INCÊNDIOS

PT contesta Costa e diz que superou “inequivocamente” serviços contratados pela SIRESP

Incêndio em Pedrógão matou 65 pessoas Foto Rui Duarte Silva

Incêndio em Pedrógão matou 65 pessoas Foto Rui Duarte Silva

Depois de o primeiro-ministro ter afirmado ao Expresso que o “colapso do SIRESP [operadora da Rede Nacional de Emergência e Segurança] resultou do colapso da rede da PT” durante o combate aos incêndios, a empresa nega categoricamente ter falhado. E diz ter dúvidas quanto à instalação de cabos subterrâneos

Texto Liliana Coelho

Mais de dois meses após o incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, Leiria, e que alastrou aos distritos de Coimbra e Castelo Branco, a Portugal Telecom (PT) quebrou o silêncio sobre as alegadas falhas na rede SIRESP. “Falamos hoje e só hoje porque era um dever que tínhamos. Quem define o tempo somos nós. A pressa é inimiga da perfeição”, afirmou esta quinta-feira de tarde em conferência de imprensa Alexandre Fonseca, chefe da Gabinete Tecnológico da PT.

Depois de António Costa ter dito, em entrevista ao Expresso, que o “colapso do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) resultou do colapso da rede da PT” durante o combate aos incêndios, a empresa nega categoricamente ter falhado. Segundo Alexandre Fonseca, a PT/Altice acredita que cumpriu “inequivocamente” todos os níveis do serviço fornecido pela empresa, com “imediata prontidão” durante os quatro dias de combate aos fogos. “Fizemos tudo o que era suposto”, insistiu.

Foto Tiago Miranda

Foto Tiago Miranda

A reação surge em linha com a já manifestada pelo SIRESP, que negou no final de junho que tenha havido qualquer interrupção no funcionamento da rede ou que alguma estação base tivesse ficado fora de serviço face as incêndios. Na altura, a rede garantiu que esteve à altura do teatro de operações.

Sobre a intenção de o Governo pedir à PT para instalar cabos subterrâneos nas zonas mais vulneráveis a incêndios, a empresa admite que está a analisar essa solução com a tutela, mas tem dúvidas que a mesma se revele eficaz. “Não é claro que cabos enterrados resolvam o problema”, frisou o chefe da Gabinete Tecnológico da PT. Acrescentou também que a PT integra dois grupos de trabalho com vista ao aumento da resiliência e da redundância da rede SIRESP.

Foto José Carlos Carvalho

Foto José Carlos Carvalho

Num balanço sobre os trabalhos dos últimos 60 dias, Alexandre Fonseca revelou ainda que já foram repostos mais de 12 mil postes ardidos e mais de mil quilómetros de cabos que foram queimados pelos fogos numa centena de concelhos do centro.

O primeiro-ministro afirmou, em entrevista ao Expresso, que é necessário garantir as “redundâncias necessárias” na rede SIRESP para evitar falhas. E adiantou que o Governo já garantiu o funcionamento de quatro carrinhas que permitem a ligação a satélite para restabelecer as ligações no caso de haver falhas na rede fixa.

Em julho, António Costa chegou a manifestar-se apreensivo em relação ao futuro da PT, admitindo temer o “desmembramento” da operadora nas mãos da Altice à semelhança do que aconteceu com a Cimpor.