Opinião
João Vieira Pereirajvpereira@expresso.impresa.pt
Centeno é mágico ou ilusionista?
E assim, sem aviso, a economia cresceu 0,8% no terceiro trimestre. Não façam já, infelizmente, a festa. É preciso olhar para estes dados com cautela.
A primeira consequência deste inusitado valor é a recuperação da imagem política de Mário Centeno. O ministro das Finanças tem estado sob fogo cruzado depois da forma atabalhoada (e estou a ser simpático) como conduziu o dossier da Caixa. Se à vitória importante que conseguiu com o sim de Bruxelas ao Orçamento para 2017 juntarmos este numero do crescimento do PIB, é óbvio o novo alento que é dado a Centeno. Afinal o Sr. Ministro parece que vai conseguir atingir um défice abaixo dos 3%, diminuir o desemprego e colocar a economia a crescer. Um verdadeiro mágico que consegue fazer tudo isto lutando com uma Europa que olhava para ele de forma desconfiada e tendo muitas vezes de ceder aos caprichos dos dois parceiros da geringonça.
Esta é uma forma de ver as coisas. Mas também podemos ver o copo meio vazio.
Para que défice fique abaixo dos 3%, Centeno teve de cortar a fundo no investimento público em relação ao orçamentado e congelar grande parte das cativações. Estas duas decisões colocam em causa o crescimento futuro e não permitem boas perspetivas paras os próximos anos. Aliás a economia portuguesa vai continuar a divergir com a Europa.
Sobre o turismo falta saber de que forma estamos a falar de números estruturais ou se os bons resultados se devem à fuga de turistas de outros destinos europeus. Conforme a resposta a intensidade das palmas para Mário Centeno será diferente.
Crescer 0,8% em cadeia é bom. Mas em 2013 já este valor tinha sido atingido e de nada nos valeu em termos de crescimento. Vamos mesmo assim este ano crescer abaixo dos 1,6% de 2015. Além de que é preciso olhar para os dados definitivos para perceber de onde veio o crescimento.
Tudo aponta que tenha sido o turismo a principal causa deste resultado inesperado. E resta saber se não houve nenhum facto pontual que fez mexer a agulha mais para cima. O Correio da Manhã escreve hoje que a venda concretizada em Setembro dos F-16 à Roménia ajudou o crescimento das exportações (dizendo que a explicação é do próprio INE). Como não temos aviões dados pelos EUA para vender a outros países todos os trimestres, este valor não se voltará a repetir. Sobre o turismo falta saber de que forma estamos a falar de números estruturais ou se os bons resultados se devem à fuga de turistas de outros destinos europeus. Conforme a resposta a intensidade das palmas será diferente.
Por último a procura interna, embora mais ativa, continua a desapontar. E longe das metas do Governo. E aquela que existe parece sustentada no aumento exponencial do crédito ao consumo e na diminuição da poupança. Tudo isto é muito mais uma ilusão do que estrutural. Muito menos é sustentável. E pouco ou nada está ligado à política económica de Mário Centeno.
Agora escolha. Se prefere ver Mário Centeno como mágico ou ilusionista.
Provavelmente só iremos ter certezas quando todos os dados do INE forem publicados, mas até lá o governo vai viver os melhores momentos desde que tomou posse. Um prenda de aniversário antecipada nas vésperas do executivo fazer um ano.
ALTOS
Mário Centeno
Ministro das Finanças
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Paulo Macedo
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Luísa Maia Gonçalves
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