Opinião
Amanhã
Henrique Monteirohmonteiro@impresa.pt

Chamem-me o que quiserem

Henrique Monteiro

A vassalagem a Zedu, o ‘mais velho’

Paulo Portas, esse grande amigo de Angola, lá esteve presente no Congresso do MPLA que pela enésima vez elegeu José Eduardo dos Santos como líder. Uma vez que o ‘mais velho’, ou Zedu, pode ter problemas a prazo, elegeram também dois filhos seus prontos a continuar a obra do pai.

Foram, ainda, presenciar aquele acontecimento de gabarito, uns dirigentes do PSD e do PCP e o presidente do PS, Carlos César, acompanhado daquela que é a número dois do líder socialista, Ana Catarina Mendes. Ou seja, em termos formais o PS foi o partido mais altamente representado.

Angola é, de facto, um país irmão, no sentido em que os amigos se podem escolher, mas os irmãos não. É tão irmão que as contas entre os dois países não se fazem, ou fazem-se quando é possível. Quando nos estão a dever dinheiro, o pessoal por cá não se importa e diz em bom angolano: ‘maninho’ deixa andar. Entretanto, no órgão semioficial do MPLA e do Governo, o ‘Jornal de Angola’, são insultados diversos políticos portugueses reformados e no ativo e recebemos conselhos sobre como desenvolver o país. Angola, no tempo em que o petróleo parecia não parar de subir, era arrogantemente paternalista em relação a Portugal. Penso que essa arrogância deve ser um legado do nosso colonialismo, porque mais de 40 anos depois da independência, tudo o que corre mal em Angola (e é mesmo quase tudo) é fruto do nosso colonialismo (não admira que o Brasil, quase 200 anos depois ainda sofra do mesmo mal, quando Lula diz que a corrupção foi levada para lá pelos portugueses).

O discurso do ‘mais velho’, o enorme Zedu, o mais antigo presidente de África à exceção desse outro grande democrata e amigo de Portugal e da CPLP que é o líder da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang (que o bate por escassos meses) foi ribombante. Disse José Eduardo que Angola não precisa de falsos empresários. Eu se fosse empresário angolano, amigo do presidente e o levasse a sério punha-me à tabela. Na verdade, Angola é constituída por uma série de falsos empresários que têm como currículo serem filhos, enteados, afilhados, sobrinhos e correlativos do líder. Se o BCE mandou três executivos da CGD estudar no INSEAD, em Fontainebleau, Paris, mandaria 99% da classe empresarial angolana estudar pelo menos na Universidade Independente.

Por isso, meus caros, acho muito bem que a nossa classe política, com destaque para a elevadíssima delegação do partido do Governo e a retumbante presença do anterior vice-primeiro-ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, se desloquem até Angola e aprendam como é. Ali sim, pode aprender-se a desenvolver um país, a libertar uma nação e a criar um conjunto de ‘boys’ que nos enche de vergonha e timidez. Ao pé deles somos uns aprendizes e se a ideia foi demonstrar como, ainda assim, somos um país razoavelmente escorreito e decente, sim senhor, a grande delegação cumpriu o seu dever.

Já o Bloco de Esquerda é manifestamente embirrante! Onde já se viu considerar que Angola não é uma democracia? Tirando os democratas angolanos, eu próprio e um punhado de gente em Portugal que prefere ter vergonha a sujeitar-se a teatros daqueles, ninguém!

 

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Amanhã

ENCONTRO

DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA COM O LUPA

Esta sexta-feira comemora-se o Dia Mundial da Fotografia e o Laboratório Urbano Pela Arte (LUPA) dedica a data a um encontro de fotógrafos — aberto a amadores — com o objetivo de captar imagens da Lua Cheia. A iniciativa tem início pelas 19 horas e o ponto de encontro está marcado para a Alameda do Cansado, em Castelo Branco. A participação é gratuita mas requer inscrição prévia.

CONCERTO

DILLAZ EM AVEIRO

É uma das vozes do momento no rap nacional e tem concerto marcado para esta sexta feira na Estação da Luz, em Aveiro. As portas abrem pelas 00h30, pelo que o espetáculo seguirá noite dentro, rumo à madrugada. As entradas têm o custo de €8.

CONCERTO

DAVID CARREIRA EM ÍLHAVO

O cantor pop atua na noite desta sexta-feira em Ílhavo, onde não faltarão as principais músicas do seu mais recente disco, “3” — recentemente reeditado em duas versões, “White Edition” e “Black Edition”, com a primeira a centrar-se nos temas mais leves e a segunda a receber as músicas mais eletrónicas. O concerto de David Carreira é um dos destaques da programação musical do Festival do Bacalhau e a entrada no recinto é gratuita.