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Nicolau Santos

O défice vai ser de 2,7%, certo?

Hoje foi dia de serem conhecidas as cartas que o Governo enviou para Bruxelas, uma relativamente à execução orçamental deste ano, outra sobre o ajustamento das contas públicas no próximo ano. E uma coisa já é clara: o défice de 2016 vai ficar, pelo menos, em 2,7%.

É pelo menos isso que decorre de uma passagem da missiva que o ministro das Finanças enviou à Comissão Europeia, quando afirma que o Governo promete ter em 2016 um défice "claramente abaixo dos 3%", "compatível com a previsão da Comissão Europeia de 2,7%". O objetivo inscrito no OE 2016, de 2,2%, nunca é referido.

Como é óbvio, alguém nas Finanças sabe com certeza fazer contas. E um Orçamento que parte de um cenário base com um crescimento de 1,8% e agora se confronta com uma previsão de metade (0,9%) não pode seguramente apresentar o mesmo défice no final do ano. Daí os 2,7%, contra os 2,2% que já se esfumaram perante a realidade.

Sendo seguramente relevante esse facto – mais uma vez vamos falhar o défice inscrito no Orçamento, como acontece com regularidade desde 2011 – essa é apenas uma batalha. A guerra tem a ver com a necessidade de manter o défice abaixo dos 3%, e com alguma folga, para Portugal poder sair de forma inequívoca do Procedimento por Défice Excessivo. É aí que se ganha alguma credibilidade e argumentos perante Bruxelas e o Eurogrupo.

ESPERA-SE QUE MÁRIO CENTENO TAMBÉM TENHA A AGUDA CONSCIÊNCIA QUE ATRASAR O PAGAMENTO A FORNECEDORES NÃO É UM BOM SISTEMA PARA RESOLVER O DÉFICE, PORQUE O QUE ESTE ANO SE EMPURRA PELA JANELA ENTRA A GALOPE PELA PORTA NO PRÓXIMO

Por isso, ainda bem que Mário Centeno promete à Comissão Europeia não descongelar nenhuma verba cativa do Orçamento do Estado para 2016. E promete mais: “Na linha dos compromissos já estabelecidos, o Governo português está preparado para adotar medidas orçamentais para corrigir qualquer desvio da execução orçamental em 2016". As cativações orçamentais atingem os 0,3% do PIB (cerca de 542 milhões de euros).

Todo o Governo sabe seguramente, e o primeiro-ministro em particular, que não cumprir o défice de 2016 é levar o país para novas eleições, porque a Comissão intensificará a pressão para que sejam adotadas novas medidas, haverá sanções mais duras (e não apenas morais) e a coligação que apoia o Executivo não as aceitará, acabando por implodir.

Mas espera-se que Mário Centeno também tenha a aguda consciência que atrasar o pagamento a fornecedores não é um bom sistema para resolver o défice, porque o que este ano se empurra pela janela entra a galope pela porta no próximo.

Resta assim fazer o que deve ser feito para ter um défice abaixo dos 3% - e esperar que os deuses estejam de feição, que a economia europeia e mundial comece a desanuviar no segundo semestre do ano, que o BCE continue com o seu programa de compra de títulos da dívida pública e que a agência canadiana DBRS mantenha o rating da nossa dívida acima do lixo. É caminhar sobre gelo fino? Ah, pois é! Mas às vezes um acontecimento inesperado pode mudar tudo para melhor.

ALTOS

Pokémon

A febre global do Pokémon Go tem tanto de extraordinário, com os milhões de pessoas em todo o planeta a aderirem à mais recente febre global, como de inquietante sobre o que podem significar estes fenómenos que misturam realidade e virtual. Uma certeza temos: com este jogo, ainda agora lançado, as ações da Nintendo já subiram 70 por cento em bolsa apenas numa semana.

Luís Sénica

Treinador de Hóquei em Patins

A seleção nacional de hóquei em patins, na senda do que tem sido uma onda recente de vitórias desportivas nacionais, conseguiu um título europeu na modalidade que já fugia há quase vinte anos, com uma fantástica vitória na final frente à Itália.

Teresa Bonvalot

Surfista

Quando falta apenas uma prova para terminar o circuito europeu, a jovem portuguesa Teresa Bonvalot, de 17 anos, já é virtualmente campeã europeia de surf júnior, um título inédito para o surf feminino nacional.

BAIXOS

Recep Erdogan

Presidente da Turquia

Embora ainda não sejam conhecidos os contornos exatos da tentativa de golpe de estado da última sexta-feira à noite na Turquia, já há dados suficientes que justificam uma enorme preocupação perante o que parece ser o agravamento de uma onda de repressão no país, levada a cabo pelo presidente Erdogan. Da reintrodução com efeitos retroativos da pena de morte, à detenção de mais de seis mil militares alegadamente envolvidos no golpe, à expulsão de quase oito mil agentes de polícia e ao afastamento de mais de 2500 juízes e magistrados.

Martim Silva