FOTO MARCOS BORGA

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PRESIDENCIAIS

Henrique Neto candidata-se a Belém (ainda) sem assinaturas

Surpreendeu tudo e todos com a candidatura, que apresenta amanhã. Ainda não tem assinaturas, nem mandatários. Medina Carreira apoia-o. João Soares também admite fazê-lo (se Guterres não vier). Ribeiro e Castro diz que é uma candidatura interessante e “out of the box”

TEXTO BERNARDO FERRÃO

O trabalho começa agora.” A frase é de um colaborador de Henrique Neto que amanhã apresenta a candidatura às eleições Presidenciais de janeiro do próximo ano. A primeira a ser oficializada. E de facto está ainda muita coisa por fazer. Desde logo a recolha das 7500 assinaturas (no mínimo) obrigatórias para propor uma candidatura. Henrique Neto ainda não tem nenhuma. Mas como explica o seu colaborador: ”Estamos com algum tempo”. “Daqui até às eleições vamos recolhê-las sem problema”.

Henrique Neto começou a trabalhar mais “afincadamente” na sua candidatura “desde janeiro”, mas “é algo que já tem bastantes meses” explica ao Expresso o mesmo colaborador. Foi tudo feito no mais absoluto segredo. “Só um grupo muito restrito de pessoas é que sabia”, o que permitiu que nada tivesse transpirado.

De facto, o avanço de Neto apanhou “toda a gente desprevenida”. Incluindo António Costa que, confrontado pelos jornalistas, atirou secamente: “É-me indiferente”. Será? No PS há já quem tema os estragos que a candidatura do empresário de Leiria pode fazer. Não só divide o eleitorado, como pode também trazer o tema Sócrates para a campanha. Neto era e é um conhecido inimigo do ex-PM e nunca o disfarçou. E nas primárias do PS optou pelo lado de António José Seguro, não poupando nas críticas a Costa.

João Soares, que foi também apoiante de Seguro, elogiou na SIC Notícias a candidatura. E deixou entender que não sabia se ia votar em Neto porque primeiro era preciso perceber se Guterres é ou não candidato. Medina Carreira, avançou o jornal I, já disse que o vai apoiar e que ficou “muito satisfeito com a decisão”.

Nem a tertúlia sabia

“É uma tertúlia meio anárquica”. Ribeiro e Castro descreve assim os encontros que começaram à boleia da política energética e que juntam engenheiros e economistas, muitos deles com experiência política. Nessa tertúlia, além do ex-presidente do CDS, estão os ex-ministros Mira Amaral, Campos e Cunha e o ex-secretário de Estado Henrique Gomes. E claro, Henrique Neto.

“Nunca percebemos nenhum sinal do Henrique Neto”, conta Ribeiro e Castro. O centrista diz que ainda não pensou se o vai apoiar, mas não tem dúvidas que é uma “candidatura muito interessante e cheia de importância.” E porque? “O que se tem passado com as Presidenciais é um sinal do esgotamento do regime. Estas eleições são abertas, sem recandidaturas, mas o que vemos é um pântano. Os suspeitos do costume, nenhum se atravessa, continuam em valsas e tangos”. Mas Henrique Neto não mostra que o sistema dá outras respostas? “É claro que sim, os tempos estão propícios a candidaturas ‘out of the box’, porque a ‘box’ está esgotada”. Henrique Neto sai da caixa esta quarta-feira no padrão dos Descobrimentos.