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Ricardo Costa

O ministro que ainda não o é

Duas semanas depois do início da polémica em torno dos contratos de associação, já se disse quase tudo sobre o tema. Apesar de afetar escolas, alunos e pais, qualquer alteração teria sido relativamente fácil de explicar e defender em nome do bem comum. A argumentação orçamental e lógica, apesar de poder ser contraditada, é relativamente simples e nem precisa de ter grande apoio ideológico. Quando, ainda por cima, surge quase em simultâneo com a necessidade de alargar acordos com privados na expansão da rede do pré-escolar ou do ensino profissional e artístico, fica com a defesa política muito facilitada.

Apesar destas variáveis todas e de se saber que a defesa dos colégios privados é sempre muito aguerrida e sonora, o ministério da Educação foi confuso nas explicações iniciais e apoiou-se excessivamente em argumentos ideológicos. Não há qualquer mal em tomar opções ideológicas, mas é escusado basear essas decisões em argumentos dessa natureza quando há elementos técnicos e orçamentais à mão.

TIAGO BRANDÃO RODRIGUES SERÁ SEMPRE ATACADO, COM OU SEM RAZÃO, PORQUE NINGUÉM NA OPOSIÇÃO ACREDITA QUE ELE CONSIGA CUMPRIR OS QUATROS ANOS DE LEGISLATURA

As razões que transformaram esta discussão num debate ideológico são relativamente simples de perceber e não radicam na lógica Estado vs. Igreja ou Público vs. Privado, muito menos na liberdade de escolha. O que transformou esta discussão num campo de batalha ideológica foi a fragilidade do ministro da Educação.

O PSD e o CDS jogaram forte neste campo - com os próprios líderes - porque sabem que o ministro tem pouca solidez técnica e não está à vontade no cargo. Com qualquer ministro mais sólido, combativo ou conhecido do público, a conversa teria sido muito diferente. O ataque de Passos Coelho foi muito mais determinado pela noção de ausência do ministro do campo de combate do que por um amor a esta causa. Passos sabia que ia ter no terreno Mário Nogueira, o PCP e o Bloco, além do PS mais ideológico, e que essa discussão lhe interessava. Era isso que queria e foi isso que teve.

Com o arrastar da questão, tenho sérias dúvidas de que o resultado seja favorável ao PSD e ao CDS. Mas não tenho qualquer dúvida sobre a eficácia do primeiro objetivo: mostrar que o ministro da Educação está longe de ser um político capaz de ir a jogo e explicar as suas decisões. Tiago Brandão Rodrigues será sempre atacado, com ou sem razão, porque ninguém na oposição acredita que ele consiga cumprir os quatros anos de legislatura.

ALTOS

Fernando Medina

Presidente da Câmara de Lisboa

A maior autarquia do país associou-se às comemorações do Dia Nacional contra a Homofobia e Transfobia, que se assinala pela primeira vez, e hasteou a bandeira da causa LGBT na varanda principal da Câmara Municipal de Lisboa, junto à bandeira do município.

Vhils

Artista

O artista Alexandre Farto, mais conhecido por Vhils, foi distinguido com o prémio de personalidade do ano atribuído pela Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal, pelo seu papel em levar o nome de Portugal mundo fora.

BAIXOS

João Rendeiro

Ex-banqueiro

O antigo banqueiro João Rendeiro, responsável pelo Banco Privado Português, viu o Tribunal da Relação de Lisboa confirmar a sentença da primeira instância de aplicação de multas aos antigos administradores do banco num total de 8 milhões de euros. João Rendeiro tem, só ele, uma multa de 1,5 milhões de euros, além de uma pena de inibição de ocupar cargos no sector por um período de dez anos.

Martim Silva