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Pedro Santos Guerreiropsg@expresso.impresa.pt

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Pedro Santos Guerreiro

Partido contra partido, programa contra programa

Até ontem, o PS não fazia oposição, estava contra. E isso esvaziava o debate político, deixando um espaço que ia sendo preenchido com frases, casos, bombinhas e bombocas; a forma a fazer de substância. Ontem, passámos do polemizar para o polarizar. Porque agora já há oposição que se veja, que se debata, que conteste e que se conteste.

A oposição existe agora não como abstração entre PSD/CDS e PS mas como coisa concreta entre, do lado do governo, o Programa de Estabilidade e o Programa de Reformas e, do lado dos socialistas, o documento das propostas para a próxima década. Não por acaso, o primeiro confronto não é entre as políticas em si, mas sobre a credibilidade das previsões e dos cenários implícitos.

Já ontem escrevi que as políticas neste momento em confronto são absolutamente simétricas, tão próximas uma da outra como o número zero é parecido com o número um (ver texto “PS: em vez de cofres cheio, bolsos cheios”, disponível no site do Expresso). Em tudo: na política de crescimento, nas contas públicas, nos apoios sociais, nos impostos, na segurança social. Mas ambas as propostas cavalgam o ciclo de crescimento em que a economia entrou, com o PS a propor ter mais défice como custo para acelerar a evolução do PIB.

O facto de estarmos a discutir a credibilidade dos cenários em vez da qualidade das medidas mostra que, provavelmente, o governo foi surpreendido pelo programa dos economistas do PS.

Essa é a primeira crítica do governo: a inverosimilhança aparente de um crescimento económico nos próximos anos de 2,6%. “Sol na eira e chuva no nabal” e “quando a esmola é grande o pobre desconfia”, diz o Governo. Já o PS defende-se apresentando uma modelização econométrica com um nível de exigência que, diz, o próprio governo não usa – nem usou no seu Programa de Estabilidade. Aliás, o PS insinua o contrário: que o governo é que apresentou no PEC previsões económicas não sustentadas.

O facto de estarmos a discutir a credibilidade dos cenários em vez da qualidade das medidas mostra que, provavelmente, o governo foi surpreendido pelo programa dos economistas do PS. Faz sentido que esteja surpreendido: este foi o primeiro trabalho de jeito no PS desde que António Costa chegou à liderança. E é um trabalho de jeito porque é completo e coerente, independentemente de se concordar ou discordar das medidas.

A campanha eleitoral começa bem, porque começa com propostas de políticas públicas. O PS já tem o que mostrar e o PSD vai ter de fazer melhor do que ser oposição à oposição. Há dois caminhos e ambos propõem um ciclo de prosperidade. Os eleitores vão escolher um deles. E como é improvável que qualquer dos dois partidos tenha maioria absoluta, possivelmente os dois partidos ainda acabam a negociar um caminho único para trilharem ambos. Cavaco adoraria.

BAIXOS

Sousa Ribeiro

Presidente do Tribunal Constitucional

A forma pouco avisada como os juízes do Tribunal Constitucional parecem gerir o dinheiro que o Orçamento de Estado lhes destina, e que foi agora revelada pelo Tribunal de Contas, deixa a instituição liderada por Joaquim Sousa Ribeiro mais frágil. Aqueles 13 juízes são os primeiros a terem de cumprir a lei, já que são os guardiões da Constituição em Portugal. E a forma como, por exemplo, decidiram atribuir-se viaturas de função sem cobertura legal para tal, é absolutamente lamentável.

José Guilherme

Empresário

A forma como se esquivou a ir ao Parlamento para responder às questões dos deputados da comissão de inquérito ao caso BES levantou dúvidas aos parlamentares, que enviaram o relato do sucedido para o Ministério Público. Agora, já está em curso um inquérito para apurar se o empresário que deu uma prenda de 14 milhões a Ricardo Salgado incorreu ou não no crime de desobediência.

Julen Lopetegui

Treinador do FC Porto

A vitória por 3 a 1 na primeira mão foi um feito. Mas a derrota agora por 6 a 1 em Munique apagou por completo aquele resultado. A poucos dias de um decisivo jogo para o campeonato com o Benfica, em Lisboa, a pergunta volta a fazer sentido: estará o seu lugar em risco?

Martim Silva