhões, 271 (mais 21 do que em 2014), cresce também o número de participantes (123, mais 23), e estão previstas para cima de mil iniciativas, entre a programação oficial e a dos pavilhões, contra as cerca de 700 em 2013 e 900 no ano passado. Se as condições atmosféricas ajudarem, os organizadores esperam ultrapassar largamente os 532 mil visitantes da última edição: “Houve anos em que a chuva nos prejudicou. Em 2014, foi o excesso de calor, com temperaturas de 40 graus no último fim-de-semana, tradicionalmente um dos mais fortes. Esses factores ultrapassam-nos, claro. Mas acho que há condições para atingirmos, desta vez, a meta dos 600 mil visitantes.”

Se é um facto que muitos editores aproveitam estes 18 dias para melhorar a sua facturação, Bruno Pacheco sublinha que “não é com uma boa Feira que alguém salva economicamente o ano”. Na maior parte dos casos, os participantes fazem uma “dupla aposta”. Por um lado, reservam cada vez mais lançamentos de novidades para esta altura, chegando a convidar autores internacionais para apresentarem os seus novos livros na Feira. Por outro, continuam a aproveitar para tornar atractivos os seus fundos de catálogo. “É sabido que a rotatividade nas livrarias é cada vez mais rápida e muitos livros saem logo dos escaparates. A Feira acaba por ser uma oportunidade para lhes dar uma segunda vida.”

FOTO D.R.

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Entre os lançamentos previstos para a Feira está o regresso de um autor que foi durante muitos anos presença assídua nas mesas de autógrafos do Parque Eduardo VII: José Cardoso Pires. Publicado em vida pela D. Quixote, volta agora a estar disponível para novas gerações de leitores com a chancela da Relógio d’Água, que começará por reeditar quatro dos seus livros essenciais: “O Delfim”, “Balada da Praia dos Cães”, “O Anjo Ancorado” e “De Profundis, Valsa Lenta”, com prefácios respectivamente de Gonçalo M. Tavares, António Lobo Antunes, Mário de Carvalho (inéditos) e João Lobo Antunes.

Em parceria com as Bibliotecas Municipais de Lisboa, a Feira vai permitir a 120 crianças, com idades compreendidas entre os oito e os 12 anos, uma experiência única: dormir uma noite entre livros, na Estufa Fria, depois de ouvir histórias contadas por autores de literatura infantil e actores. A iniciativa “Acampar com Histórias” acolhe 20 crianças em cada uma das seis noites previstas, estando as inscrições fechadas. Como a procura excedeu as expectativas, foi criada uma lista de espera, havendo ainda a hipótese de se vir a acrescentar uma sétima noite à programação. As crianças tomarão igualmente contacto com a Happy Van, uma biblioteca móvel destinada a promover os hábitos de leitura, recorrendo a novas tecnologias.

FOTO ANTÓNIO PEDRO FERREIRA

FOTO ANTÓNIO PEDRO FERREIRA

Destaque ainda para um ciclo de conferências sobre questões relacionadas com o mundo do livro, sempre à quinta-feira, no auditório da APEL. Já amanhã, estará presente Pierre Dutilleul, presidente da Federation of European Publishers, que debaterá a problemática dos direitos de autor e da pirataria com Jorge Barreto Xavier, Secretário de Estado da Cultura, e João Alvim, presidente da APEL. Haverá ainda um ciclo de 11 debates organizados pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e a primeira edição do encontro literário “Nós e os Livros”.

Os horários da Feira, que abre amanhã às 16h00 e termina no dia 14 de Junho, mantêm-se. Entre segunda e quinta-feira, das 12h30 às 23h00; sextas e véspera de feriado, das 12h30 à meia-noite; sábado, das 11h00 à meia-noite; domingo e feriado, das 11h00 às 23h00.